O Portal no Desconhecido

Finalmente o dia esperado da semana chega, a sexta-feira, o único dia da semana em que James tem o dia inteiro só com sua mãe, ele a ama mais que tudo, mas sabe que ela sempre está ocupada com o trabalho, o que atrapalha a relação de mãe e filho. Sua mãe sabe como ela é ausente na vida do pequeno, então fez uma promessa, toda sexta no final da tarde, eles saem de casa e vão para o shopping, para ver um filme, comer alguma coisa, ou apenas andar nas lojas.

Sua mãe terminava de se arrumar, e James, extremamente contente, pulava e corria para todos os cantos. Os dois entram no carro e assim se dá o início ao passeio. O shopping da cidade era pequeno, mas cheio de pessoas de todos os lugares, seu estilo conforme a época, 1980. Em sua entrada havia colunas largas de azulejos com tom amarelo e azul pastel, suas paredes eram brancas, com grandes janelas mostrando todo seu interior. James e sua mãe caminhavam nos corredores do shopping, o garoto percebeu que havia uma loja nova, um fliperama, ele deu gritos de alegria e puxava o casaco da mãe para conhecer aquele lugar, ela ficou pensativa por alguns segundos, até que não resistiu a alegria do filho e foram em direção ao local, assim que chegaram na entrada, sua mãe recebeu uma mensagem do seu bip, um de seus clientes estava tentando contatá-la. 

Filho, a mamãe tem que resolver umas coisas do trabalho.

Mas você disse que hoje seria nosso dia, - o brilho no rosto do pobre menino estava desaparecendo - a senhora prometeu…

Somente com aquela reação fez o coração da mãe se desmanchar de remorso, ela se ajoelha e o dá um beijo doce em sua testa.

Eu sei meu pequeno, eu não vou quebrar essa promessa, só vou atender essa ligação, enquanto isso porque não explora o fliperama novo enquanto eu não venho? Assim que eu terminar, vamos jogar todos.

O menino assentiu e seguiu em frente.

Assim que entrou no fliperama, seus olhinhos brilharam com tantas luzes e brinquedos coloridos, o lugar era grande, com carpete colorido e iluminado por luzes neon, enquanto caminhava e admirava cada brinquedo, algo o fez perder total atenção das outras coisas, aqueles brinquedos e cores radiantes perderam sentido até ele ver a porta no fundo do corredor, observando, a porta parecia como todas as outras, mas para o menino, era como se algo ou alguém atrás daquela porta o convidasse para entrar. Como Bela adormecida foi hipnotizada para a roca de fiar, James foi hipnotizado pela porta, foi caminhando lentamente, por um momento, o menino parou e olhou em volta, ninguém ligava para aquela porta, todos estavam focados apenas nas telas, e então sem mais nem menos, James ficou na ponta dos pés e segurou a maçaneta, estava muito escuro lá dentro não conseguia ver nada, mas ainda assim, ouvia sua mãe o chamar com uma voz doce e angelical.

Venha meu garotinho, vamos brincar o dia inteiro, sem interrupções, sem nada para nos atrapalhar, somente eu e você.

Com um largo sorriso no rosto, James entrou correndo para aquele vazio, enquanto a porta se fechava diante nele, pobre garoto, aquela voz não era de sua mãe.

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O lugar era escuro e silencioso, diferente dos outros lugares no shopping.

Por aqui, siga minha voz e achará o caminho.

Com dificuldade, o menino anda em direção à voz, quando percebe que um pouco mais a frente, há um novo lugar, um pouco mais claro, e é exatamente a direção em que a voz está. Seus olhos ficam fechados por alguns segundos por causa da luz, mas assim que abre, algo não faz sentido, ele está no shopping, no exato corredor onde fica o fliperama, mas está tudo diferente, mais obscuro e silencioso, o lugar não havia mais aquelas cores radiantes, apenas neutras, até a luz do lugar era um cinza-escuro, as janelas onde mostravam o céu agora mostram apenas um vão cinza, sem nenhum movimento.