08| Redenção

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“Eu não tenho certeza se te amo, porém isso é fodidamente o máximo que posso sentir por alguém, então doce Abby, sinta-se feliz por que você é a primeira e única para quem eu direi. Eu te amo.”

ZYAN


Abby continua dormindo.

Está do mesmo jeito que a deixei horas atrás, encolhida em forma fetal sobre a cama, os lábios tremendo e o rosto tenso.

Eu sei o que ela deve estar sentindo.
Foi o que eu senti quando matei a primeira vez, quando enfiei aquela faca na garganta do homem que se dizia meu pai.

Cerro os punhos me relembrando deles naquela noite.
Ele ainda segurava o chicote enquanto mamãe o assistia me bater.
Ela parecia calma e não esboçava nenhuma reação aos meus pedidos de ajuda.
Era assim desde que eu tinha dez anos, sempre apanhando, sendo punido, e eu não reagia, até aquela noite quando Madson entrou em casa.
Eu estava na sala apanhando quando ouvi ela gritar com meu pai para que ele me soltasse.
A garotinha magra de quinze anos pulou no braço dele o mordendo para me defender então foi arremessada por meu pai.
Lembro que ele a acertou com o chicote mais a garota era forte e se levantou.
Ela brigou com ele enquanto eu tentava me recuperar para ajuda-la.
Então ele acertou o rosto dela com um tapa tão forte que a jogou no centro da sala, ouvi quando sua cabeça bateu na mesinha de centro então todo aquele sangue se espalhou pela sala.
Mamãe friamente olhou para a garota e resmungou sobre seu tapete ser novo.
Olhei para o casal a minha frente sentindo o mais puro ódio, ele me bateu e disse que eu não deveria ter implorado pela vida dela.
Passei metade da noite de joelhos sobre o milho enquanto olhava para ela morta sobre o chão, não pude chegar perto, não pude toca-la.
Mais pude vinga-la.

Mexi no cabelo de Abby ajeitando as mechas rebeldes que ousavam cair sobre seu rosto.

— Eu fiz uma promessa a você... — sussurrei aproximando meus lábios de sua testa — E vou fazer de tudo para cumprir

Beijei sua pele fria e então me afastei.
Sai do quarto encostando a porta, olhei no relógio onde marcava duas da tarde.
O chão estava limpo e eu já tinha me livrado dos policiais, então tudo o que me restava era fazer alguma coisa para Abby comer.

☠️

De noite eu resolvi acorda-la, segurei a tigela com sopa em minhas mãos e entrei no quarto, Abby ainda estava de lado sobre a cama, sentei ao seu lado deixando a sopa sobre a banca ao lado da cama.

— Abby... — a chamei passando os dedos por seu rosto — Você precisa levantar... eu fiz sopa para você.

Seus olhos se abriram e aos poucos ela sentou sobre a cama, ajeitei alguns travesseiros em sua costa e lhe estendi a tigela.
Ela comeu em silêncio olhando para a sopa enquanto algumas lágrimas molhavam suas bochechas, passei meu dedo por cima as enxugando gentilmente.

— Sinto muito, Docinho... — me sentei mais perto a puxando para meus braços.
Acariciei seu cabelo a abraçando contra mim.

— O que você falou era verdade? — Abby sussurrou rouca me olhando de lado.

— Tudo o que eu disse é verdade.

— Até sobre Karlla?

— Sim — engoli a seco e olhei em seus olhos.

Profano PARTE 01  [DISPONÍVEL ATÉ DIA 15/08]Onde histórias criam vida. Descubra agora