Capítulo Único.

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Os demônios são seres temidos por muita gente, tendo suas aparências estereotipadas com chifres e pele vermelha. Mas eles são mais do que apenas um homenzinho com chifres e cauda, são governantes, conseguem se aproveitar de seus medos e tomar suas aparências, em um piscar de olhos você estará sob seus feitiços malignos, será manipulado e enganado. O amigo ao seu lado pode ser um deste ser, um parente.

"Que Deus os proteja." Finalizou o padre para as pessoas em sua frente, assim todas elas indo embora para seus devidos lares.

Quando a capela finalmente esvaziou, ele bufou alto, guardando seus instrumentos de rito em sua bolsa. Todo sábado e domingo eram iguais, pessoas compareciam ao seu culto por livre e espontânea vontade, mas será que elas realmente seguiam seus conselhos? As mesmas pessoas que se diziam santas, no outro dia estava fazendo o pecado mais abominável possível. Isso era desagradável aos olhos do pai.

Chegando na entrada da pequena igreja, conseguiu ver uma pessoa lhe esperando, seu filho, Lyney. Era o mais velho de 3 filhos, assim sendo quase que seu assistente. Mostrou um pequeno sorriso e acenou para o filho acompanhar o caminho de volta para casa.

"Er, Pai. Tem certeza que não irá falar com o fazendeiro François? Ele não para de mandar cartas para nossa residência! Ele quer muito ver o senhor..." Questionou Lyney com receio, pois seu pai já havia recusado o pedido de François sobre visitar sua fazenda.

Arlecchino fechou os olhos e suspirou: "Diga à ele, novamente, que algumas abóboras podres não irá matar ninguém. Se ele continuar nos incomodando te dou total permissão para denunciá-lo para a chefe da vila. Diga que ele cometeu... invasão de privacidade? Enfim."

Sorriu e bateu de leve no ombro de seu filho, como se estivesse pedindo para que ele não se importasse tanto com isto. Mas seu filho então, ainda continuava com um olhar de nervoso.

"Mas, pai... Dessa vez alguém realmente morreu." Assim que disse isso, Arlecchino parou seus passos bruscamente.

"O que... O que disse?" se virou para Lyney com seus olhos levemente arregalados e sobrancelhas franzidas.

"Assim que amanheceu o dia, a senhorita François, Esposa do fazendeiro François, acordou morta. Nossos melhores curandeiros não conseguiram descobrir o que causou sua morte."

Respondeu Lyney olhando para baixo, como Arlecchino não ficou sabendo disso? Certo, ela ignorava todas as cartas do fazendeiro, mas agora que soube isso explicava o porquê de toda a vila parecer que estava de luto.

Arlecchino se virou para frente novamente agora com uma expressão pensativa.

"Certo, tudo bem. Peça para a senhorita Navia cuidar de você e seus irmãos esta noite, irei fazer uma visita na fazenda dos François."

Disse e outra vez olhando para Lyney, o puxou para perto e deu-lhe um beijo em sua cabeça, depois segurando firmemente seus ombros.

"NÃO saia de casa esta noite, de forma ALGUMA. Me entendeu?"

Lyney apenas acenou em movimentos rápidos, deu um rápido abraço em seu pai e depois saiu correndo para seu lar. Arlecchino apenas assistiu seu filho indo embora. O dia já estava virando noite, já podendo sentir uma brisa fria vindo do norte, a mesma direção da fazenda, crianças já corriam para suas casas enquanto o padre tinha uma missão.

                                              ⏳️

Já chegando perto da fazenda, o caminho de terra parecia cada vez com pouca iluminação de postes, dando um ar de medo e mistério. Nada que o padre não consiga aguentar. Mal cheiro foi encontrando seu nariz, vindo da plantação morta antes mencionada, todas as abóboras estavam podres por razões desconhecidas. Fez um sinal de cruz em seu corpo e sussurrando um baixinho "Deus me proteja" antes de finalmente entrar no terreno dos François.

Me and the Devil. - ArlefuriOnde histórias criam vida. Descubra agora