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Lucas - Precisamos ficar atentos e descobrir quando elas serão transferidas para o outro barco.

Dom - Acho que vai levar alguns dias. Você viu como aquela menina está machucada? Eles não vão apresentá-la daquela forma.- reflito.

Lucas - Não entendi porque fizeram aquilo com ela.

Dom - Eu vi aquele seu olhar...- ele me olha.- Até cerrou os punhos, louco pra agir.

Lucas - Eu quero muito saber quem é o maldito que é capaz de fazer isso.

Dom - Ouvi um dos guardas dizer que foi o General Travis.- ele me olhou e seu olhar contém muita raiva.- Falando nele.- endireitamos nossas posturas permanecendo em sentido quando ele se aproxima.

Travis - Como foi a ronda soldados?

Lucas - Tranquila.

Travis - E como as nossas meninas estão?

Dom - Assustadas, como ratinhas de laboratório.- ele sorri de canto com uma certa malícia.

Travis - Excelente. É bom que tenham medo, e que sejam mancinhas. Assim fazem tudo o que mandamos.- bato no ombro dele e saio.

Lucas - Otário.- murmuro.

Dom - Pela veia soltando na sua têmpora, algo me diz que você vai fazer ele pagar caro por aquilo.

Lucas - Pode ter certeza.- no dia seguinte a nossa ronda seria novamente a da noite, então Dom e eu juntamos o máximo de frutas, biscoitos e barras de cereais que conseguimos, também pegamos água.
Elas já pareciam ter mais confiança na gente, apenas a menina machucada que ainda tinha um certo receio. Peguei a pomada antiinflamatória do meu kit de primeiros socorros e trouxe para passar nos ferimentos dela. Ela estava comendo quando me aproximei ela se assustou e se encolheu no canto da parede.

Amara - Por favor, não!- depois que aquele guarda me bateu, fico realmente muito apavorada com a aproximação de qualquer um que represente o mínimo de perigo, ainda mais um homem grande e armado, mesmo que ele esteja sendo um dos únicos que nos trate minimamente como seres humanos, nos trazendo água e um pouco de comida.

Lucas - Eu não vou te machucar.- ela levanta a cabeça e me olha, seu olhar tem muito medo... Tiro os cabelos do seu rosto e aplico a pomada nos seus ferimentos.- Onde mais você está ferida?- ela vira e vejo suas costas, tem alguns hematomas, passo a pomada neles e em outras marcas pelos seus braços.- Sente dor?

Amara - A minha cabeça dói...- ele revira suas coisas até achar um analgésico e me entrega uma cartela com dois comprimidos.

Lucas - Vou deixar esses pra você tomar, acredito que vai se sentir melhor logo.- ela me olha e percebo suas mãos trêmulas quando entrego os analgésicos.

Dom - Terminem de comer, precisamos voltar antes que outro guarda venha atrás de nós.- peço, antes que notem nossa demora. Elas comem e bebem água, é lamentável ver essas meninas nessa situação, mas fechamos as celas e voltamos para os nossos postos.- O que foi?

Lucas - Nada!

Dom - Você ficou mexido com aquela menina.

Lucas - Você quis dizer com a situação dela?- ele concorda.- Ele bateu pra valer nela mano. Tem hematomas nas costas, no rosto, nos braços... Você viu o tamanho dela comparado ao tamanho dele? Foi muita covardia.- falo com tanta raiva que minhas palavras saem praticamente soletradas.

Dom - Sei que você detesta esse tipo de violência, eu também odeio, mas não podemos nos arriscar. Você demorou demais cuidando dela.

Lucas - Ela estava apavorada, imagino, tamanha violência... E você teria feito o mesmo.

Dom - Pior que sim, mesmo assim, precisamos nos conter, não podemos pôr nossas identidades em perigo...

Lucas - Já entendi.

Dom - Precisamos seguir o plano.

Lucas - Ok!- ficamos nos nossos postos após a ronda até o amanhecer. A cena daquela menina assustada me pedindo por favor para não tocá-la não sai da minha cabeça, todos aqueles machucados... Mesmo depois de muitos anos servindo como soldado e vendo coisas absurdas, eu ainda me surpreendo com a maldade do ser humano. Como podem tirar essas meninas das suas vidas e tratá-las como animais, comercializando-as?- me questiono.


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