19 - "'Cause the truth is a lie that nobody can tell"

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"Queria me ver, Madame Kouyou?" — Chuuya perguntou.

Se fosse escolha própria, ele não teria aparecido.

Sua mente era um turbilhão. Não se julgava preparado para voltar a confrontar a não-vida como se tudo estivesse perfeito.

Mas estava. Precisava estar. Porque havia problemas maiores do que seus sentimentos feridos.

A artística sala de jogos do Instituto Escarlate recebeu Chuuya com dardos sendo atirados em alvos. Um bom número de vampiros se encontrava na sala.

Kouyou era uma deles, acomodada numa poltrona macia e abarrotada de almofadas.

"Chuuya, junte-se à mim." — ela acenou. Fez um movimento em seu jogo de cartas com Kyōka e os morcegos pintados no cinco de espadas bateram as asas.

Chuuya tomou uma poltrona na rodinha.

"Jun'ichirō está ensinando Aya a jogar gamão." — Kouyou contou.

De fato, no canto oposto da sala os dois se inclinavam sobre uma mesa de madeira envernizada. Aya parecia tão melhor. Corada, com força nos braços e as madeixas do cabelo sedosas.

"Acho crucial que ela receba excelente educação em todas as áreas." — Kouyou prosseguiu, averiguando sua mão de cartas — "Ela terá aparência de criança por toda a eternidade, quanto mais habilidades, melhor."

"Fazemos o nosso melhor com o que foi feito de nós." — Chuuya comentou.

Kouyou lançou-lhe um sorriso satisfeito. Mas então franziu a tez, parecendo lembrar de algo.

"Chuuya, chamei-lhe aqui pois devemos tratar de um assunto sensível." — disse — "Há rumores de que seu parceiro se tornou um perigo para os vampiros."

"Meu parceiro...?" — Chuuya pausou — "Dazai?"

O restante dos vampiros na sala de jogos fingiam não ouvir a conversa. Um dardo acertou o centro do alvo.

Kouyou fez que sim com a cabeça.

"Chegou ao meu conhecimento que ele pagou para modificar uma pistola e torná-la capaz de nos envenenar com acônito."

"Apenas para a investigação." — Chuuya falou, confuso.

"Está absolutamente certo disso?" — Kouyou ergueu uma única sobrancelha em indagação — "Deve entender minha preocupação. Dazai está fisicamente diferente, mas ele tem um passado. E com toda a honestidade... não confio nele. Você confia nele?"

E Chuuya entendeu. Claro, vinha passando tanto tempo com Dazai que não o via como uma ameaça, apenas uma presença fixa em sua vida.

Chuuya esquecera que Dazai era literalmente um assassino de aluguel, capaz de matar qualquer um.

"Confio que ele está comprometido em arruinar a Vampira Demônio." — Chuuya optou por responder.

Kyōka esperava paciente Kouyou fazer o próximo movimento no jogo, no entanto, ela encarava Chuuya. Algo de estranho em suas íris vermelhas como cerejas.

"Nosso povo não se sente seguro. Dazai destrói a pistola ou terei que tirá-la dele." — declarou, categórica — "E não será um conflito pacífico."

Outro conflito. Adicional à sucessão de conflitos já existentes na vida de Chuuya. Porque era assim que era. Sem pausa. Sem descanso.

"Compreendo." — foi tudo que respondeu.

"Excelente." — a simpatia voltou ao rosto de Kouyou — "Gostaria de jogar gamão?"

Chuuya pigarreou.

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