Quando se desconfiava de traição, não havia pecados que não pudessem ser perdoados.
Jihyo prezava pelo respeito à privacidade e não seria ela quem cercearia sua querida de um direito. Não precisava invadir celular, nem seguir os passos em dias suspeitos, bastava avançar até a porta do próprio quarto.
"A visita será breve, eu prometo. Não precisa se incomodar com ela." Tzuyu não cumpriu com uma simples promessa.
O odor da outra por seus ares incomodava. A estrangeira invadia sua casa, seu espaço e vida, sem nem mesmo lhe encarar nos olhos. Park Jihyo não a conhecia, mas ouvia, entre risadas de Tzuyu ao telefone, o nome.
Sana, Sana, Sana...
As confissões são sempre trocadas à sua frente. Sua mulher não se preocupava em esconder, e isto deveria bastar para as desconfianças diminuírem. Mas Sana permanecia uma estrangeira em sua vida, não se conhecia as intenções mas sabia dos efeitos que causaram em sua esposa. Eram tantos, que tarde da noite, ali estava, Jihyo a uma porta de distância do casalzinho no seu quarto.
A pequena fresta na porta era o suficiente para ouvir e ver as duas. Respirou fundo e calou a consciência barulhenta.
"Esse batom ficou bom?" Tzuyu testava uma das centenas de produtos dispostos na penteadeira, o vestido preto deixava os ombros à mostra e a cintura bem marcada. A modelo sorriu pelo espelho. "Não quero só admiração sua, eu quero uma resposta, Sana."
Mesmo em perigo iminente, Jihyo permanecia calma. A perdição que era o rosto de Tzuyu era explicativo até mesmo por sua carreira como modelo. Se tornava difícil a olhos comuns encararem tamanha beleza.
A querida Chou Tzuyu era impecável naturalmente, reconhecer o fato não tornava Sana uma amante, apenas uma mulher de bons olhos.
Tzuyu permanecia sentada, enquanto, dolorosamente devagar, Sana aproximava as mãos aos ombros nus. Os olhares se encontraram pelo espelho. Se conectaram.
"Você está linda, querida." A mesma querida de Jihyo. "Mas precisa mesmo de toda essa maquiagem pra ver sua Sugar Mommy?" Ironizou.
A relação não iniciou por interesse material e nunca foi necessário qualquer fortuna para se tornar digna do amor de Tzuyu. Antes de ser a CEO Park Jihyo, era uma mulher apaixonada pela vida a dois que construiu ao lado da sua querida.
O sorriso de Tzuyu acalmou Jihyo para não entrar de vez no quarto. Só ela quem levava a sério demais.
"Ela é minha esposa, Sana."
"Mas não tira o fato de você agir como um artigo de luxo ao lado dela, bonita e burrinha." Sana apertou a ponta do fino nariz de Tzuyu.
Nem mesmo o tom brincalhão diminuiu a preocupação de Tzuyu com o próprio rosto, correndo os olhos à procura de uma "imperfeição" no nariz. A cena doeu, e sem poder agir, Jihyo confiou na calma aproximação da estrangeira, que se mostrava saber os limites da modelo.
"Você é a mais linda de todas, Zuzu. Eu tenho certeza que Jihyo acha o mesmo." O nome saiu molhado pelos lábios estrangeiros. Derreteu em beijos no pescoço de Tzuyu.
"Pare." Respirou fundo, fechando os olhos com os dedos de Sana afundando nos ombros.
"Por que?" Um gemido sôfrego era a resposta. "Seu corpo ainda responde a mim, Tzuyu."
Sana não precisava trilhar beijo algum para arrepiar quem ouvia. A pele quente se confundia com o ódio crescente no peito. O limite tinha sido atingido, ultrapassado e esmagado, mas Jihyo não moveu um pé sequer, nem piscou. O desenrolar a frente hipnotizou.
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Foreigner | Sahyotzu
FanficPara Jihyo, quando se desconfia de traição, não há pecados que não possam ser perdoados. É permitido até mesmo espiar sua esposa Tzuyu, e a estrangeira Sana no quarto.