Capítulo 49

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Mahelí narrando

Essa história se parecia com a de Alix. Talvez ela tenha escolhido o nome do filho dela ou lembrava do sobrenome do homem com quem teve o bebê.

- A senhora lembra do sobrenome desse homem, com quem teve filho?

- Sim, Chevalier. - Meu coração disparou. - Inclusive tive meu filho na França, por medo de alguém aqui na Espanha descobrir. O pai dele era de lá. - Tentei controlar a ansiedade.

- Se a senhora fosse dar um nome para seu filho, como seria?

- Alix, o nome do meu pai. Queria dar esse nome ao meu filho. - Meus olhos encheram se lágrimas.

- Eu acho que a senhora é minha sogra. - A olhei e as lágrimas escorreram.

- Como assim? - Ela me olhou com as sobrancelhas franzidas.

- Meu esposo se chama Alix Chevalier. Sua mãe o abandonou quando recém nascido. Ele nasceu na França, terra natal de seu pai.

- Mentira! - Ela tapou a boca com as duas mãos. - Então vou ser vó?

- Sim. - Ela me puxou para um abraço e nos permitimos chorar.

- Como Alix é? Me fale sobre ele. - Ela falou em meio as lágrimas.

- Ele carregava muitas dores, traumas. Não conseguia confiar nas pessoas, era frio. Mas para mim, ele mostrou que existia um outro Alix lá no fundo. Só que esse Alix era ofuscado pelo Alix dominador, controlador, o Alix sombrio. Já sofri muito por amar uma pessoa como ele, mas valeu a pena. Hoje Alix é um homem ímpar, faz questão de estar comigo o tempo todo. Sou muito mimada por ele. - Sorri. - Ele é o tipo de homen perfeito. Fora que ele é lindo.

- Por que eles te trouxeram para cá? Estava pra te perguntar isso, só que eles ficam nos rodeando.

- Fui sequestrada enquanto lanchava com meu filho do coração, a senhora tem que conhecer Igor. Ele é um amor de criança, ele é filho do melhor amigo de Alix. É uma longa história. - Sorri. - Seus pais faleceram, a mãe faleceu recentemente, daí ela pediu para ficarmos com ele. Voltando na história porque eu vim para cá, a ex de Alix que pagou para Remo me sequestrar.

- Você são anjos na terra. Eu devo minha vida a você, agora por duas vezes.

- Eu só amo o que faço. - Sorri para ela.

- Eu me sinto feliz, de te ter como nora. Sei que vai ser difícil ele me perdoar, mas só de saber que ele está bem eu fico reconfortada. Vamos arrumar um jeito de te tirar daqui. Como é o nome dessa vaca, que mandou te sequestrar?

- Lena. Ela ia casar com Alix, no dia do casamento ele descobriu a traição.

- E agora ela manda te sequestrar porque é uma infeliz. Deixe ela comigo, eu sei ser ruim quando quero.

- Não se prejudique por minha causa, por favor.

- Ninguém mexe com minha família. Eu te devo muito.

- Mamãe, a senhora está bem? - Remo entrou no quarto.

- Esqueceu como bater na porta? - Ela o repreendeu.

- Dá pra ver que está melhor. - Ele sorriu. Até o sorriso dele dava medo.

- Graças a essa mocinha aqui também. Eu exijo que a solte. Por que ela está aqui? É uma ex sua? - Ela se fez de desentendida.

- Mamãe, eu sei que devo muita coisa a Mahelí, certo? Mas não é tão fácil assim, não posso solta-la agora.

- Por que não? Vai esperar entrar em trabalho de parto? Foi isso o que te ensinei Remo? - Ele abaixou a cabeça. - Sempre falei para você cuidar das mulheres e das crianças. Não foi isso?

- Sim senhora. - Ele abaixou a cabeça.

- Por que pegou uma mulher grávida? Qual o objetivo?

- Uma pessoa me pagou para fazer isso. Mas eu não tenho nada haver com isso, está bem? - Se ela soubesse que ele leiloada mulheres...

- Então dinheiro vale mais do que a educação que te dei?

- Não senhora.

- Então você vai desfazer essa besteira, ou eu mesmo desfaço.

- Vou desfazer. Desculpe. Devo muito à Mahelí, ela já te salvou por duas vezes. A senhora é o que tenho de mais precioso. - Ele continuava de cabeça baixa.

- Traz essa safada aqui, vou dar uma coça nela. Já estou ciente de quem foi, pois a vi aqui em casa com muita frequência. Sabia que alguma besteira estava por vir.

- O pai dela é mafioso, a senhora não pode fazer nada com ela, mamãe. - Ele levantou a cabeça para olha-la.

- Ela poderia ser até filha do diabo, não mexe com quem eu amo. Eu devo a minha vida, por duas vezes, a Mahelí. Se você não quiser que eu me meta, resolva isso.

- Sim senhora. - Remo caminhou até a porta. - Com licença.

- Eu não sei como agradecer a senhora. - Dei um abraço nela.

- Até mais tarde você estará em casa. Deixe seu contato anotado, vou querer conhecer meus netinhos.

- Com certeza. Vou conversar com Alix sobre a senhora, sem dizer quem realmente és.

- Eu nem vou alimentar esperanças, sei que deve ser difícil para ele.

- Mas a senhora teve um motivo para abandona-lo, Alix está mudado. Bom, pelo menos vou tentar.

Após algumas horas, o segurança que ficava com Lucero entrou no quarto para me buscar.
Me despedi de Lucero e fui caminhando em direção a porta da saída, meu coração estava disparado.
Remo estava do lado de fora, perto do carro.

- Mahelí, me desculpe por isso. Obrigado por salvar a vida da minha mãe, por duas vezes. Não sabia que tinha sido você. Fica em paz, não vou deixar ninguém tocar em você, nem nos bebês.

- Se cuida Remo. Cuide de sua mãe, ela é rara.

- Ela é minha maior riqueza. Obrigado por tudo. A essa altura, Alix já sabe que foi eu quem mandei te sequestrar, fala para ele que está tudo bem. Vou manter distância, mas estarei cuidando de você de longe.

- Não precisa se esforçar. Está tudo bem.  Ainda dá tempo de mudar, Remo. Não falei para sua mãe sobre o tráfico de mulheres, ela não merece ser decepcionada.

- Obrigado. Vou tentar mudar. Mas é muito difícil, eu gosto desse ramo.

Caminhei até ao carro e sentei no banco de trás. Estávamos em outra cidade, demorariamos cerca de seis horas na estrada, para chegar em casa.

Alix narrando

Faz uma semana que Mahelí foi levada, não estou conseguindo dormir nem me alimentar.
Estou vivendo em desespero, um pesadelo que não acaba.
Não posso invadir a casa de Remo, posso acabar estragando tudo.
Mahelí está com quase nove meses de gestação, fico pensando se ela entrar em trabalho de parto lá naquele lugar.

Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora