Don't Think About Consequences

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Naquela noite, não conseguia recordar os detalhes de seu sonho; tudo o que sabia era que despertou abruptamente com o coração pulsando freneticamente e a respiração entrecortada.

– Está tudo bem? – Inquiriu Seonghwa. Era ainda cedo pela manhã; o sol não havia despontado no horizonte embora o céu estivesse tingido de um clarão prenunciador da alvorada.

– Sim... – Tentou se acalmar, regulando sua respiração. – Foi só um pesadelo. –  Erguendo-se, percebeu que não conseguiria voltar a dormir. – Não...gritei ou algo do tipo enquanto dormia, né?

– Imagina – Assegurou Seonghwa, com um sorriso enigmático que insinuava a possibilidade de uma meia-verdade para preservar a dignidade de Hongjoong. Não prosseguiu com mais indagações. Talvez tivesse percebido que ele não desejava abordar o assunto. Seonghwa possuía uma habilidade notável para compreender as nuances das emoções alheias.

Hongjoong ansiava por ter a mesma habilidade, pois muitos aspectos de Seonghwa permaneciam envoltos em mistério. Era como decifrar um quebra-cabeça; apesar de seu desejo de desvendá-lo, sempre havia uma peça faltando.

– Você nasceu por essas redondezas? – Indagou Hongjoong.

– Em algum lugar por aqui – Respondeu vagamente. – Uma dessas pequenas cidades. Não deve ser muito maior que a sua.

– Não se lembra do nome?

– Sim – Confirmou. – Mas se me permite, não é um assunto que eu goste de falar.

– Claro. Desculpa – Disse, sentindo-se lento; até mesmo pronunciar algumas palavras exigia mais energia do que o habitual. Era uma combinação de privação de sono, uma caminhada infindável e o calor sufocante. Daria tudo por um pouco de sombra.

– Tem uma cidade próxima daqui, sabia? Poderíamos chegar até ela se fôssemos um pouco para leste. Não nos desviaria muito do nosso caminho.

Hongjoong se lembrava daquela cidade. Era o último povoado que cruzariam antes de alcançarem o destino final. Isso significava que estavam mais próximos do que havia imaginado. Caso se esforçassem, talvez conseguissem atravessar a cidade e chegar à sua meta pouco antes do anoitecer.

Diante do silêncio de Hongjoong, Seonghwa intensificou sua sugestão.

– Talvez devêssemos passar a noite lá em vez de mais uma noite no chão duro.

À essa altura, até mesmo Seonghwa exibia sinais de exaustão. Arrastava os pés a cada passo e de repente tudo parecia absurdo: por que Mingi considerou ir a pé a melhor opção e por que Hongjoong concordou sem resistir.

Sua parte racional instava-o a argumentar; a lembrança de Mingi enfatizando a necessidade de evitar qualquer contato com as cidades, no entanto, Hongjoong não tinha muita resistência dentro de si.

– Só se prometer não falar com ninguém. Não podemos correr o risco de sermos localizados.

– Não vou falar com ninguém além de você, Hongjoong. Prometo.

Hongjoong tinha instruído Seonghwa a chamá-lo pelo nome, mas seu coração ainda batia forte toda vez que ele o fazia. Parecia que ele era uma figura lendária da qual ouvira falar há muito tempo; era quase inacreditável vê-lo ali, caminhando lado a lado e conversando como se fossem velhos conhecidos.

Finalmente aceitou que a imagem que tinha de Park Seonghwa era completamente diferente da realidade diante dele. Este Seonghwa não era um cruel assassino. Não poderia ser. Era, talvez, uma vítima das circunstâncias, apenas fazendo o que precisava para sobreviver.

Ambos sentiram uma onda de energia renovada diante da perspectiva de um descanso verdadeiro e adequado. Talvez até uma refeição.

– Se lembre de não falar – Recordou quando a cidade estava à vista. – E tente manter a cabeça baixa também.

pretty little killer ✿ seongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora