Capítulo único

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O Seo xingava, de todos os nomes conhecidos e desconhecidos, o computador à sua frente. A tela preta com palavras coloridas parecia uma parede de hieróglifos modernos aos olhos do Kim, que, ao lado do namorado, lia um HQ da Mulher Maravilha.

— Você dizia que amava esse PC. — o Kim falou, desistindo de ler a revista quanto seus olhos só olhavam para as imagens, sem ler nada. O namorado, mesmo que xingasse baixinho, estava atrapalhando ele.

— Eu amava quando comprei. — ele respondeu, tentando, pela milésima vez baixar o pandas no notebook. — Já ta indo pro ralo.

— Rápido assim? — Kim indagou, fechando o livro para focar os olhos totalmente na tela do namorado. Seungmin não sabia, mas ele estava no prompt de comando **e digitava mil vezes o mesmo comando, não se contentando com a mensagem de erro que aparecia no aparelho. Aliás, o outro não sabia nem o que seria o tal do prompt de comando.

— Sim. — confirmou, suspirando fundo. Sua vontade era partir a tela ao meio, jogar as peças que sobrarem na parede, macerar o que sobrasse, jogar no liquidificador com água e enfiar a vitamina de ferro goela a baixo de Seungcheol, seu professor de programação e um dos mais sem noção que já tinha visto na face da Terra.

O trabalho final era simples, tão simples que Changbin preferiria enfiar sua cara na terra e conviver com minhocas, castores e aranhas de jardim para todo o sempre. Porque, sim, era simples, era apenas clusterizar dados com um programa que trouxesse algumas informações dessa base de dados. Mas aí começa o problema: Seungcheol deu apenas UMA aula ensinando como mexer com dados e programação e ensinou por meio de uma imagem, ou melhor, por meio de um print da tela como deveriam ser acessados os dados.

Ele indicou usarem um programa muito suspeito que, quando Changbin tentou baixar, seu computador recusou a intalar o software na máquina. E não era o primeiro computador que tinha tentado fazer aquilo, mas sim o terceiro. E aquela, também era a terceira vez que teria tentado instalar a droga do programa e recebido pela terceira vez o mesmo aviso. Seo precisou arranjar um jeito de abrir os dados de outra forma e ele nem sabia que estava no plano da matéria saber fazer aquilo, aliás, o professor doutor, concursado e muito bem pago pela instituição, não ensinou como mexer com links FTP. Sim, era muito FDP, mas não, o nome é mesmo "FTP".

Mas não acabava aí, após passar muito tempo, muito tempo mesmo, abrindo essa droga desses links, Changbin estava enfrentando o mesmo problema: computadores virando motosserras. Se bem que, se literalmente isso acontecesse, ele poderia aproveitar e virar um guerreiro revoltado contra o mundo injusto e como primeiro ato de rebeldia, lançaria fogo na instuição inteira. A, o computador que virou motosserra, nessa situação, não ajudaria muita coisa.

Como pode uma instituição pública ser tão privada? Em que mundo Seungcheol vive para achar que todos os seus alunos teriam chance e condições de fazer a droga do trabalho sem que perdessem o computador? Não perdessem o computador fisicamente, mas Chan, que fazia o mesmo curso e portanto, a mesma matéria com o Seo tinha lhe dito, simplesmente, que enquanto fazia o trabalho e pôs o código rodar, o notebook tinha dado tela preta, ficado horas nesse estado para então ter dado certo. Certo em que mundo? Chan disse ainda que precisou comprar e aumentar sua memória de processamento, justamente porque o computador não estava dando conta de rodar o código.

Trabalho simples esse, tão simples quanto atravessar a rua e comprar um carro de 1,5 kg quando seu antigo carro também de 1,5 kg pegar fogo.

Changbin queria gritar, queria socar alguém, queria enfiar sua cabeça na privada e se afogar lá até perder todos os sentidos do seu corpo para então acordar e perceber que tudo foi real.

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