Obcecada Pelo Winchester Mais Velho

epílogo

Quatro anos antes.

O estrondo de um Trovão ecoa pelas paredes finas da casinha pequena e nem de longe bem cuidada do subúrbio de Mineápolis.

A doença de mamãe veio como uma chuva de verão, completamente sem aviso. Somos só ela e eu desde que papai se foi, não me lembro muito bem o que aconteceu com papai, em um dia ele estava lá no outro dia havia sumido.

Eu não penso muito nele, na verdade comecei a pensar nele somente agora vendo o quanto mamãe está debilitada devido ao câncer que já não tem tratamento. A Única família que nós temos vive em Sioux Falls. Bob Singer,  Bob é irmão do meu pai.

Tio Bob nunca nos visitou muito e a única vez que me lembro de tê-lo visto foi entre meus cinco ou seis anos de idade quando papai se foi. Me lembro de pensar que tio Bob me lembrava um fazendeiro turrão com sua barba volumosa e chamativa, suas roupas surradas  e seu inseparável boné de beisebol desbotado.

— Laura, minha filha. — o sussurro fraco me tira de meus devaneios e foco no presente, mamãe está chamando minha atenção mais uma vez enquanto eu divagava.

— Sim, mamãe estou aqui. — seu riso fraco me faz pensar que ela sabe muito bem que eu estava divagando ao invés de prestar atenção nas suas palavras, mas seu sorriso logo se vai, sim vamos voltar ao assunto proibido.

— Filha, sei que não quer pensar nisso. Sei que é difícil pra você, para mim também é! entenda me sinto despedaçada e impotente. — eu nego veementemente com a cabeça.

— Não diga isso mamãe, a senhora é tudo o que eu mais precisei sempre foi minha fortaleza a senhora não é impotente deu tudo de si por mim, deixe-me fazer o mesmo por você sei que precisa de mim.

— Filha, já conversamos sobre isso, quanto antes você entender que minha hora está...

— Não. Não quero ouvir isso, não vou ouvi-la dizer isso mamãe por favor entenda.

— Filha pedi para Brianna ligar para seu Tio hoje. Conversei com ele, disse nossa condição, Bob já está a par do que pode acontecer nos próximos dias. A próxima ligação de Brianna a ele indicará o que aconteceu e quais serão os próximos passos, ele cuidará de tudo. Filha, você vai ficar bem com ele. Tenho certeza que vai cuidar muito bem de você! Ele me prometeu cuidar e proteger você Laura. — Me nego a acreditar que mamãe já deixou tudo preparado para quando ela se for, ela só está me informando dos fatos mas sinto que ela tenta me matar um pouco mais por dentro a cada dia quanto toca nesse assunto e sei que não faz por mal, mas, é assim que eu me sinto! Droga, ela é a minha mãe a única pessoa que eu tenho nessa vida.

— Mamãe, por que você insiste em me torturar com esse assunto? Eu vou estar aqui até o último momento, até seu... — lágrimas descem dos meus olhos como cachoeiras imparáveis. Na minha garganta existe um nó sufocante que não me permite terminar de falar, eu não consigo.

— Me desculpe Laura, mas é a nossa realidade, eu não vou ficar aqui a vida toda, evitar o assunto não vai mudar o resultado.

Saio do quarto me esvaindo em lágrimas incessantes. Eu não aceito que minha mãe me deixe assim tão precocemente. Eu só tenho quatorze anos mas vou cuidar dela até o seu coração deixar de bater e eu não preciso da droga do tio Bob, onde foi que ele esteve esse tempo todo?

Nos abandonou depois que seu irmão idiota se foi, não quis mais saber da gente nunca ligou pra saber se estávamos vivas ou mortas.

Maldito câncer. Maldita vida!

— Foda-se não vou morar com ele, continuarei bem aqui em meu lar.

Não foi bem assim quando mamãe se foi, três dias depois, era madrugada quando ela deu seu último suspiro nos meus braços. E eu acatei tudo o que tio Bob decidiu fazer, inclusive me mudar para morar com ele em Sioux Falls deixando pra trás tudo o que eu conhecia como casa.