Capítulo 8

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As duas continuaram lendo e foleando os livros, o que Lily por não ser tão acostumada a ler perdia o raciocínio poucas palavras depois que começava, alguns dos diários eram mais cadernos de estudos, falavam sobre coisas diversas como um certo estudo sobre a família real, Robert, o rei, tinha uma esposa, chamada Martina, que faleceu poucos anos depois deles se casarem, apesar da época no caderno citava que os dois se amavam muito mesmo sendo um casamento arranjado.

Oque ajudou as W entenderem o porquê de alvorianos falarem e entenderem tão bem o português era que antigamente como todos recebiam uma certa quantidade de pessoas novas (mesmo que a maioria acabou achando a ilha por engano ou imprevisto) eles eram adeptos a aprender línguas novas para serem receptivos aos visitantes, não se sabe oque mudou para eles se tornarem tão temorosos e receosos com os turistas e muito menos o porquê de quase ninguém da atualidade saber sobre essa ilha.

- Alice... vamos dormir... Já deve ser quase cinco da manhã... - Lily diz com voz de súplica enquanto olha um livro de cabeça para baixo em suas mãos.

A morena então com um suspiro concordou e se levantou esquecendo por um segundo Fricassê que ainda estava adormecido, logo deu meia volta e com cuidado e uma precisão cirúrgica Alice o pegou nos braços.

Quando se virou Lily já não estava mais ali "ela deve estar no quarto agora" pensou Alice indo também ao quarto que lhe fora apresentado como seu e de Lily por Eliza.

O quarto não era diferente dos outros da mansão, o que o diferenciava era apenas a segunda cama posta na parede oposta a de Lily, onde a mesma dormia com seus cabelos de cor rosada bagunçados e espalhados pelo travesseiro.

Alice decidiu não a acordar pelo próprio bem e arrumou em sua mochila um lugar onde Fricassê pudesse dormir até se recuperar quando ela o colocou lá não tinha visto que deixara seu livro Frankenstein na mochila logo com uma fumaça leve e quase transparente Fricassê desapareceu.

A morena no desespero abriu o livro e lá estava o ganso dormindo tranquilamente parecendo uma animação stop-motion antiga.

A garota suspirou aliviada e enfiou o livro novamente na mochila e se deitou em sua cama, sua mente por mais acordada que estivesse seu corpo estava cansado como se um bando de touros tivessem atropelado ela, suas pálpebras se tornaram pesadas logo a fazendo adormecer em um sono profundo, quando seus olhos se abriram novamente já estava no dia seguinte.

Alice olhou para o outro lado do quarto vendo que Lily não estava mais em sua cama, oque geralmente acontecia em sua casa, Lily sempre acordava mais cedo que Alice não importava a hora que fossem dormir.

A morena se levantou de sua cama colocando uma calça preta e uma regata branca, junto a seus tênis azuis-escuros, em seguinte ela saiu de seu quarto descendo as escadas dando de cara com Safira, Johnny e Lily conversando.

- O que vocês estão fazendo aqui? - perguntou Alice olhando para os recentes amigos sentados no sofá da mansão.

- A gente estava te esperando acordar - Lily fala enquanto lixa suas unhas.

- Se é assim, eu estava pensando de hoje a gente ir à biblioteca - a morena fala ficando de pé ao lado dos sofás.

- Jhon Jhon vai ser a melhor pessoa para guiar a gente, ele conhece aquela biblioteca de cima a baixo como a palma da própria mão - Safira diz enquanto limpava seus óculos de aviador com a barra de sua camiseta.

- Nem é para tanto - o ruivo dizia enquanto corava minimamente.

- Mais leitura? Ah não... - a rosada dizia cruzando os braços de cara feia.

- Ah! Uma coisa, ontem a noite achamos alguns livros em um escritório aqui na mansão - Alice fala enquanto ignorava as reclamações de Lily.

A garota explicou tudo que lia na noite anterior para os amigos, mas Safira não parecia tão surpresa quanto Johnny.

- Eu já ouvi uma história assim... - Safira fala enquanto tentava se lembrar - acho que tem até um poema sobre isso... Como era? - a azulada pergunta a si mesma tentado lembrar.

- "Rubens, Rubens, por que tão curioso?" - Johnny fala olhando para Safira em seguida.

- "Um serviço inacabado" - Safira completou.

- "O deixou amalucado".

- "No alto da torre do imperador".

- "Estará cheio de dor".

- "Para sempre trancafiado".

- "Rubens Carfa condenado".

Johnny e Safira falaram como se aquilo fosse decorado, as gêmeas se entre olharam e Lily solta:

- Macabro... - ela fala em um tom de voz assustado olhando para sua irmã.

- É por que vocês não viram nem metade dos poemas daqui - Safira diz rindo logo em seguida.

- Nós alvorianos escrevemos poemas em vez de histórias grandes - o ruivo completa sorrindo sem graça.

- A gente tem várias cantigas sobre coisas que acontecem no reino, tem aquela da peste do rato não é Jhon Jhon? - a azulada pergunta ao rubro que concorda com a cabeça.

- Vocês não sabem o que é jornal não? - Lily pergunta incrédula recebendo uma cotovelada da irmã - Ei!

- O primeiro jornal impresso surgiu por volta de 1600, você acha que eles têm jornal? - Alice fala irritada olhando para Lily.

- Jornal? - Johnny pergunta confuso.

- São parecidos com livros só que contam as notícias, a última notícia que li foi um acidente de trânsito na Itália, foram três mortos e sete feridos - Lily fala voltando a atenção para suas unhas - coitados... Dos feridos foram duas crianças...

- Ah, sim, fortices, geralmente são crianças que entregam.

Assim que ele termina sua fala Lily dá um tapa no braço de Alice, era uma brincadeira que elas inventaram de fazer desde crianças toda vez que uma estivesse certa e a outra errada a que estava certa tinha o direito de dar um tapa com toda a força no braço da outra, Eliza odiava essa brincadeira, mas não tinha como parar as duas.

Os amigos discutiram mais alguns minutos antes de finalmente saírem da mansão.

- A biblioteca não fica longe - o rubro diz dando um sorriso animado - vamos!

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