Só se vive uma vez

Uma noite inesquecível

Cabeça latejando, fios um pouco arrepiados e uma quantidade considerável de papelada sobre os braços. Me encontrava nesse estado enquanto seguia até meu veículo, tudo após uma longa reunião de negócios.

Pelo menos hoje é sexta...

Estava cedo demais para ir para casa e muito tarde para visitar amigos. Durante o caminho decidi ir para um lugar diferente, um ambiente novo e talvez mais relaxante, de certa forma.
Estacionei no local. Antes de descer do carro, corrigi um pouco da minha aparência, deixando meu cabelo ainda preso em um rabo de cavalo alto e retirei meu terno, trajando apenas minha camisa e calça sociais. Calçava saltos medianos e confortáveis.

Cara, era tudo o que eu precisava.

A música era alta e ritmo animado, haviam luzes coloridas por todo lado e claro, algumas pessoas dançavam e outros se pegavam, enfim, eu não queria precisamente dançar, mas sim beber.
Fui ao bar da boate e me sentei de frente ao balcão.

Havia um casal conversando com dois homens ao meu lado, mas ninguém como atendente. Aguardei um pouco e logo uma jovem apareceu.

-Boa noite, posso ajudar? - Sua voz suave me chamou atenção. Ela colocava um cardápio na minha frente. Sorri. - Fique à vontade.

Observei algumas opções e fiz a escolha. Logo ela já estava novamente à minha frente com a minha bebida. Preferi um drink azulado, cujo sabor era levemente doce e com quantidade considerável de álcool.

Enquanto bebia, observava a garota trabalhando. Ela fazia tudo com velocidade e cuidado, atendia a todos com bastante educação. Em alguns momentos nossos olhares se encontravam, estranhamente me causando um arrepio. Ela não trabalhava sozinha, havia um outro rapaz a qual ajudava com o que podia, aparentemente estava em fase de treinamento. Quando o movimento havia diminuído, decidi chamá-la para conversar.

Sua feição parecia cansada. Ela puxou um banquinho do lado dela do balcão e se sentou, de frente a mim.

-Trabalha há muito tempo nisso? - Coloquei na boca um petisco oferecido por ela.

-Vai fazer um ano mês que vem. Não é tão ruim assim. - Ela sorriu. - Já você, parece estar em outro nível.

-Apenas cuido de uma empresa, nada demais. Me chamo Evelyn.

-Sou Beatriz, prazer. - Segurei sua mão estendida. De forma automática, fiz um carinho na lateral de sua mão. Percebi sua feição tímida e pedi desculpas.

-Tudo bem. É a sua primeira vez aqui?

-Sim, é sim. Inclusive, com certeza vou voltar.

Ela deu uma piscadinha e foi atender alguns outros clientes. Nem eu os tinha visto.

Mudando de assunto, ela é muito bonita. Tudo bem que ela estava usando uniforme com o cabelo preso em um simples coque e pouquíssima maquiagem, mas me chamou atenção seu jeitinho e claro, a beleza natural dessa mulher.

De repente ela estava novamente na minha frente, estalando os dedos na minha direção. Deixei de lado meus devaneios e dei atenção a ela.

-Aceita mais alguma coisa, Evelyn? - Pedi a mesma bebida novamente, era uma mistura do que eu gostava. - Eu acho tão legal essas pessoas que são fortes para álcool, eu não consigo.

-Pode ser porque seu organismo não está acostumado.

-Não sei. Esse, por exemplo, é considerado uma das mais fortes daqui e mais pedidas também.

-Sério? Achei considerável o álcool.

Não sabia se era efeito do álcool, mas ouvi ela perguntando minha idade enquanto limpava o balcão. Ela se surpreendeu quando eu disse, pois não imaginava termos a mesma idade, com uma diferença de alguns meses.