A CIDADE MURADA
CONTO – FICÇÃO CIENTÍFICA
C.ANTONHOLI
Jilly nasceu enquanto aquela guerra interminável arrasava o continente Pommo por detrás das muralhas de Corona, conhecida como 'a cidade murada', situada bem no centro do planeta Sillus.
Diziam que os nativos, os greos, brigavam com os camorras - assim chamavam os invasores vindos do planeta Terra há duzentos e trinta anos. O motivo da guerra que se estendia desde a invasão, diziam, era a luta pelo poder no restante da pequena esfera. Corona havia sido murada naquela época para proteger as mulheres e as crianças, que eram minoria, enquanto os homens engrossavam o exército para lutar contra os camorras. Ficou acordado, então, que quem a atingisse aquela frágil colônia (assim a chamavam), acionaria o poder do deus Gosh e seria por ele imediatamente exterminado.
Corona passou a ser o único lugar seguro durante todo este tempo no pequeno planeta Sillus que, acreditam os iniciados, ser na realidade uma estrela que orbita em torno do sol Nelluz da galáxia de Sephon.
As mulheres e as crianças da época em que a guerra iniciou já não existiam mais. Após tanto tempo, famílias inteiras foram formadas dentro da "colônia" e iniciava, quando Jilly nasceu, a terceira geração. A vida em Corona era normal como em qualquer outro lugar antes da guerra, desde que ninguém saísse pelos portões ou atravessasse suas muralhas. Entre os seus fundadores havia também mulheres e crianças do planeta Terra, trazidas pelos homens para colonizar aquele que era o único lugar do universo com as mesmas características de seu planeta de origem. Quando a guerra começou, o planeta Terra estava em seus últimos dias. Em Sillus não tiveram notícias sobre o que aconteceu depois com o planeta azul.
A primeira família surgida entre sillusianos e terráqueos, havia começado de uma rivalidade entre Jana, que queria proteger seus quatro filhos do gigante Hetius. O homem havia perdido uma de suas pernas na batalha e tinha sido levado à Corona para cuidar dos ferimentos. No início era permitida a entrada de feridos da guerra naquela cidade, porém logo as regras ficaram mais rígidas e ficou proibido este tipo de ocorrência naquele lugar.
Hetius queria para ele o abrigo que protegia Jana e seus filhos da chuva ácida. Estava com muita fome e ameaçou comer um dos meninos. Mesmo sem uma perna, conseguiu colocar todos para fora com seus enormes braços e entrou sem cerimônias. Jana chamou sua irmã Sara para ajudar a expulsar o gigante e salvaram o jovem Davi antes que fosse o prato principal na refeição do gigante, porém não conseguiram voltar para o abrigo devido o tamanho e força daquele homem. Morreriam não fosse o aparecimento de Trollus, irmão de Hetius, também ferido na batalha. Trollus pensou em entrar na briga, mas quando viu Jana frágil e desamparada com sua irmã e os quatro filhos, ficou apaixonado e não permitiu que o irmão mais velho continuasse com aquele ato de covardia. Foi quase que uma estratégia, mas Jana também se encantou pelo irmão do gigante Hetius e o convidou para formar uma nova família. Hetius desistiu da briga, pois não queria confrontar o irmão e também porque não teria mais forças para viver em combate. Foi viver sob a proteção de uma caverna na montanha de Gellis.
De Trollus e Jana nasceu Gollis que se casou com a prima Mira, filha de Sara com Jannos, que também era um sillusiano. Antes, Jana e Sara haviam recebido a notícia de que Rick e Adrian, seus companheiros, haviam sido mortos na guerra. Foi da união entre Gollis e Mira que nasceu Jilly.
Jilly cresceu ouvindo as histórias que o avô Trollus contava. Histórias de dentro e de fora da cidade murada.
Trollus ficava sentado em um pedaço de rocha enquanto Jilly brincava com o pó prateado do solo sillusiano apreendendo as histórias. A comunicação era na sua maior parte telepática. Poucas vezes trocavam palavras e quando ocorria geralmente se entendiam, pois o dialeto sillusiano era muito próximo ao latim terráqueo. O tempo de convivência entre as duas espécies também as habilitavam ao entendimento.
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A CIDADE MURADA
FantasyConto de fantasia escrito por Carlos Antonholi em 2014, que conta o início da saga de Jilly. O garoto descobre a farsa que existe nas histórias contadas a respeito do que acontece por detrás das muralhas de Corona. Primeiro capítulo da saga ALEM DA...