Cap 44: Você não tem as marcas

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Faltavam palavrões para serem pronunciados por Kankuro, achava que já tinha experimentado a raiva em toda a sua essência mas o que sentia naquele momento era muito maior do que qualquer crise raivosa que tivera. Sentia nojo e até uma certa pena, mais acima de tudo ódio.

A vontade era de gritar, pegar os fósforos da cozinha e colocar fogo em toda a estrutura de madeira que segurava os corredores e tudo no abrigo subterrâneo, todos tinham uma certa culpa no fim das contas, até mesmo ele... havia dado uma mão a quem mataria seu irmão sem nem pensar duas vezes.

- Eu vou mata-lo - comentou olhando para um canto da sala, não tinha nada ali e Kankuro falava sozinho mas de alguma forma projetava a imagem de sua marionete "Formiga".

"Formiga" era mais agressiva, Karasu geralmente apelava para o diálogo - talvez fosse por ter a aparência mais humanoide se comparada com as outras - eram as únicas em que se sentia mais a vontade para conversar, e mesmo que em algum momento tinha se pegado conversando com a marionete Cão enquanto a montava... Kankuro sentia um instinto selvagem que provavelmente votaria a favor do fogo.

- Eles criaram isso aqui para nos controlar e depois ainda propõem a diplomacia, como se nada disso tivesse existido!

Lera todo o arquivo duas vezes com o intuito de revisar todas as informações que lhe foram vomitadas, Gaku estava certo e isso Kankuro não poderia culpa-lo, aquele tipo de missão realmente o faria ter o posto renegado caso não cumprido, afinal não era todo o dia que se era escalado pelo próprio Hokage afim de comandar uma célula de "redução de danos". De acordo com os relatórios o próprio Terceiro Hokage o havia mandado para a Areia, onde precisaria se passar por um nativo e chefiar um grupo que futuramente podeira ser usado caso a Aldeira da Areia se tornasse forte o suficiente para se equiparar a Folha.

E o medo maior não era relacionado a força ninja da Areia... o medo era por Gaara. Kankuro não sabia muito como era a relação da Folha com Naruto, mas pelo que sabia o garoto fora escanteado e não sabia sobre o seu poder oculto, ao contrário de seu irmão que sempre soube o que continha dentro de si. Gaku tinha mudado de local três vezes ao longo de todos aqueles anos, de acordo com os relatórios o quantitativo de recrutados aumentava cada vez mais e era preciso um lugar maior, o que queria significava uma legião de ódio contra a figura de Gaara... na verdade tudo soava como desculpa, o problema não era Gaara em si, mas o que ele representava.

Com uma bijuu no corpo, com o cargo de Kazekage e isso sem falar no relacionamento que tinha - valia ressaltar que nem mesmo era alguém de sua própria Aldeia -, o irmão trazia consigo a imagem que alguns não queriam ou não aprovavam, a Folha teve a sorte de ter o Hokage como Kakashi, alguém que entendia em parte do peso da tudo aquilo tendo em vista seu relacionamento com Iruka, mas e se não tivesse? Quantas mais missões secretas o Terceiro Hokage ou quem quer que seja tinha por aí? Que até hoje esperam apenas mais um pequeno sinal de ameaça para atacar.

- Vou passar um bom tempo sem pisar na Folha - falou olhando pro canto novamente  - e vou sugerir pro Gaara que corte os acordos, pra ser sincero acho que a Folha é quem não vai querer mais ter relações.

Um suspiro escapou, estava cansado e frustrado, nunca gostou de política e de assuntos burocráticos, e nunca quis ter sido escalado para estar ali. Kankuro precisava de algo que pudesse admitir que tinha feito por conta própria, por que quis daquela forma e nem mesmo suas tintas - e o controle de moldar o próprio rosto - acalentaria a necessidade, o desejo de estar no controle.

"Um marionetista gosta do poder de decidir, essa ânsia pelo controle, de moldar algo a sua própria vontade". Lembrou da fala de seu pesadelo.

- O Kiba não vai gostar disso - continuou ignorando o sussurrar da voz paterna - mesmo que ele não conheça o Gaku, ainda é alguém do clã. Pelo menos espero que ele venha me visitar na Areia...

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