Capítulo 4 / Presente

12 5 0
                                    



— ... "Eu dedico esse refrão, pra sua alma... — cantaram Larissa e Miguel formando uma única voz.

— Lá no seu, um dia, tudo se encaixa e o que hoje te inquieta não vai mais te perturbar... — continuou Vitória, segurando fortemente o microfone.

Durante a música, todos estavam maravilhados pela beleza e encanto, não apenas pelo talento das vozes, mas também pela sintonia que todos os integrantes demonstravam no palco. Era como se eles tivessem sido predestinados para aquela missão.

O ambiente se encheu de suspiros e olhares marejados, enquanto os acordes da música ecoavam naqueles corações enrugados pelo tempo. Ali, no palco, a conexão entre eles transcendia a música. Era um encontro de almas que compartilhavam a missão de levar alegria e conforto àqueles corações cansados. Cada olhar cúmplice, cada sorriso sincero revelava que aquele momento era muito mais do que uma simples apresentação.

Era uma celebração da vida, do amor e da beleza que cada experiência compartilhada naquele lar continha. Eles eram predestinados a tocar aqueles corações, trazendo um pouco de luz e esperança a cada vida que se encontrava ali. Nada mais importava naquele instante, senão a conexão genuína que os unia naquele momento mágico. E, naquele lar, a música se tornou uma ponte que unia gerações e transcendia o tempo, deixando um rastro de gratidão e emoção por onde passava.

Após a apresentação, Vitória agradeceu ao grupo e voltou para sua cadeira. Ela se sentia muito realizada por ter subido no palco e cantado para seus amigos. Já estava na hora de ir embora, pois tinha combinado com sua mãe de almoçarem juntas.

— Você foi demais. Realmente, tem uma voz incrível e sua extensão vocal é muito boa. — disse Larissa entusiasmada.

— Obrigada, eu estava muito nervosa.

— O seu nervosismo não transpareceu em nenhum momento. Você tem um dom incrível.

— Imagina. Você que é incrível. Sabe um monte de técnicas vocais e tudo mais...

As duas compartilharam um momento caloroso de conversa, e Vitória acabou ficando com o contato de Larissa, que a convidou para se juntar ao grupo de canto, caso ela quisesse participar. A perspectiva de fazer parte desse grupo entusiasmou Vitória, deixando-a motivada para explorar seu talento musical. Contudo, ela não tinha como aceitar o convite, pois precisava cuidar de sua mãe, especialmente após a descoberta de sua doença.

                                               ***

A rua Dom Pedro II era tranquila e arborizada, situada em Livramento, um bairro acolhedor e amigável. As casas possuíam pequenos jardins bem cuidados, com flores coloridas que alegravam o caminho dos moradores. A vizinhança era unida; todos se conheciam pelo nome e as pessoas eram recebidas com sorrisos calorosos e acenos carinhosos ao passarem pela rua. Comércios locais, como uma mercearia familiar, uma padaria aconchegante e uma barbearia antiga, enriqueciam o ambiente, tornando-o um ponto de encontro para conversas animadas entre os moradores. As crianças brincavam livremente na calçada, e os cachorros passeavam com seus donos, criando um clima de comunidade e amizade.

A casa lilás onde Vitória e Dona Maria Aparecida, ou Cida, como todos a chamavam, moravam, era uma encantadora residência de estilo antigo, remetendo aos anos 80. Sua arquitetura clássica, com detalhes em madeira trabalhada e janelas amplas, conferia um charme nostálgico ao lugar. A fachada era adornada com trepadeiras que emolduravam a entrada, embelezando ainda mais a casa.

O Som da FéOnde histórias criam vida. Descubra agora