Adeus.

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  Parecia que naquele dia...que até mesmo o céu entendia que aquele era um dia ruim.

  Só não imaginavam que fosse tão ruim. 

  As nuvens de chuva ameaçavam uma tempestade a quase todo momento, uma sensação ruim vinha junto a cada rajada de vento frio, a mesma corrente fria que levou o pássaro negro até a janela. O garoto com a cabeça raspada terminava de organizar as poucas coisas dentro da casa de seu mestre, uma casa tão grande e tão vazia…

  O barulho de asas batendo, aquela sensação estranha enchendo seu peito. Genya se virou, olhando para Zekka, era a primeira vez que o corvo aparecia em silêncio, normalmente a voz de Zekka era ouvida da estrada do templo anunciando a Gyomei e a qualquer outro capaz de ouvir, que o Pilar da pedra havia chegado em casa.

  Dessa vez não ouve gritos, o corvo permaneceu parado, como se não soubesse mais como falar.

— Sinto muito, jovem Genya… – O corvo disse com a voz engasgada, lágrimas grossas escorrendo por seus pequenos olhos. 

— Zekka, Mestre Himejima…ele já está vindo, não é? – Genya perguntou, não queria acreditar, não podia acreditar. – Ele precisa de ajuda? Aconteceu alguma?

  O corvo balançou a cabeça, se recompondo. O mensageiro estufou o peito, mesmo que tentasse, era impossível controlar as lágrimas que escorriam de seus olhos. 

— E com pesar que eu informo… – Zekka falhou, o corvo do pilar mais forte, falhou…sua voz se negando a sair. – que Himejima Gyomei, o pilar da Pedra…foi morto em batalha contra a Lua Superior 1.

  Naquele momento, os céus choraram. Genya chorou, seus olhos arregalados em descrença, o garoto se curvou no chão, segurando seu peito enquanto as lágrimas lavavam seu rosto. A dor, a descrença, todos aqueles sentimentos emergindo de seu âmago junto a um grito desesperado.

 Então era assim a sensação de perder um pai? Dói tanto…

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  Nem mesmo um único caçador conseguia acreditar, todos parados enquanto os kakushis traziam o corpo do pilar da pedra. O pilar mais forte havia morrido, o pilar mais forte foi derrotado, como poderiam vencer? A desesperança era algo que até mesmo o mais confiante dos homens sentia em meio aquele momento, em meio a aquela perda.

 Os pilares permaneceram na linha de frente, a terceira vez que se encontravam ali, a segunda para alguns. Primeiro perderam Kanae, depois Kyojuro e agora Gyomei. Sanemi segurava as lágrimas como podia, seu coração se quebrando ao ver Genya parado do outro lado junto de Tanjiro e os demais caçadores de demônios, sendo consolado pelo Kamado.

  Para a dor de Kagaya, infelizmente o Mestre dos caçadores não tinha forças para dar suas condolências a todos, o Ubuyashiki chorava…lágrimas de sangue queimando suas feridas. 

Maldito seja Kibutsuji Muzan.

 Amane subiu ao pequeno palco, ao lado da imagem de Gyomei, a mulher limpou rapidamente as lágrimas com um lenço, respirando profundamente.

— Eu sei que muitos de vocês estão se sentindo perdidos nesse momento, infelizmente a saúde frágil do mestre o impede de vir até aqui nesse momento tão difícil. – Amane fez uma pequena pausa, olhando para cada um ali, cada feição triste e desolada. – Hoje perdemos mais um de nossos pilares, para muitos um exemplo, um amigo, um pai…

  Genya se segurava como podia, seu coração dóia tanto, o garoto não conseguia, não conseguia não chorar. Ele não era forte, Gyomei também não gostaria que ele fosse.

Como que faz pra você voltar? - Gyomei e GenyaOnde histórias criam vida. Descubra agora