a maze of feelings

5 0 0
                                    

Faz um ano que me mudei da Inglaterra para a Coreia. Um ano desde que deixei minha mãe no aeroporto para entrar na Universidade de Seul.

Desde o início, sempre fomos só eu e ela, nunca tive nenhuma figura paterna, pois minha mãe se recusou a ter qualquer envolvimento com outro homem após eu ter nascido, disse que jamais confiaria em um homem novamente, não depois do verão de 1999, em que ela conheceu meu genitor, que lhe prometera o mundo e a abandora grávida.

O ano era 1999, minha mãe passava uma temporada em Nice, na França, com a companhia de dança, ela era primeira bailarina do balé inglês. Ela sempre foi uma mulher encantadora, gentil e com um coração imenso e cheio de sonhos, mas muitos deles e desmancharam quando ela conheceu um coreano que parecia ter saído de uma drama.

Após passarem a temporada juntos, minha mãe descobriu que estava grávida e contou ao meu genitor, que se limitou a revelar que já era casado e tinha um filho bebê e uma esposa grávida, então não poderia assumir aquele filho. Assim, com um eu sinto muito ele partiu.

Eu nasci no ano seguinte, assim como a outra filha dele e, seja por conhecidência ou azar, nascemos no mesmo dia. Neste dia, minha mãe tentou ligar para o meu pai e a sogra dele atendeu, dizendo que ele não poderia atender, pois a esposa estava dando a luz a uma menina, que ela ligasse em outro momento.

Ela ligou, uma última vez, quando eu estava completando um ano de vida. Pensou que talvez ele pudesse querer saber de mim, mas ele estava no banho e a esposa atndeu o celular e minha mãe lhe contou nossa breve história. Evidente que a mulher do outro lado ficou incrédula e desligou.

Anos mais tarde, em seu leito de morte ela pediu ao marido que me procurasse, pois ela se sentia arrependida de ter nos dado as costas e nos feito sofrer por um erro do meu pai..

Então, no ano de 2017, minha mãe me convenceu de que eu poderia fazer faculdade em Seul e morar com meu genitor, que finalmente buscara por mim e jurou pelo leito de morte de sua esposa que me daria um futuro descente, que ele sabia que minha mãe não poderia dar a mim.

Relutante da decisão me mudei, me sinto culpada por ter ambição de ter um futuro aqui com esse homem que eu nem ao menos sabia o nome até um ano atrás.

Gostando ou não, faz um ano que estou aqui, o que é mais do que eu já fiquei com qualquer parente, pois como minha mãe deixou a família, basicamente sendo expulsa por querer ser uma bailarina e não uma diplomata, como minha avó queria, morávamos em uma pensão e ela estava sempre viajando com a companhia de dança.

Enfim, eu preferia ter ido para a França morar com a tia de minha mãe e estudar Literatura, mas minha mãe insistiu que aqui eu teria um futuro melhor, não sei como, pois meus irmãos me odeiam, principalmente Yumi, minha gêmea de outra mãe.

- Melissa! Vamos nos atrasar se você não sair logo desse quarto! - gritou meu genitor do andar de baixo.

Eu odeio esse homem, mas continuo a suportá-lo, pois ele paga meus estudos. Apesar de eu não ser bolsista, nós concordamos que eu seria considerada boolsista e jamais apareceria junto à família, pois um dos empresários mais bem sucedidos da Coreia não podeia ter um furo de caráter tão grande assim, não publicamente.

- Estou descendo!

- Achei que a princesa ficaria na torre o dia todo.

- Não enche, Yumi. - Como uma pessoa consegue ser tão irritante?

- Vamos? Min Ho está te esperando no outro carro.

- Claro, Seo Joon. - Disse passando pelo meu genitor e entando no carro com Min Ho.

Min Ho é meu primo e também meu único amigo, já que não sou muito falante e não tenho muitos amigos. Ele sempre está comigo, pois, apesar de Seo Joon ser meu genitor nunca somos vistos juntos, mas ele diz que não quer me excluir dos momentos familiares e fez com que meu primo sempre nos acompanhasse em todos os eventos e me levasse como acompanhante.

- Oi.

