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K I N A — 9

Que porra é essa? — sussurro no quarto, mesmo sabendo que estou sozinha. Meus dedos tocam o painel que mostra os números aumentando — São quinhentos e cinquenta mil wons por minuto...

Ignoro o caderno atrás da porta e foco nas roupas branquíssimas no elevador do quarto imenso onde entrei. Deixo que meus pensamentos intrusivos ganhem. Tiro minhas roupas e visto as do elevador.

— Ei! — escuto uma voz feminina, como se ela estivesse em um dos andares abaixo do meu — Venham aqui, vamos nos apresentar!

Me assusto quando escuto o barulho do elevador descendo com as minhas roupas antes de sair pra fora do quarto. Elas são tão insignificantes que eu nem me importo em vê-las sumindo. Quando saio, vejo quatro pessoas lá embaixo, e mais duas com os números "6" e "8" descendo na minha frente.

Me assusto quando presto atenção nas escadas e percebo o quão fácil seria morrer ao pular delas, mas tento parecer simpática e corajosa para os meus novos colegas de convivência.

— Olá! — uma mulher com o uniforme número "5" me cumprimenta. Faço uma reverência por educação, já que ela aparenta ter idade — Nossa, o seu quarto é bem longe! — ela fala sorridente.

— Ah! — olho para o resto das pessoas, que, felizmente, me ignoram. Estão preocupados demais olhando o cenário do lugar onde estamos — É...vai me dar trabalho pra descer. — sorrio e ajeito o cabelo.

— A hora se estendeu. — o menino com o número "3" fala — Tenho certeza de que quando eu cheguei 'tava marcando vinte e quatro horas.

— Será que o tempo vai aumentar todos os dias? — a número "4" fala. Ela é fofa e parece ser meio lenta. Coitada, esses homens parecem uns lobos, principalmente o número 6.

— Se o tempo continuar aumentando assim será que a gente vai ficar aqui pra sempre, gente?! — a mulher que desceu as escadas comigo pergunta. Agora vejo que ela só usa sutiã. Gostaria de descer essa cena. Ela sorri feito uma boba e parece ser maluca.

Todos a olham desconfortáveis.

Enquanto eles conversam entre si sobre o telão que marca as horas, eu caminho pelo cenário. Vou até uma bancada de cachorro quente completamente faminta, mas assim que pego ele na mão, vejo que é falso.

— É falso. — falo pra mim mesma.

— É sim. — uma mulher de cabelo curto e matizado aparece do meu lado — Não tem banheiro, cama, nem comida. É uma merda. — ela escora as costas na bancada, ficando de frente pro pessoal.

— É. — finjo não me assustar com a presença dela. Ela é alta, magra e parece ser agressiva, mas me tornar amiga dela vai ser interessante. Com certeza é melhor do que ser inimiga dela. — É uma merda. — imito sua posição.

— Se juntem meninas! — a número 5 diz. Ela é carismática, me lembra minha mãe.

Vejo um homem com a perna manca descendo.
— Oi pessoal. — ele diz. Todos respondem e eu imito todos.

— Onde tem banheiro aqui?— o número 3 pergunta quando eu me aproximo deles com um sorriso tímido.

— Não tem banheiro aqui. — minha talvez grande amiga responde a ele.

THE 8 SHOW - número nove.Onde histórias criam vida. Descubra agora