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Eu desisti do amor, queria poder dizer o mesmo da dor. Ela prevalece. Não física. Ao saber que ainda tem muitos ventos matutinos por vir. Ao saber que o que preza, o que é ideal, é esquecido.
Não posso ter minha liberdade. Em todos os sentidos. E a parte mais amarga é que o sorriso no rosto ainda está lá. Perdi minha vida. Perdi o que poderia viver. Perdi a vontade. É difícil prosseguir em meio a críticas. É difícil lutar e ser mais um. Mas é preferível ser mais um feliz quiçá um grande tolo.
Porém possibilidades não me surgem. É difícil continuar sem ter visão. Sou mais um com uma venda. Deixar tudo, porém o tudo não é nada além de nada. Enquanto a paisagem longínquoa me chama a atenção para tentar achar um lado bom na vida, eu, preso, aprecio as pequenas para não dizer mínimas coisas.
Eu desisti do amor, queria poder dizer o mesmo da dor. Queria ser quem sou, meus sonhos, minhas asas, meu balançar, minha segurança. Queria dizer o mesmo da dor, mas é involuntária, nem ao menos decido quem atinge. Eu desisti do amor, ele mal existe por ora surge e logo por dose tripla é tomado pela dor. Queria dizer um adeus, queria que essa vida fosse o rascunho. Não. E o tempo, as palavras, as oportunidades, o vento, eles jamais voltarão.
E é visivelmente claro e assustador, eu queria dizer o contrário, juro, mas, eu desisti do amor e queria poder dizer o mesmo para esse acúmulo de dor.

J. Krun
Subúrbios de Paris, Contemporâneo.

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