Bom dia? pra quem?

16 4 1
                                    

Acordo com o sol batendo em meu rosto, olho o horário e me sento na cama, em minha volta muitas caixas da mudança abertas e coisas espalhadas, passo a mao pelos cabelos e suspiro

- droga de janela - sussurro

Sinto estar sendo fitado então encaro a porta me deparando com minha madrasta

- Querido seu pai pediu que eu lhe chamasse

- O que ele quer dessa vez? - me jogo na cama novamente

- Ele não disse...

- Diga a ele que desço depois

Ela concordou e deu as costas, nos mudamos a dois dias para uma cidade isolada, meu pai estava desesperado para limpar o nome da empresa "cidade pequena tudo é novidade" ele dizia, uma bobagem sem tamanho. Respiro fundo e levanto para procurar uma camisa em algumas das caixas espalhadas, pego a primeira que encontro e desço as longas escadas que dão para a sala

- Bom dia filho

Dou de ombros

- Hoje tenho uma reunião da empresa então vou deixar você no colégio

- Não precisa eu vou sozinho - digo servindo uma xícara de café

- É caminho, eu deixo você lá

Olho por cima da xícara e não respondo, minha madrasta intervém

- Ele já está crescido querido, deixa o menino

Meu pai parece ceder mas com insatisfação, continuo tomando meu café enquanto ouço passos na escada

- Não acho minhas coisas, queria nunca ter saido de Nova York

Meu pai bate na mesa fazendo com que a xícara vibre

- Eu estou ralando por vocês dois e tudo que fazem é reclamar, foda-se Nova York, isso aqui é uma chance única então aproveitem o luxo dessa casa e todas as outras coisas que porporciono para vocês

Cerro os punhos e me levanto

- Vem Amber, te ajudo a achar suas coisas

Subo as escadas em silêncio ouvindo Amber reclamar da cidade, realmente era horrível, também odiava esse lugar de merda mas tudo que eu queria era o silêncio

- Vai se arrumar bundão, eu me viro

Sorrio amarelo e entro no quarto batendo a porta atrás de mim, vou tirando a roupa andando em direção ao banheiro do quarto, fito algumas roupas dobradas sobre uma cadeira e escolho um jeans claro, camisa branca e uma jaqueta colegial preta, entro no banheiro e me encaro no espelho

- Estou péssimo - digo me encarando

Sou um homem baixo perto de outros caras, minha pele é bastante branca com ss bochechas levemente coradas, olhos castanhos avermelhados e cabelos castanhos cortados de maneira repicada levemente compridos, sempre os penteava partido ao meio deixando a franja bagunçadinha, meu físico é bastante forte, ombros e costas largas, braços definidos, no rosto alguns pelos por fazer.

Ligo o chuveiro e deixo a água escorrer pelo corpo enquanto respiro fundo, tantas coisas, tantas pessoas, tantos planos deixados para trás por conta da empresa idiota do meu pai, eu só queria estar com meus amigos planejando mais um aniversário para beber e falar bobagens, mas recomeçar do zero me deixa assustado.

Saio do banho e me visto, coloco nos pés um  air force branco, passo a mão pela mochila jogada no pé da cama e saio quarto a fora, desço as escadas tamborilando os dedos pelo corrimão, percebo que meu pai ja havia saído então beijo a testa da minha madrasta, pego a chave do meu carro e espero por Amber sentado na sala enquanto analiso a imensa estante de livros na parede. Vejo Amber descendo as escadas e vamos até o carro.

No caminho um silêncio percorre, começo me deixar levar pelos pensamentos e fico completamente disperso até que Amber me trás de volta a realidade

-EI TA DORMINDO!

Freio brusco quase em cima da faixa de pedestre assustando uma garota que passava por ela

- TA FICANDO MALUCO?! - ela grita gesticulando

Fico imóvel vendo ela se aproximar da janela anotando algo em um bloco de notas em sua mão e então ela cola um papel no meu vidro, estendo a mão para pegar

- Puta que pariu era só o que me faltava

Desço do carro e pergunto

- Ta de palhaçada? Eu nem ultrapassei a faixa de pedestre

- Freiou em cima, não respeitou a sinalização e nem o semáforo - aponta para o sinal de pedestre em verde

Suspiro notando o colete verde refletivo escrito "guarda de trânsito juvenil"

Volto para o carro e acelero

- Uma multa, a porra de uma multa no primeiro dia que saio de casa nessa maldita cidade

- Você vai mostrar isso para o nosso pai? - Amber pergunta lendo a multa

- Vou deixar no escritório dele e torcer para ele nao me tirar as chaves do carro

Avanço com o carro até o perímetro escolar, Amber estuda em uma escola no mesmo quarteirão, estacionei em frente para que ela desembarcasse e em seguida avancei até o estacionamento da Stonewall high school, paro o carro, encaro s multa mais uma vez e desço. Caminho rápido até a porta de entrada onde ja tem alguns outros alunos conversando, encosto próximo as escadas e pego meu celular para verificar o horário e percebo estar em cima da hora, abro a mochila procurando o guia com os horários das aulas para saber em que matéria eu teria

- Química, sala 7 - digo para mim mesmo enquanto entro porta a dentro

Passo pelo corredor rápido sem reparar as pessoas a minha volta, chego em frente a sala e bato na porta, sem resposta abro uma brecha e vejo o professor de costas escrevendo no quadro entro de fasto para nao ser notado

- Atrasado - uma voz se faz presente em minhas costas

Me viro e vejo o professor

- Me desculpe eu acabei tendo um imprevisto, eu sou novo aqui - tento explicar

Ele aponta para um lugar vazio ao lado de uma garota, de inicio não identifico mas quando chego um pouco mais perto percebo que acabei de me sentar do lado do meu imprevisto.

Continua...

As estrelas dirão Onde histórias criam vida. Descubra agora