Capítulo 53

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Mahelí narrando

Alix respirou fundo, enquanto falava.

- Como uma mãe abandonar um bebê indefeso? Isso não entra na minha cabeça.

- Somos capazes de dar nossa vida por nossos filhos. Se uma mãe chega a abandonar um filho, eu acho que há um motivo muito maior por trás disso. Talvez a vida do filho corra risco permanecer com ela. Talvez ela esteja sofrendo de depressão pós parto. Você viu o quanto a depressão é ruim, me acompanhou de perto.

- Nunca quis pensar por esse lado. Eu só consegui pensar que ela não me quis, que nunca me amou. - Olhei para cima, para olhar seu rosto.

- E se você descobrisse que não foi por esse motivo, que há um outro motivo por trás. O que você faria?

- Agora que sou pai, meu coração ficou mais mole ainda. - Ele sorriu para mim. - Pelo menos eu ouviria o que ela tem a dizer, talvez com o tempo conseguisse perdoar.

- Então vamos procurar por sua mãe. - Sorri para ele. - Caso não se sinta confortável ao lado dela, não precisamos conviver.

- Você é a melhor pessoa desse mundo. Tem horas que eu acho que você é um anjo. - Ele me puxou para mais perto e me envolveu em seus braços.

- Só quero que você seja feliz. Quero que você seja amado de verdade, chega de amor falso.

- É o que mais me sinto agora, amado de verdade. - Ele puxou a manta e nos cobriu.

Permanecemos grudados um no outro e acabamos dormindo. Três horas depois nossos pequenos acordaram para mamar.
Alix buscou Alanna no berço e me entregou, logo após pegou Raphael e permaneceu com ele no colo, até Alanna acabar.

Após Alanna se alimentar, ele a colocou para arrotar e me deu Raphael. Já dá para ver que ela vai ser igual ao pai, ela é a mais encrenqueira. Tenho que amamenta-la primeiro, ela arruma briga.
Vai ser de opinião.

Alix começou a procurar por sua mãe, descobriu que o nome dela era Lucero.
Falei sobre Lucero, a mulher que operei e que me ajudou a sair da casa de Remo, contei que ela tem uma história muito triste. Que ela teve que abandonar o filho recém nascido para proteger a vida dele e de seu pai.

- A operei na Califórnia, estava entre a vida e a morte. Você lembra que te contei? Passei todos os dias das minhas folgas com ela no hospital, cuidei dela como se fosse minha mãe. Talvez a missão dela ainda não tenha acabado porque ainda não achou o filho perdido. Quando fui sequestrada, ela engasgou novamente, salvei sua vida novamente. Há algo que nos rodeia, tem gente que diria que é o destino. Sabe o que ela me contou? Que o pai dela se chamava Alix.

- Será que ela é minha mãe? - Ele arregalou os olhos.

- Tudo indica que sim. Remo é o filho da empregada, que ela foi obrigada a criar. O pai de Remo matou a empregada em sua frente, por isso ela nunca voltou para procurar o filho. O medo que ela tinha dele fazer algo com a criança era grande. Fora que ia começar uma guerra entre máfias. Ela preferiu sofrer sozinha e guardar esse segredo.

- Mahelí, eu quero conhecer essa senhora. Até que ela não seja minha mãe, mas eu devo a vida da minha esposa e dos meus filhos a ela.

- Vou marcar com ela, ela pode vir aqui?

- Claro que sim. Só não vai poder entrar com seguranças.

- Aquele que me entregou a você, ele é o que fica com ela. Ele parece ser de confiança. Foi ele quem ficou com ela durante sua estadia no hospital.

- Então ele pode vir. Melhor guardar segredo de Remo, ele pode pensar que estamos querendo nos vingar.

- Ok, vou informa-la.

Marquei um almoço no dia em que Celine chegou com Bryan, convidei Lucero.
Estávamos todos reunidos, sorrindo e contando como foi o parto.
A campainha tocou, anunciaram Lucero e o segurança.
Alix ficou um pouco rígido, não contei a ela que Alix estava com desconfiança que ela era mãe dele.

Lucero entrou e Alix a recebeu na porta da entrada.

- Olá, seja bem-vinda. - Ele a cumprimentou. - A senhora é a amiga de Mahelí, não é isso? Posso te dar um abraço?

- Sou sim. - Lucero estava visivelmente emocionada. Ela secou a lágrima no canto do olho.

- Devo minha vida a senhora. Eu não sei se conseguiria viver sem minha esposa e meus filhos. O que a senhora fez por mim, não tem dinheiro que pague.

- Eu que devo minha vida a sua esposa. Ela me salvou por duas vezes. - Lucero me olhou e secou as lágrimas.

- Vem aqui conhecer minha família. - A chamei. Ela entrou e sentou no sofá ao meu lado.

- Eles são lindos. - Ela secou as lágrimas com um lenço.

- Esse é o meu filho mais velho, Igor.

- Muito prazer, senhora. - Igor a cumprimentou.

- Que criança adorável. - Ele deu um abraço nela, Igor é tão amoroso.

- Esses são Raphael e Alanna. - Raphael estava no meu colo e Alanna no colo de Celine. Dei Raphael no colo de Lucero.

- Ah meu Deus! - Ela caiu em prantos.

- O que foi senhora Lucero? Está sentindo alguma coisa? - Ela estava visivelmente abalada.

- Ele é idêntico ao meu filho, quando recém nascido. Me desculpem, parece que estou tendo um flashback.

- A senhora quer um copo de água? - Alix perguntou.

- Aceito sim. - Ele trouxe e deu a ela. - Tive que deixar meu filho recém nascido, só tenho uma foto dele. Escondi em um banco, as vezes eu ia lá para olhar a foto. Ele tinha uma machinha embaixo do queixo.

- Raphael também, puxou a mim. É no mesmo lugar, do mesmo lado. - Alix respondeu. Ele caminhou até Lucero e levantou um pouco o queixo de Raphael, mostrando a manchinha. As lágrimas rolaram no rosto de Lucero, enquanto ela encarava nosso bebê.

- Vocês nunca vão entender a dor que é, ter que deixar um filho. Se depender de mim, vou cuidar de vocês com unhas e dentes. Não quero que sintam essa dor.

- Entendemos a dor da perda. - Falei. - Perdi meus bebês com meses de gestação. Sei como dói você desejar algo e não ter. Imagino a senhora, ter que abrir mão de um filho. Não poder procurá-lo. A cada aniversário imaginar como é a feição dele.

- Sofro há trinta e um anos. - Lucero respondeu.

Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora