Onde foi que eu errei?

Alma desesperada

– Hawks, você está dispensado – Sakura abanou a mão sem o olhar assim que ele entrou na sala com Izuku.

O herói ainda estava escoltando Midoryia, mesmo após a coletiva de imprensa ser finalizada a mais de hora, com a presidente tendo chamado o garoto para conversar sobre as consequências de suas ações em Kamino. Deku esteve calmo, ao contrário do Takami, que ficava nervoso a cada minuto que se aproximavam da sede da comissão. E ainda mais ao notar que ele não estaria presente na conversa, mesmo que o mais jovem ainda usasse sua pena e, portanto, ele saberia o que era dito.

Mas a presidente não sabia que Izuku ainda estava com ela no corpo, já que sua roupa o escondia, e ele não poderia entrar caso tomasse um rumo desagradável sem revelar a Izuku que esteve escutando-o esse tempo todo.

Então ele se resignou a assentir e sair, fechando a porta atras de si e esperando no corredor.

– Olá Izuku Midoryia, eu sou...

– Sakura Nakamura. 63 anos. Presidente da HPSC Japão, no cargo a dezenove anos. Solteira, sem filhos. Quirk Empatia Amplificada. Você pode sentir todos os sentimentos de alguém ou de um grupo em um raio de trinta metros, e se eles forem negativos, como medo, raiva, ciúmes, inveja, pode intensificá-los. A intensidade depende da importância do assunto para cada pessoa.

– Nedzu fez seu trabalho muito bem – Izuku apenas sorriu, não achando necessário dizer que o diretor não tinha informações detalhadas assim – Então, Midoryia, sabe por que está aqui?

– Porque eu agi sem licença. Embora deveria estar na delegacia para isso, não?

– Sim. Mas eu conversei com Tsuragamae e o comissário. Seria uma pena se você sofresse as consequências, não é? Você é o sucessor do All Might, afinal, não será bem-visto pela população se não puder tirar sua licença.

– Entendo. Porém, existe algo.

– A polícia emitirá uma nota que seu uso foi classificado como legitima defesa, já que com a morte de All Might, Bicho Papão se voltaria a você de qualquer modo. Você passará dessa com um aviso, e até que tenha sua licença provisória em um mês, você não poderá usar sua quirk fora do perímetro escolar. Mesmo em terreno particular.

– Imagino que isso inclua os voos com Hawks que estava fazendo.

– Sim, está incluso. E na possibilidade de não passar no teste da licença, seu uso continuará restringido.

– E Hawks irá me monitorar?

– Precisamente.

– Senhora presidente – Izuku se aproximou – Quero que saiba que eu não sou contra o que estão fazendo aqui, eu entendo sua necessidade de controlar ameaças ao seu poder e por acaso suas decisões estão alinhadas com minhas vontades. Mas não passe uma linha, ou você descobrirá que Nedzu pode ser o menor de seus problemas.

– Está me ameaçando, Midoryia?

– Não senhora. Eu estou te avisando. Eu não faço ameaças – Midoryia piscou morosamente, olhando para a mulher como se pudesse ver sua alma. Sakura sentiu um calafrio e pavor pela intenção assassina, opressiva, que o jovem soltou em sua direção. Aquela frieza não era comum nem em seus agentes especializados em assassinato – Não haverá contagem de erros antes que eu comece a agir. E a comissão não pode me ter como inimigo.

– Eu posso te destruir antes que faça algo.

– Não, não pode. Eu sou mais forte que All Might e mais inteligente que Nedzu. Já sou amado pela população, e foi minha aparição que salvou a U.A e a HPSC após os últimos desastres de invasões e Stain. Eu tenho o destino de ambos na mão, Sakura, e você vai descobrir que eu não sou piedoso quando mexem com o que é meu.

Quando a porta se abriu, quarenta minutos depois, Hawks foi rápido em se aproximar, encontrando Izuku sorrindo abertamente e a presidente pálida e suando.

– Não se preocupe, senhora presidente, eu não irei usar minha quirk.

A mulher apenas confirmou, sem conseguir encontrar palavras.

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Hawks acompanhou Izuku enquanto ele andava para casa, decidindo não usar nenhum transporte apesar da distância. Eles caminharam em silencio, ignorando os olhares dos transeuntes que ainda estava na rua apesar do horário tarde. E, durante esse tempo, Keigo pensava no que escutou.

Izuku Midoryia era alguém que ele não conhecia como achava e não entendia. Por vários motivos ele sequer sabia se podia confiar. Queria. Quando ele falava, não encontrava em si para desconfiar, duvidar. Mas racionalmente...

E agora que descobriu sobre reset, que sequer podia perguntar, ele tinha suas dúvidas sobre a experiência do garoto. Não que ser no futuro – ou passado? – diminuísse a gravidade dos abusos, por exemplo, mas quem ele culparia nesse caso? Mesmo que ele descobrisse quem foi, ele ainda não podia julgá-lo.

E quanto as tais informações que ele tinha sobre a liga? Bem, faria sentido ele não contar a ninguém, considerando que teria que explicar como e assim ele acabaria sendo usado, principalmente pela HPSC.

Mas, considerando isso, até mesmo sua aproximação parecia ter um significado. Faz muito sentido agora como ele parecia sempre saber o que falar, para quem falar, quando falar. Como ele parecia conhecê-lo tão bem.

Eles eram próximos, não eram? Como? Que tipo de relação eles tiveram? Como se aproximaram?

Mas como ele abordava isso? Izuku ficaria bravo por ele ter mentido sobre sentir apenas a localização de suas penas? Ele já sabia disso, por isso a pergunta quando a entregou?

Não, não faria sentido tudo que ele falou, exceto se ele queria que ele descobrisse.

Deuses, ele também se apaixonou por ele nessa vida que Deku viveu? Era por isso o esverdeado agia tão natural quando ele agia como se fosse íntimo?

Era ele o seu que Izuku citou quando ameaçou a presidente?

Como ele podia abordar isso para ter respostas sem parecer desesperado? Porque ele estava. 

O que Izuku quis dizer para a Sakura: Cuidado, se pressionar Hawks ou o colocar em perigo, esse lugar vai abaixo antes que você possa dizer qualquer coisa.

Hawks surtando internamente com tantas perguntas sem resposta, que ele teria se apenas falasse com Izuku. Mas como Izuku disse aos outros, ele sabe que precisará de mais alguma coisa para gatilho em Hawks.