7- Don't cry baby, we gon' make this work forever

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POV HANDE

Recebi as propostas enquanto me aquecia para mais um treino. O e-mail pingou na minha caixa de entrada com um som quase ensurdecedor. Fenerbahçe e VakıfBank. Duas das maiores potências do vôlei mundial, ambas querendo me levar para a próxima temporada. Era um sonho para qualquer jogadora, mas para mim, só aumentava a confusão e a incerteza sobre meu futuro.

Sou Hande Baladin, e minha história no vôlei começou quando eu era apenas uma menina, inspirada pela minha mãe, uma ex-jogadora que sempre foi minha maior apoiadora. Ela me ensinou a amar o esporte, a valorizar cada vitória e aprender com cada derrota. Com seu apoio inabalável, eu cresci e me tornei uma das melhores jogadoras do mundo, conquistando títulos importantes e deixando minha marca no cenário internacional. Mas agora, estava diante de uma encruzilhada.

Olhei ao redor do vestiário, vendo as paredes cobertas com fotos e troféus que contavam a história do Eczacıbaşı. Passei 13 anos neste clube, enfrentando altos e baixos, e fiz amizades que levaria para a vida toda. Simge Akoz, minha melhor amiga, estava sempre ao meu lado. Desde os dias de treinos duros até os momentos de celebração, éramos inseparáveis. Ela era minha âncora, e pensar em deixá-la era doloroso.

Então havia Ipek, a social media mais requisitada da Turquia e uma amiga querida. Ela sempre sabia como capturar os melhores momentos, não apenas para os fãs, mas também para nós, as jogadoras. Compartilhávamos risos, confidências e a paixão pelo clube.

Mas, ser uma estrela do vôlei tinha seu preço. Manter um relacionamento estável era difícil. Minha vida estava em constante movimento, entre treinos, jogos e viagens. Além disso, carregava um segredo que complicava ainda mais as coisas. Era algo que mantinha guardado profundamente, pois temia que, se revelado, poderia mudar tudo. Esse segredo, esse sentimento, me atormentava diariamente, criando uma barreira invisível entre mim e o mundo ao meu redor.

Minha amizade com Tijana Boskovic, uma das jogadoras mais incríveis que já conheci, começou de forma natural. Quando ela chegou ao Eczacıbaşı, éramos apenas duas jovens atletas determinadas a dar o melhor de nós. Com o tempo, construímos uma conexão forte, baseada em respeito mútuo e inúmeras horas de treino juntas. Ela era minha rocha em muitas situações, e nossa amizade floresceu dentro e fora das quadras.

Agora, com essas propostas tentadoras em mãos, me vi questionando tudo. Será que uma mudança de ares me faria bem? Será que conseguiria deixar para trás todas essas lembranças, amizades e a história que construí no Eczacıbaşı? Minha mãe sempre me ensinou a seguir meu coração, mas, desta vez, meu coração estava dividido.

Precisava de tempo para pensar. Precisava falar com Simge, com Ipek, e talvez até com Tijana, mesmo que fosse para esclarecer meus sentimentos confusos. Sentia o peso da decisão, mas sabia que, qualquer que fosse o caminho escolhido, teria que ser fiel a mim mesma e ao que realmente queria para minha carreira e minha vida.

Saí do vestiário e encontrei Simge no corredor. Ela estava conversando animadamente com Ipek, provavelmente discutindo alguma nova ideia para as redes sociais do clube. Assim que me viram, ambas pararam de falar e olharam para mim com curiosidade. Eu devia estar com uma expressão estranha no rosto.

— Hande, está tudo bem?— perguntou Simge, preocupada.

— Precisamos conversar.— respondi, tentando manter a voz firme.

Fomos para uma sala de reuniões vazia. Expliquei a elas sobre as propostas que recebi e como isso estava mexendo comigo. Simge franziu a testa, claramente preocupada, enquanto Ipek tentava esconder sua surpresa.

— É uma grande oportunidade.— disse Ipek.— Mas também entendo que deixar o Eczacıbaşı não seria fácil.

Simge assentiu.

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