...How bad can a good boy get?

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Eventualmente a chama da curiosidade incendiou seu âmago.

– Você realmente fez o que eles disseram que você fez?

– Bem, isso depende. O que eles disseram que eu fiz?

– Matar, mutilar, arrombar e invadir, roubar...provavelmente mais coisas que não consigo lembrar agora.

– Suponho que já fiz tudo isso em um momento ou outro.

Hongjoong não antevira a franca admissão de Seonghwa.

– Por qual razão? Por que escolhe seguir esse caminho?

Seonghwa se deteve brevemente, meditativo.

– Faço o que faço pela excitação que proporciona. Bem, exceto talvez pelo ato de tirar vidas. Reservo isso para casos de necessidade. Meu favorito é invadir casas de pessoas ricas e fingir que moro lá – Um riso sutil escapou de seus lábios. – Sabe, elas são sempre tão chiques. Em algumas ocasiões os donos voltam enquanto eu ainda estava lá, mas como eu ainda não tinha terminado de revirar a casa, tinha que...matar eles.

Apesar do clima quente, arrepios percorreram os braços de Hongjoong.

– De que maneira? – A indagação escapou num sussurro, tingido de curiosidade mórbida. No sussurro talvez encontrasse uma tênue justificação para sua curiosidade moralmente questionável.

– Eu não tenho nenhuma dessas armas sofisticadas como você, mas facas são bastante eficazes. Ser morto por uma faca da sua própria cozinha não é fascinante?

De súbito, um rumor veio a mente de Hongjoong, sugerindo que Seonghwa havia esfaqueado um homem mais de vinte vezes. Mas não ousou perguntar.

– Eles não revidam?

– Às vezes – Hesitou, como se estivesse debatendo se deveria continuar. – Não quero te deixar nervoso nem nada, mas sou mais ágil do que pareço.

Somente após essas palavras de Seonghwa que Hongjoong percebeu ter esquecido da corda. Não completamente, ainda estava na sua bolsa, mas nada o impediria de fugir, exceto, talvez, o temor de levar um tiro. Ponderou se realmente teria coragem de atirar se chegasse a esse extremo. Nunca havia enfrentado tal situação. Questionava se seria capaz de tirar a vida de alguém.

Quando acamparam naquela noite, Hongjoong compartilhou o restante da comida, dando metade para Seonghwa. Mingi não tinha embalado muita comida, mas sua natureza compassiva o impedia de permitir que Seonghwa morresse de fome enquanto ele enchia o estômago independentemente de seus méritos ou deméritos.

– Isso é seu – Afirmou, com um traço de incredulidade. – O xerife disse que só preparou o suficiente para você.

– Tenho certeza que você também deve estar com fome, não está?

– Sim, mas...

– Só pega – Insistiu. – Não quero que desmaie amanhã – Ante a hesitação de Seonghwa, acrescentou. – Não vou comer até te ver dar uma mordida.

Relutantemente, Seonghwa arrancou um pedaço de pão e colocou na boca. Rapidamente o momento adquiriu uma aura de intimidade. Seonghwa mastigava com vagar e cuidado, seus olhos mantidos fixos nos de Hongjoong o tempo todo. Fisicamente incapaz de desviar o olhar, também permaneceu imóvel.

– Não consigo me lembrar da última vez que alguém me ofereceu algo para comer – Expressou após engolir. – Você é a pessoa mais gentil que já conheci. Como se tornou deputado?

Nunca antes alguém havia questionado suas escolhas de carreira, muito menos insinuado que ser um "deputado" fosse algo negativo.

– É o que meu pai desejava para mim.

– E você, o que você queria?

– Bem...não tenho certeza, mas passar a vida protegendo aqueles que amo não me parece assim tão ruim.

– Tem alguém em casa, então? Alguém especial?

– Não – Replicou, talvez um pouco rápido demais. – Ninguém.

– Certo, tudo bem. Você é especial o suficiente por si só.

Hongjoong se sentiu grato pelo sol estar se pondo; talvez isso ocultasse o rubor em suas bochechas.

pretty little killer ✿ seongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora