𝐆𝐎𝐎𝐃𝐁𝐘𝐄

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TW: Assédio, relacionamento abusivo, trauma, tentativa de suicídio, vício, automutilação, crise de ansiedade, crise de pânico, daddy issues, baixa autoestima, depressão severa, manipulação e homofobia.

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Senti uma tontura me afligir. Como reflexo, levo uma das mãos à cabeça, pressionando a têmpora discretamente.

— Você está bem? — Satoru perguntou em um tom leve, sem preocupação na voz.

— Estou sim, vamos entrar. — sem explicações, apresso os passos para o interior do local.

Meus amigos não me questionam e nem tentam me impedir. Eles sabem que não posso me submeter a uma situação dessas.

— O que houve? — Satoru segue o meu caminho, curvando a coluna para frente, na intenção de deixar sua boca na altura dos meus ouvidos. — Estamos fugindo de alguma coisa?

— Estamos, Satoru. — eu grito por cima do ombro. — Não me questione.

— 'Tão tá.

Vou para um canto da parede afastado da porta de entrada, onde as luzes que piscam exageradamente não permitem que nos encontrem com facilidade. Por ser um lugar grande, não está sufocante, apenas cheio. É possível manter uma distância considerável das outras pessoas. É, entre muitas aspas, confortável.

— Como é a sensação?

Olho para ele com a testa franzida.

— Sensação? Que sensação?

— A sensação de completar duas décadas e meia.

— Falando desta forma eu me sinto velho como você. — cruzo os braços sobre o peito. — É apenas mais um ano.

— Que mal humor. — ele bagunça o meu cabelo. — Tente aproveitar um pouco.

Entendo o que ele quis dizer, mas torna-se complicado aproveitar o resto da noite com meu ex-namorado e o amigo que me fode no mesmo ambiente.

— Eu vou. — tento pensar racionalmente sem me estressar, mas qualquer decisão ou caminho que eu siga parece terminar em merda. E como bônus, o barulho e a movimentação das pessoas também não facilita. — Me espere aqui, vou ao banheiro. — eu viro as costas e começo a caminhar.

— Eu vou com você.

— Não. — acabo soando meio rude, mas sei que ele não é do tipo que se ofende. — Espere.

Satoru assente com a cabeça e permite que eu vá.

Esbarro em alguns desconhecidos por descuido, procurando qualquer porta com a marcação de um banheiro. Quando me dou conta de que não vou achar sozinho, pergunto para uma mulher alta de cabelo platinado que está próxima de mim.

— Com licença. — tento falar em bom tom para que não precise cutucá-la. Assim que ela vira para mim, prossigo. — Onde posso encontrar o banheiro masculino?

— Olha só. — sou observado de cima a baixo. — Boa noite, querido.

Ela me irrita com sua forma de falar, como se estivesse tentando me seduzir. Mordo a parte interna da bochecha e me controlo para não revirar os olhos.

— Boa noite, onde posso encontrar o banheiro masculino?

— Vejamos... — ela se aproxima do meu rosto, desrespeitando qualquer limite. — Quando cheguei, não pude deixar de notar você parado do lado de fora. Estava acompanhado de um cara, não estava?

𝐀𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐍𝐓 𝐒𝐄𝐗 - (sᴀᴛᴏʀᴜ ɢᴏᴊᴏ × ʟᴇɪᴛᴏʀ ᴍᴀsᴄᴜʟɪɴᴏ)Onde histórias criam vida. Descubra agora