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Yunho se sentia tonto.

Perdeu a conta de quantas latas de Budweiser havia tomado depois de ajudar a secar a jarra de caipirinha. Se recusava a tomar vinho porque achava que era bebida de fresco, mas engoliu sua própria concepção sobre isso quando pousou os olhos no único curitibano do recinto, que parecia aproveitar sua batida de vinho porque toda vez que o copo secava, ele ia até a cozinha reabastecer.

O flamenguista estava injuriado consigo mesmo. Depois de descobrir, através de Samuel, que ele retocava suas madeixas loiras todo mês — recebendo o título de loiro de farmácia —, acabou por depositar uma atenção especial aos fios de tom platinado e com uma aparência tão sedosa que lhe despertava uma intrínseca vontade de tocar com as próprias mãos. Será que eram tão macios como aparentavam? Será que, de alguma forma, Yeosang permitiria que Yunho descobrisse por conta própria a textura de seus cabelos invejáveis?

Só poderia estar ficando louco. Victor achava estar se estranhando. Tudo bem que, desde antes da festa começar, o estudante de Arquitetura e Urbanismo que tinha uma preferência individual de se manter quieto durante as conversas paralelas, rondava os pensamentos do nordestino, lhe causando genuíno interesse em descobrir mais sobre ele. Mas, arre-diabo, pensou que isso se dissiparia depois de uma boa bebedeira.

Para a sua infelicidade e surpresa, esses pensamentos inusitados ganharam ainda mais intensidade com o álcool correndo em suas veias. Não estava completamente bêbado para não ter consciência e noção do que estava fazendo, mas o suficiente para sentir seu corpo mais leve e seus sentidos mais entorpecidos. Piscava devagar e, de vez em quando, o som da música e das vozes ao fundo parecia abafado em sua mente.

Amassando sua lata de cerveja vazia com uma das mãos, Yunho soltou um grunhido frustrado e marchou até a cozinha, encontrando Wooyoung tentando abrir uma garrafa de Smirnoff com uma faca.

Ele também já estava começando a ficar ruim.

— Mas que caralho, essa porra não abre. Vou 'tacar na parede, quero ver não abrir esse cacete!

— William, rapaz, o que tu tem nessa tua cachola pra achar que vai conseguir abrir esse diacho com uma faca?! — Yunho questionou inconformado, indeciso entre achar a cena cômica ou extremamente burra. — Claro que não abre, macho!

— Enfiaram no cu o abridor de garrafa porque eu já revirei essa cozinha toda e não acho! 'Tô tentando com o que eu tenho em mãos, parça!

— Eita, bicho véi abirobado. Me dê essa disgrama aqui, ande!

Victor tomou a garrafa das mãos impacientes de seu amigo e, com uma habilidade invejável, retirou a tampa apenas a forçando contra a ponta da pia. Entregou a garrafa de vidro para o corintiano, que o olhava embasbacado.

— Caralho, Vitinho, valeu, irmão! — ele ficou tão feliz em virar um gole generoso da bebida que era tão gostosa que nem parecia ser alcoólica, que se empolgou ao deixar um beijo exagerado na bochecha de Yunho. — 'Cê é parceiro memo, cuzão. Mano, satisfação demais. Se você fosse uma mina, o beijo ia ser na boca!

Yunho automaticamente arregalou os olhos e limpou sua bochecha como se tivesse sido contaminado por alguma doença contagiosa.

— Lá ele mil vezes! Oxente, tá me estranhando, rapaz?! Porra de beijo, macho, aqui é Flamengo!

Wooyoung apenas gargalhou e saiu saltitando até a sala, pronto para mudar o som e colocar algum funk pra poder embrazar com sua garrafa de Smirnoff na mão. Victor ficou sozinho na cozinha de novo, e buscou por outra latinha de cerveja. Estava com calor, pois além daquela noite de São Paulo estar excepcionalmente quente, o álcool ajudava a subir a temperatura de seu corpo. Por isso, limpou o suor acumulado em sua testa usando a barra de sua camiseta sagrada do rubro-negro.

REVOADA | WOOSAN 💯🇧🇷Onde histórias criam vida. Descubra agora