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OLHA AQUI, SE É PARA ESPALHAR FOFOCA MINHA, AO MENOS ESPALHA CORRETAMENTE! — A voz de Beatriz Wong é ouvida no corredor, direcionada ao japonês ao pé dos cacifos e com certeza todos ali presentes já previam o que ia acontecer. A recém loira estava sendo, literalmente, fofocada entre várias pessoas por conta de uma fofoca completamente mal contada — e isso era o que Yuta Nakamoto mais sabia fazer melhor; contar fofoca pela metade ou errada sempre era motivo para alguém se afastar dele por ele simplesmente não procurar se informar direito, mas digamos que Beatriz Wong não ia deixar a fofoca rolar como os outros, mas sim confrontar o Nakamoto e fazer o que eles fazem melhor: brigar. 

Bons de briga. Bons mesmo. 

— Ué, você ficou com aquele mendigo lá, isso eu não menti. 

— Mas todo o resto contou tudo errado! Cara, como eu te odeio. — Ela diz quase explodindo em cima dele, fechando a porta do cacifo dele com a maior brutalidade quando ele tentou abrir, colocando-se de bicos dos pés, começando a desatinar com o Nakamoto que lhe retribuia da mesma forma, mas claramente ele respondia-lhe no deboche, tentando a calar como sempre era o objetivo. Mas claro que Wong não se falaria pois ela era como Yuta: seria sempre a última a falar, mas com o Nakamoto era bem difícil algum acabar por último repetidas vezes. — Se você não conta a fofoca direito, você vai pagá-las. Depois não venha chorar. Espero bem que entenda o que estou falando. — Yuta passou a encará-la sério quando percebeu onde ela queria chegar, rapidamente afastando-a e indo-se embora sem menos ir ao cacifo como tanto queria. 

Wong respirou fundo e ajeitou seu cabelo recém pintado loiro após um mero surto, xingando o Nakamoto com todos os xingamentos que conhecia em ambas as línguas dominadas, indo para a aula quando deu o toque de entrada, pensando sobre se ele iria realmente resolver as coisas ou se ainda iriam continuar aquela briga, pois mal tinha começado; isso era mais do que certo. 

Yuta e Beatriz não se consideravam amigos, nem colegas, nada. Eles se consideravam duas pessoas que se suportavam por serem vizinhos, por terem crescido juntos — literalmente — e com o passar dos anos discutirem ainda mais pois Yuta sempre dava em cima das amigas da garota e ainda era capaz de dar um belo bolo ou mesmo um fora sendo que ele que começava as porcarias, deixando a garota fula com ele pois ela via mais do que bem que era ele começando. 

Se Yuta era broxante era pouco, mas que ele era bom nas palavras e em manter o olhar no da mais nova e ainda belos vinte e dois centímetros mais baixa... oras, isso ele era ótimo. 

Os dois eram realmente bons de briga, mas não só. E isso talvez seja a explicação do porquê não brigarem tanto, mesmo que seja começado o dia com algum deles brigando pois mesmo conseguindo dizer na cara um do outro que não são nada — nem mesmo lembram para os amigos que são também vizinhos —, mas esperam um pelo outro para apanharem o autocarro juntos, e ainda brigavam sobre quem ia do lado da janela. Essa era a briga matinal, e depois tinha a do almoço, a de antes do jantar pois era quando eles iam para a faculdade, e a antes de dormir, que sempre era por mensagem e Yuta que começava, sempre atacando sobre algo, falando sobre algo passado, ou mandando algum link aleatório criticando algo que a garota gosta porque simplesmente não sabe o que significa a frase "cada um tem seus gostos". 

Mas desde que algo aconteceu entre os dois universitários na paragem de autocarro, segundos antes dele chegar, mudou drasticamente a vida deles. 

Além de serem bons de briga, eles eram bons de beijo. 

Oh como Wong amava a língua furada com piercing enfiada na sua boca e os dentes brancos e perfeitos mordendo seus lábios enquanto os lábios dele a deixavam mole com o beijo. 

Oras, aquilo derretia-a por completo, mas não passava disso. No máximo, Yuta já a colocou no seu colo, já apertou tudo o que podia apertar, já levou as mãos até onde não devia, mas ela sempre mete o travão por lembrar do quão babaca era Yuta e como iria se foder se continuasse com aquilo. 

Yuta não era homem para si nesse requisito, apenas para ser bom de briga. 

Por mais que naquele final de tarde ele estivesse por cima de si e beijando quase todo seu corpo, ainda assim ela colocou o travão e disse o odiar, mandando-o para casa e esperando que toda a fofoca ao menos fosse bem contada, mas desejando bem no fundo que Yuta jamais dissesse o que eles faziam, já que ele era um tremendo fofoqueiro.

Pois, ninguém precisava saber que eles, além de bons de briga, eram bons de beijo. 



Bons de briga | yuta nakamotoOnde histórias criam vida. Descubra agora