- Oi. Como você está? - Ele me abraça assim que entro no carro.

- Como eu poderia estar com essa família incrível? Pulando de alegria. - Disse sem qualqer resquícios de felicidade.

- Essa mentira foi tão grande que deve ter massacrado um clã inteiro de fadas. - Eu ri da referência boba dele.

- Só você para me arrancar um sorriso. - Sorri para ele - Já disse que eu te amo hoje?

- Hoje ainda não.

- Eu te amo, Lee Min Ho.

- Eu sei. Vamos? - Ele me estende a mão, eu a segura, mas a solto logo em seguida para que ele possa dirigir.

Chegamos ao restaurante e minha maior frustração está sentada ao lado de Yumi, afinal ele representa o meu maior fracasso.

Christopher Bahng, o namorado de Yumi, também o cara por quem eu sou apaixonada. Também pode ser considerado o rival da minha promessa de vida, já que eu prometi a mim mesma que jamais me apaixonaria por uma cara comprometido, como aconteceu com a minha mãe, mas veja a ironia.

Em meu primeiro dia na Coreia, me deparei com ele na casa de Seo Joon, ele foi educado, me cumprimentou, mesmo não sabendo quem eu era, eu gelei, não sabia que alguém conseguiria ser tão encantador apenas dizendo "oi".

Quando Seo Joon e Yumi o viram me cumprimentar, eu pude presenciar a personificação de sentimentos, desespero e ciúmes, mas para a sorte de todos Min Ho estava em casa e me tirou do transe silencioso em que eu me encontrava dizendo que estava me procurando, pois eu devia ter me perdido na casa do tio dele.

Desde esse dia eu não falei uma palavra sequer para Chris, por dois motivos: 1) Ele é minha falha de caráter (como eu posso gostar de uma pessoa que é comprometida?) 2) Yumi nunca me deixa estar perto dele, ela me tranca no quarto sempre que ele está em casa, para que ele não saiba que somos parentes, e, na verdade eu prefiro assim.

- Oi, Melissa. - Christopher se levanta para me cumprimentar.

Eu levanto meu olhar rapidamente, me viro para Min Ho e digo que vou ao banheiro, mas que gostaria de me sentar em uma mesa separada.

Saio correndo do local, o deixando com a mão estendida para mim como se ele fosse infeccioso. Bom, ele não é, mas eu não posso me apaixonar por ele ainda mais, então eu me permito apenas não conhecê-lo para que eu não goste dele, apesar de que isso nunca funcionou, porque com o pouco que sei dele e com o peso de ele ser minha maior falha ainda não consigo deixar de me sentir atraida por ele.

- Min Ho, por que ela me odeia? - Ele pergunta ao meu primo que apenas levanta levemente os ombros e encontra para nós outra mesa.

Voltando do banheiro, após ficar parada na frente do espelho olhando o quanto pareço patética com o rosto corado daquela forma por causa de um carinha, me sento de costas para a mesa da família Seo.

- Precisa mesmo fazer isso toda vez? - Min Ho fica sempre indignado com a minha falta de controle quando se trata de Chris, já que sou absolutamente controlada com tudo na vida.

- Você sabe o que ele significa para mim, não é? Ele é uma falha que eu não posso ter, não quero jamais fazer com alguém o que meu genitor fez com a minha mãe.

- Você é certinha demais. - Ele revira os olhos. - E ele está te encarando. - Min Ho acena com a cabeça para Chris.

- Para de olhar para a mesa dele e não faz isso. - Sussuro em tom de repressão.

O jantar estava ótimo, a companhia de Min Ho sempre me alegra e me distrai, mas acabou e precisamos voltar para casa.

- Querem uma carona comigo e Yumi? - Chris pergunta e vejo Yumi me fuzilar com os olhos, mas rapidamente desvio o olhar e nego com a cabeça.

- Valeu mesmo, cara, mas viemos no meu carro. - Min Ho diz me levando para fora do restaurante.

Chegando em casa, entro pela porta dos fundos e corro até o meu quarto. Fico lá o restante da noite, já que Chris ia dormir naquela casa hoje.

my fated oneOnde histórias criam vida. Descubra agora