Crystal
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Olhei para Kyra, antes de seguir minha mãe, confesso que tive vontade de segurar sua mão e pedir que ela subisse comigo, mas também sei que eu precisava ter essa conversa a sós, dei um pequeno sorriso para ela, que me olhava um tanto preocupada.
Respirei fundo e fui até a escada dando uma última olhada na garota que ficaria me esperando, mãe estava parada no corredor me aguardando, seguimos até meu quarto em silêncio e isso estava me deixando inquieta, sentia as palmas de minhas mãos suarem, ouvia passos atrás de mim e tinha plena certeza que era meu pai.Seria muita covardia se eu saísse correndo daqui?
Ter esse tipo de conversa e falar sobre o que sentia me deixava um tanto desconfortável.
Entramos no meu quarto, mãe se sentou na cama, fiquei travada do lado da escrivaninha, apertando minhas mãos uma na outra.
— Senta aqui – bate no lugar do seu lado da cama. A obedeci igual quando ainda era criança. — Tem alguma coisa que você queira nos contar? – sua voz calma, me deixava menos tensa.
Dou um suspiro profundo mordendo o canto da boca, encarava minhas mãos como se fosse algo muito interessante — Tenho…
— Sabemos que você não é muito de falar… sobre o que sente Crystal, seu pai e eu percebemos isso um pouco tarde – suspirou — Mas isso não quer dizer que, não prestamos atenção em você, muito pelo contrário – seus dedos vem em meu queixo, me fazendo olhar pra ela.
Meu pai pegou a cadeira da escrivaninha e pôs em nossa frente, se sentando olhando para mim — Estrelinha, seja lá o que for pode falar! Eu e sua mãe… vamos entender
Continuei mordendo o lábio, e os pressionando um no outro, minha mãe pegou em minha mão, percebendo que eu estava apertando as unhas na palma da mesma, sempre fazia isso quando estava nervosa.
— E-eu… – respirei fundo — Percebi que gosto de garotas… não gosto de meninos
— Filha, você só teve um namorado na vida, você tem certeza que…
— Eu tenho certeza pai! – tomei coragem e o olhei — Se tem uma coisa que tenho certeza agora… É que eu amo uma garota
Meus pais se olharam em silêncio, mamãe tentava manter uma expressão calma, seu aperto em minha mão ficou um pouco mais forte me fazendo olhar para ela
— Filha, por que você não contou isso pra gente? E porque namorou com o filho da Margareth?
— Porque pensei que ia conseguir sentir o que eu ouvia as meninas do colégio falando, o que Hellen também falava quando ficava com o namorado dela – dou de ombros — Depois que vi que não dava… continuei mesmo assim, porque pensei que eu era errada – abaixei os olhos, sentindo eles começaram a marejar — Também via o jeito que vocês ficavam, quando pensava em me casando mais pra frente e tendo uma família tradicional… Eu só não queria estragar os sonhos de vocês
— Passou por essas coisas tudo sozinha? Por medo de nos deixar tristes – dá um suspiro pesado, se levantando da cadeira — O que eu e sua mãe sonhamos e planejamos para você, não é nada se esse plano não te fizer feliz filha, olha pro pai – o encarei, seus olhos castanhos estavam ficando avermelhados — Se você gosta de garotas tá tudo bem
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(Nem) Todos os Clichês São Iguais
RomanceAs vezes precisamos olhar para dentro de nós, para descobrir quem realmente somos, e isso nem sempre é uma missão fácil, dúvidas, questionamentos, inseguranças, medos, tudo isso fazem parte do processo. Mais a jornada se torna mais fácil quando tem...