Me desculpa, Pedro

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Pov João

Sinto que falei demais, sempre que falava dessas coisas com Luiz ele dizia que eu era muito intenso.

- Foi mal, acho que fui muito sensível - digo expressando meus pensamentos em palavras. Esperava muita coisa de resposta sua, mas acho que nenhuma me fez tão leve quanto a que ele me deu.

- Você não precisa se desculpar por ser quem é, aliás, é uma das coisas que eu mais gosto em você - ele afirma com um sorriso e um rubor envergonhado em seu rosto.

Fui consumido por uma mistura de sensações, a divergência entre ele e meu ex-noivo, Luiz, me trouxeram uma paz e eu percebi como ele consegue ser meu porto seguro. Adicione isso mais um pouco de bebida e acho que você sabe exatamente o que eu fiz.
Olhei no fundo de seus olhos e depois abaixei meu olhar para sua boca, e foi para lá que eu fui, segurei seu pescoço de leve e beijei aquela boca mais uma vez.

Quando percebi o que fiz, me afastei rapidamente. Onde eu estava com a cabeça? Eu nem sei se ele realmente me quer ainda, e se for tarde demais? E se ele só estava dando um conselho para um amigo e eu o surpreendi dessa maneira?

- Ai meu deus, me desculpa Pedro, é sério me perdoa. Foi algo que eu fiz por impulso, é que você me trouxe uma paz tão grande com o que disse que me confundiu - eu digo nervoso e de maneira extremamente apressada, embolando as palavras. Acho que ele só me entendeu por conta da proximidade que ainda restou entre nós. Mas ele cala minha boca e me beija, me salvando de minha confusão e insegurança.

- Meu bem, você não precisa se desculpar por fazer uma coisa dessas, jamais. 'Tá bom? - ele diz fazendo carinho em meu pescoço e me sorrindo pequeno.

- Tem certeza? Por que eu compreendo totalmente se...- tenho dizer mas ele cala minha boca mais uma vez, dessa vez com um selinho demorado.

- Cala essa boca e me beija, porra - Pedro diz e eu faço exatamente o que ele pediu, e muito bem aliás.

Conversamos e trocamos alguns beijos por um tempo, já estávamos praticamente colados. Até que uma música começa a tocar e eu me levanto de seu peito - onde eu estava aninhado - uma das minhas favoritas do Queen "good old-fashioned lover boy".

- Eu amo essa música - digo virando para ele e sorrindo pequeno.

- É sério?? - ele pergunta com uma vasta surpresa em sua voz e expressão facial. Assinto com a cabeça e ele volta a dizer - é uma das minhas favoritas, da minha banda favorita - ele diz me dando um sorriso de orelha a orelha.

- Meu Deus, você gosta de Queen?  - sorrio para ele, surpreso com nossas coincidências. - Tem como você ser mais perfeito?  - afirmo lhe lançando um olhar apaixonado.

- Eu acho que não - ele diz de maneira sarcástica e convencida, me lançando um sorriso leve.

- Idiota - digo sorrindo e lhe dando um leve tapinha no peito. O sorriso some e um pensamento me vem a mente, e eu rapidamente o expresso em palavras - é muito brega eu falar que parece destino a gente se encontrar?

- Não acho que seja - ele diz olhando no fundo dos meus olhos e me dando mais uma vez aquele sorriso. O sorriso mais belo que meus olhos já tiveram o prazer de enxergar - é brega demais eu dizer que parece que te conheço de outras vidas?

- Não acho que seja - repito a mesma frase dita por ele anteriormente e lhe dou o mesmo sorriso que ele me deu. Me aninho mais uma vez em seus braços, mas rapidamente ele me tira de lá e me puxa pela mão, me levando para dançar. Ele me deixa lá e some rapidamente, acho que foi mudar a música na caixa de som.

Ele coloca "Crazy little thing called love"

- Me concede essa dança, Romania? - ele me diz pegando em minha mão e tocando meus dedos de leve.

- Claro que sim, Palhares - essa última parte eu me aproximo de seus ouvindo o sentindo se arrepiar com minha ação. Me afasto um pouco dele e entrelaçamos nossos dedos.

Nos aproximamos como em uma dança lenta, ele rodeia e aperta minha cintura e eu me levanto olhando diretamente em seus olhos brilhantes.

Acho que chegamos em um ponto que nem nós sabemos realmente que tipo de dança estamos fazendo. Só sei que estamos muito próximos e que consigo ouvir sua respiração acelerar e seu pescoço se arrepiar toda vez que chego próximo a seu pescoço.

A música já está acabando e então ele me puxa para um beijo apaixonado no meio da sala e as luzes nos refletem, como se fôssemos um clarão, como se nosso amor deixasse a sala com mais vida e mais brilho.

Dia seguinte

Acordo pela segunda vez com a visão de Pedro espalhado pela mesma cama que eu, poderia me acostumar com isso.
Após aquela dança ficamos nos beijando por um tempo e decidimos subir para o quarto de hóspedes. Todo o grupo havia falado sobre dormir aqui, mas a divisão de camas não era bem essa...
Subimos para o quarto e nos entregamos mais uma vez, dormimos abraçados.

- Bom dia flor do dia - digo percebendo que ele acordou. Lhe dou um selinho demorado e ele aperta minha cintura por debaixo dos lençóis.

- Bom dia - ele diz me dando vários beijinhos em minha boca. - E aí? Se lembra da noite de ontem? Ou estava muito bêbado para isso? - ele pergunta da mesma maneira que perguntou semanas atrás, na primeira vez que ficamos.

- Nenhuma bebida seria capaz de me fazer esquecer uma noite com você, Pedro Tófani - dessa vez eu tenho coragem de dizer o que pensei quando ele me fez a pergunta. Ainda tenho medo, claro, mas acho que agora, mas acho que a parte que quer ficar sobressaiu a aquela que tem medo.

Ele sorri e me dá mais um beijo demorado em retribuição.
Ficamos um tempo lá enrolados na cama, até que percebemos a hora e decidimos descer. Descemos com as mesmas roupas de ontem e na mesma hora, acho que ninguém acreditaria se disséssemos que não estávamos juntos.

- Bom dia - todos dizem em uníssono quando nos veem, aparentemente todos já haviam acordados e estavam tomando café em conjunto.

- Bom dia - nós dois dizemos sem graça.

- Tiveram uma boa noite ontem? - Malu pergunta com malícia, ela sabe muito bem nossa resposta.

- Você nem imagina - digo com um sorriso canalha. Pedro fica vermelho de vergonha.

Todos comemos café juntos e depois ajudamos a limpar a casa ouvindo músicas. Após isso cada um vai para sua casa para descansar um pouco, amanhã já temos trabalhos a fazer.



O amor não se escondeOnde histórias criam vida. Descubra agora