Capítulo único

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"[...] — E você não se considera inteligente?

— Nem um pouco. — Frollo girou a chave, os trancando ali dentro. — Se eu fosse saberia que não suporto vê-la dançar. — Ele se aproximou e parou diante dela. — Não consigo controlar meus próprios atos, está acima das minhas forças.

— Eu sei. É por isso que vou fazer.

Frollo semicerrou os olhos. — Deveria ter piedade, cigana.

— Não tenho a menor piedade de você. — Ela abriu um sorriso ainda segurando o pandeiro.

— Não. — Frollo permanecia de olhos nela. — Você nunca teve. Dança pra mim?"

Capítulo 27 - "Perdendo o controle" de A Bela e o Frei, de Azanate.

☽✝☾

Ao primeiro tilintar das soalhas, ele se viu transportado de volta para Paris. Num passado pouco distante, havia sido esse mesmo som a trazê-lo para um dos parapeitos de Notre Dame e esta mesma mulher a torná-lo um louco. Naquela época, meses atrás, admirava-a de longe, sonhando, desejando, iludindo-se. Hoje, porém, era diferente. Paris estava muito longe. Notre Dame era quase uma lembrança empoeirada. E Esmeralda dançava perto demais, a um braço de distância.

Ela dançava para ele.

Frollo sabia bem dos riscos que envolviam aquela dança, as tentações que rodeavam aqueles quadris, os perigos envoltos ao redor daquela mulher. Sabia, pois foram esses mesmos perigos que o tornaram um louco. Que o levaram a provocar o caos na prisão de La Santé para poupar da forca o pescoço bonito de Esmeralda. Que o fizeram abandonar a batina, Quasimodo e Notre Dame para fugir de volta para Tirechappe, com uma pagã na carruagem e um noivado baseado num acordo dúbio.

E dúbia, também, ainda era a repentina mudança de Esmeralda. Ainda não sabia o que Miqueias dissera para a cigana, além da resposta evasiva que o monge lhe deu quando questionado: "Acho que abri os olhos dela, irmão. 'E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará', não é?".

Assim, tão inconstante quanto um salgueiro chacoalhado pelo vento, ela mudou. O príncipe Phoebus tornou-se uma ideia armazenada, posta de lado. Esmeralda passou a olhar, então, para Frollo com olhos de cordeiro. Deu-lhe uma chance. O ex-padre não poderia, portanto, declinar a oportunidade que o Senhor lhe oferecia, embora permanecesse em vigília. Pois sabia, com a mesma certeza de que a manhã é clara e a noite, obscura, que Phoebus era um sentindo reprimido no coração de Esmeralda. Um motivo, uma desconfiança, um único questionamento, colocariam tudo a perder. E agora, nesse momento da sua vida, após ter cometido tamanhos pecados e heresias, não poderia se permitir perdê-la.

Por isso pediu licença à sua consciência para assisti-la dançar. A mão delicada de Esmeralda açoitou o pandeiro no ritmo de uma canção mais antiga que o tempo, e ela chacoalhou o instrumento, fazendo as soalhas retinirem dentro das fresas. O coração de Frollo batia no mesmo compasso do instrumento. Sua pele se arrepiava na mesma velocidade das platinelas.

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