A Saga das Três Irmãs - Capítulo 11

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Um bom tempo havia passado debaixo da terra. Tempo o suficiente para que Einar e Holger ficassem gelados e preocupados, mas nenhum deles tinha a intenção de falar sobre isso. Os únicos ruídos eram os filetes d'água que pingavam, a única visão, pontinhos verdes luminosos nas paredes e no chão da caverna. Apesar disso, para surpresa geral, Ingrid parou e alertou o grupo:

"Psiu! Estão ouvindo isso?"

"O quê?" — sussurrou Jorun.

"Gente! Gente conversando."

"Gente, aqui dentro?" — murmurou Holger — "Ou é o príncipe ou é algum draugr."

"Não diga isso!" — resmungou Jorun mais alto.

"Quer que eu diga o quê? Eu me recuso a chamar aqueles estranhos de gente."

"Silêncio, vocês dois!" — grunhiu Ingrid no escuro — "Fiquem quietos aí. Vou dar uma olhada e já volto."

As asas do elmo cobriam os cogumelos brilhantes, conforme a caçadora passava adiante. Assim que seu vulto desapareceu no túnel, Einar tocou o ombro de Holger.

"Que foi? Está com medo também?"

"Está sem armadura, chefe? Eu pisei em um buraco bem aqui. Tome cuidado."

"Eu não sou uma aberração da natureza como a nossa ferreira. Vai me dizer que consegue mergulhar com 12 kg de aço na corcunda?"

"Quietos, vocês dois!" — avisou Jorun — "Eu também estou escutando alguma coisa..."

Palavras ininteligíveis foram ouvidas na escuridão.

Antes que pudessem entender algo, o rosto esverdeado de Ingrid voltou a aparecer.

"São estranhos" — explicou ela — "Quatro deles. Estão falando na língua dos tróis, ao que parece."

"Não é melhor pegar outro túnel?" — questionou Einar.

"Não! Temos que abatê-los em silêncio. Depois daquela curva, vocês vão sentir um cheiro de fumaça e avistar uma luzinha vermelha no canto. Não tem como errar o caminho."

Então o grupo sacou suas armas e seguiu o curso indicado. Segundos mais tarde, já estavam na entrada da câmara dos estranhos. Havia uma fogueira com um grande caldeirão. Pareciam bastante animados com o que borbulhava lá dentro.

"Escutem" — sussurrou Ingrid — "Cada um de vocês precisa ir perto de um deles. Vou mandar uma flecha naquele de costa larga para chamar a atenção. Daí, vocês correm para silenciar os outros."

"Vou pegar o barbudo feioso" — avisou Holger.

"Minha armadura vai fazer barulho" — explicou Jorun — "Vou ficar aqui e arremessar meu machado naquele mais alto, fica fácil de acertar."

"Vou me esgueirar até o que sobrou" — explicou Einar "Consigo rachá-lo em dois rapidamente."

"Está certo" — confirmou Ingrid —, "não deixem que gritem. Einar e Holger, podem ir."

Os dois valentões obedeceram e logo seus vultos escorregaram pelas paredes rochosas. Jorun levantou sua machadinha na altura do ombro, aguardando o sinal da irmã.

"Agora!" — disparou Ingrid.

Um, dois, três, quatro flechas zuniram no escuro. Cada uma delas atingiu um alvo diferente, mas o resultado para cada um deles foi igual: quatro estranhos caídos no chão e silenciados para todo o sempre.

"Que merda foi essa, Ingrid?" — queixou-se Holger.

Einar abaixou seu machado sem falar nada.

"Por que nos fez perder esse tempo?" — reclamou Jorun — "Não disse que suas flechas estavam acabando?"

Möjrakitan - A Saga das Três IrmãsOnde histórias criam vida. Descubra agora