Fica pro café?

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Meus pensamentos ainda estavam em Camila, quando o carro de Keana estacionou na frente da casa da minha tia. Eu já desprendia o cinto de segurança e me arrumava para sair, quando ela segurou o meu braço, forçando-me a encará-la.

- Espera, me dê o seu número.

- O meu número?

- É. Você tem celular né? - ela sorriu, divertida.

- Tenho. - peguei o meu aparelho, logo o entregando para ela colocar o contato dela.

- Prontinho, agora, se precisar de uma guia pela cidade, já sabe pra quem ligar.

- É, acho que eu vou precisar. - me aproximei dela, para um beijo, que logo foi correspondido bem mais intensamente. - acho que você podia entrar, o que acha?

Keana pensou por alguns segundos, e com um largo sorriso, concordou.

Entramos na casa com cuidado, já era tarde, e minha tia devia estar dormindo. Guiei Keane por toda a casa, até chegarmos no meu quarto, onde me certifiquei de trancar a porta, antes de me virar e ver a garota sentada na minha cama, esperando por mim.

Quando me sentei ao lado dela, sua boca veio de encontro com a minha, deixando meus lábios vermelhos com algumas mordidas. Keana desceu os beijos pelo meu pescoço, enquanto procurava com pressa a barra da minha blusa, a tirando com muita facilidade, e jogando-a em algum canto do quarto.

Tentei calcular todos os movimentos, para não fazer barulho e não acordar a minha tia, mas ao decorrer da noite, essa preocupação foi se perdendo e só decidi que depois inventaria uma boa desculpa para Diana.

Na manhã seguinte, a luz do sol invadia o meu quarto, iluminando cada canto. Keana dormia ao meu lado, abraçada ao meu corpo. Estávamos nuas, cobertas pelos meus lençois, e então me peguei pensando em como desejava que fosse Camila ali por um momento, dormindo serena, me abraçando, após uma noite cheia de amor e promessas que faríamos durante o momento, sem se preocupar com nada.

- Bom dia. - Keana acordou, lutando um pouco para abrir os olhos, e se ajeitando na cama.

- Bom dia. - sorri, deixando meus pensamentos para trás. - dormiu bem?

- Acho que nunca dormi tão bem assim. - ela riu enquanto mexia em uma mecha do meu cabelo.

- Fico feliz. - deslizava as pontas dos meus dedos pelos ombros expostos da mulher.

- Que horas são? - ela se remexeu um pouco, na cama, tentando espiar pela janela.

- Não sei, umas nove, talvez? - chutei pela luz do sol, que já se encontrava um pouco mais quente.

- Bom, acho melhor eu acordar e voltar para casa.

- Não quer ficar pro café? - perguntei, me levantando, dando espaço para ela sair da cama e começar a se vestir.

Keana me olhou surpresa, com um sorriso divertido no rosto.

- Hoje não vou poder, preciso ir embora, mas obrigada. - após se vestir, ela caminhou até mim, enroscando seus braços no meu pescoço e me puxando para um beijo suave. - eu vou indo. Depois a gente se fala, pode ser?

Seus olhos brilhavam, esperando minha resposta.

- Pode.

Nós despedimos no quarto, pois a Keana estava com pressa e disse não fazer questão de eu a acompanhar até a porta. Quando fiquei sozinha no quarto, olhei para a cama bagunçada, e não pude evitar um sorriso. Querendo ou não, aquela noite havia sido intensa, de diversas maneiras, e foi divertido sentir algo, sem ter que me preocupar com tudo.

Após me trocar, desci para tomar café. Camila estava na cozinha, em pé perto da pia,com uma caneca de café na mão, quando seus olhos me encontraram, era visível uma raiva se formando em seu rosto.

- Bom dia. - a cumprimentei, me aproximando da mesa e me servindo de bolo e café com leite.

Ela não me respondeu, apenas tomou seu café, lavou a caneca e se apressou para sair. Mas parou na porta, me encarou e respirou fundo.

- Da próxima vez vá para um motel com a sua namoradinha. Nessa casa ninguém deve ser obrigado a ouvir barulhos do inferno a madrugada inteira.

- Por quê? Ficou com inveja? - arquei as sobrancelhas, a provocando.

- Vai se fuder Lauren. - ela saiu, batendo os pés.

- Keana já fez isso por mim! - gritei, logo caindo na risada. Era divertido ver Camila se estressando por mim. Pelo menos esse sentimento ela não escondia atrás do seu medo. 


Cheiro de MatoOnde histórias criam vida. Descubra agora