✦ℙ𝕣𝕠́𝕝𝕠𝕘𝕠✦

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           ⏱𝕮𝖗𝖔̂𝖓𝖎𝖈𝖆𝖘 𝖉𝖔 𝕿𝖊𝖒𝖕𝖔: 𝕯𝖊𝖘𝖕𝖊𝖗𝖙𝖆𝖗 ∞ 

『 29 de Janeiro de 20XX 』

    Estava frio. Já era noite quando tudo aconteceu. Não havia mais nada a ser feito, exceto por uma última cápsula de tempo no relógio de Charlie.

    Eu não tinha forças para ficar de pé, então me arrastei pelo chão até ela. Charlie estava morta após sermos emboscados tentando salvar o futuro. Os outros também não se moviam, provavelmente mortos. Meu corpo esfriava rapidamente; havia pouco tempo para alcançar a cápsula no relógio.

    Quando finalmente cheguei até Charlie, vi seus olhos abertos, vazios e sem vida. Estava atordoado pela explosão, provavelmente surdo de um lado, e tudo parecia em câmera lenta. Minha visão estava desfocada e a dor dominava meu corpo. Notei por que não conseguia ficar de pé: minhas pernas estavam quebradas.

    Ao longe, ouvi os sons dos "Molkers" se aproximando. A sala branca estava toda destruída. Era impossível baixar os portões a tempo. Tirei o relógio do pulso de Charlie, e no mesmo instante, seu corpo desapareceu. A única coisa que a mantinha nessa linha do tempo era o relógio de impulso temporal, agora em minhas mãos, manchado de sangue.

    Meu relógio estava quebrado; não podia transferir a cápsula de tempo do relógio dela para o meu. Não tive escolha. Era arriscado, mas coloquei o relógio de Charlie. Ele não estava muito danificado, apenas a tela um pouco quebrada. "Ainda bem." Tentei configurá-lo para quando tudo começou, mas algo deu errado. O relógio ativou um protocolo de segurança após a morte de Charlie e se autoconfigurou para outro ano. Eu não conseguia ver qual era, porque a tela estava quebrada. "Mas como?" Nada fazia sentido. Quando percebi, os "Molkers" já estavam ali, cheirando os corpos. Sorte que esses monstros são cegos e dependem da audição e do olfato, embora não sejam muito bons em farejar.

    Fiquei paralisado. "Se eu me mover, vou ser despedaçado por eles." Eles começaram a se aproximar dos corpos ao meu redor e de mim, um para cada um de nós. Já deviam ter um plano B caso houvesse sobreviventes. "Desgraçados!" Olhei para o relógio de Charlie no meu pulso. Não dava para saltar; o relógio estava em modo automático e só ela sabia como desativá-lo.

    Um dos "Molkers" se aproximou do meu rosto. Prendi a respiração com dificuldade. Os "Molkers" andam em quatro patas, chegando a cerca de um metro e setenta e cinco. Quando ficam em pé, dobram de tamanho. Sua pele é lisa e escura, e possuem um hálito pútrido. Parecem "aliens" com cabeças achatadas, mas o que se destaca são os dentes grandes e a língua que atravessa corpos como manteiga.

    Aquele Molker parecia desconfiar que eu estava vivo. Nesse momento, o relógio soltou um "bipe", fazendo todos os Molkers ficarem alertas em minha direção. O que estava próximo ao meu rosto soltou um som alto. Tampei os ouvidos, e o relógio ativou, me fazendo saltar para onde quer que fosse...

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    『 20 de Julho de 1969』

    De repente, acordo como se tivesse acabado de ver um pesadelo. Estou tonto, como se minha cabeça estivesse girando. A primeira coisa que noto, à medida que minha visão volta aos poucos, é o silêncio absoluto do lugar, seguido por uma sensação estranha de deslocamento. Tudo ao redor parece diferente, mas quando olho para minhas mãos, tudo fica ainda pior: essas mãos não são minhas.

    Tento me levantar, mas um peso estranho me faz hesitar. Olho ao redor e vejo um espelho. A imagem refletida é a de Charlie. "O que está acontecendo?" penso, sentindo o pânico começar a tomar conta.

    Levanto-me cambaleando, tentando me adaptar ao novo corpo. A memória dos "Molkers" e da sala destruída ainda está fresca em minha mente. O relógio de Charlie no meu pulso não está mais danificado, e a data mostra: 20 de julho de 1969, mudando o painel para ponteiros de relógio normal depois que vi a data.

    Começo a investigar o ambiente, percebendo que estou em um pequeno apartamento. Na televisão ligada, passa uma notícia sobre a missão Apollo 11 e o iminente pouso na Lua. Tudo parece tão surreal.

    Preciso descobrir como e por que estou no corpo de Charlie. E, mais importante, preciso encontrar um jeito de voltar para o meu próprio corpo e tempo.

    Minha missão é clara: entender o que está acontecendo e encontrar uma maneira de corrigir isso, antes que algo pior aconteça. ═══════════════════════════

Crônicas do Tempo: DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora