Inês, uma jovem marcada por traumas do passado, procura reconstruir a sua vida e descobrir a sua verdadeira força interior. Enquanto isso, Daniel, um homem enigmático e obcecado, é movido por um desejo profundo e secreto. A sua obsessão leva-o a apr...
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❝ Como uma tecelã habilidosa, a mulher tece fios de determinação para desvendar os véus que encobrem a verdade, ansiosa por expor a realidade oculta.❞
Desde que perdi o meu emprego como jornalista investigativa na emissora Nexus, os dias arrastam-se numa monotonia entorpecente. Cada manhã parece uma cópia exata da anterior, o mesmo café morno, as mesmas notícias repetitivas, o mesmo vazio crescente. No entanto, quando me deparei com a notícia do desaparecimento de Amanda Oliveira, algo dentro de mim despertou. Um lampejo de curiosidade, uma centelha de esperança. Talvez, apenas talvez, eu pudesse desvendar o mistério que atormentava a minha mente há tanto tempo.
Pode parecer um pensamento ingénuo, mas não consigo evitar. Talvez isto se deva ao facto de estar desempregada e precisar desesperadamente de algo para manter a minha mente ocupada. Mas, de alguma forma, parecia mais do que isso. Algo neste caso chamava-me, como se houvesse uma peça do quebra-cabeça que eu ainda não conseguia ver.
Sentada em frente ao computador, os meus dedos ágeis voavam sobre o teclado enquanto navegava pelas redes sociais de Amanda. Cada fotografia, cada publicação, era uma peça de um puzzle que eu tentava montar. Amanda exibia a vida perfeita: viagens exóticas, sorrisos radiantes, uma carreira de sucesso. Mas eu sabia que, por detrás daquela fachada, havia algo mais obscuro. E então, lá estava: uma imagem de Amanda a usar o mesmo colar de prata com o pingente de rosa murcha, o mesmo colar que tinha aparecido nos corpos de outras mulheres desaparecidas.
Um arrepio percorreu-me a espinha enquanto a ligação entre Amanda e as outras vítimas começava a formar-se na minha mente. Levantei-me da cadeira com uma determinação renovada e dirigi-me ao armário onde guardava os documentos dos meus casos antigos. O cheiro de papel velho e mofo trouxe-me de volta a um tempo em que eu estava ativa, no auge da minha carreira, antes de tudo desmoronar. Enquanto remexia nas pastas, encontrava recortes de jornais, depoimentos e fotografias, cada um uma memória dolorosa de vidas interrompidas. Sentia o peso de todas as vítimas nas minhas costas.
Enquanto folheava as minhas anotações antigas, pensava que a pessoa responsável por estes desaparecimentos e homicídios tinha de ser extremamente calculista, alguém que planeava cada movimento com precisão. Não se tratava de um simples assassino. Ele (ou ela?) usava o colar como uma assinatura, uma marca de propriedade.
As vítimas não eram apenas mortas; eram possuídas. Haveria uma relação emocional entre o assassino e as mulheres, ou seria apenas uma demonstração de poder? Estaria eu diante de um narcisista? Um psicopata? Ou um sociopata infiltrado no círculo social das vítimas, alguém que inspirava confiança antes de revelar a sua verdadeira natureza monstruosa?
Precisava de analisar isto mais a fundo. Talvez fosse altura de reler Mentes Perigosas: O Psicopata Mora ao Lado de Ana Beatriz Barbosa Silva. Talvez ali encontrasse algo útil para traçar um perfil psicológico do responsável. Sabia que, para capturar este predador, teria de mergulhar fundo na mente dele. Cada uma das vítimas tinha algo em comum, e essa semelhança poderia ser a chave para resolver o mistério. Sabia também que, ao explorar estas conexões, estava a colocar-me em perigo. Mas não importava. A verdade precisava de ser descoberta.
Espalhei os documentos sobre a mesa. Danares, Nilza, Estela, Larissa... e agora Amanda. Risquei o nome de cada vítima, pela ordem dos acontecimentos. Todas influenciadoras digitais. Todas com o mesmo colar. Mas havia algo diferente em Amanda. Ela era casada, com uma vida aparentemente perfeita e uma situação financeira muito melhor. Não vivia de aparências como as outras. O que a tornava um alvo?
Amanda parecia ser uma mulher comum, mas o colar ligava-a às outras vítimas. Talvez ela soubesse mais do que revelava, ou talvez, no fim, fosse apenas mais uma peça descartável num jogo cruel. Só esperava que ainda estivesse viva. Caso contrário, sabia que não demoraria muito até encontrarmos o seu corpo, como aconteceu com as outras.
O meu coração batia descompassado enquanto tomava notas. Cada detalhe, cada pista, tornava-se vital. Não havia espaço para erros. Revisei as minhas anotações antigas, certificando-me de que não havia nada que tivesse escapado. A adrenalina corria nas minhas veias. Sabia que estava a aproximar-me da verdade, mas também sabia que isso me colocava em rota de colisão com algo perigoso. Estou determinada a descobrir o que se escondia por trás do desaparecimento de Amanda Oliveira e a sua ligação com as outras mulheres que encontraram um fim trágico.
Cada vez que avanço uma página, mais perguntas surgiam. Quem estaria a manipular todas estas vidas, e porquê? Eu não iria descansar até trazer à luz a verdade que se escondia.
