𝑺𝒊𝒍𝒆𝒏𝒕 𝑺𝒐𝒖𝒍

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APESAR do dia brilhante pintar o céu de azul, uma brisa insistente varre pelas ruas, fazendo as árvores dançarem suavemente e as folhas sussurrarem ao vento. A luz dourada do sol cria contrastes vivos nas fachadas das casas e nas flores que adornam os jardins. Mas, apesar da beleza do dia, uma sensação de inquietação envolve Olívia, como se a própria natureza estivesse refletindo a turbulência de sua mente.

Seu studio estava uma completa bagunça como de costume, havia tinta para todos os lados, no chão, no teto, nos utensílios e na própria garota que agora observara a bela tela repleta de flores amarelas. Amarelo remetia a felicidade, sentimento esse que a tempo Olívia não sentia.

Pegou seu habitual café com canela e levou até os lábios degustando do líquido quente que descia de forma ardente por sua garganta, a morena não conseguiu dormir durante a noite e gastou todas suas energias em horas trancafiada no seu pequeno studio de arte, antes costumava ser um quarto de visitas usado por Lance quando costumava a visitar, mas, com o passar do tempo foi tomado pelos vários quadros de Olívia se tornando assim seu santuário particular. Largou o copo na bancada e levantou seu corpo cansado da confortável cadeira, já passará do meio dia e ainda não havia escolhido uma roupa para o evento da noite, nada parecia agradar a morena.

Olívia calçou belas sapatilhas que combinaram perfeitamente com a saia e a camisa de cores neutras que compunham seu visual, pegou sua bolsa e caminhou para fora do apartamento a passos lentos e preguiçosos, disposta a tornar o resto do seu dia produtivo. A morena passará longas horas provando vestidos de diversos modelos em variadas boutiques e ateliês, o convite inesperado despertou curiosidade na Stroll que estava disposta a causar uma boa primeira impressão a Alexandra Saint Mleux anfitriã da noite.

— Vermelho definitivamente é a sua cor, querida. — Olívia sorriu para a vendedora enquanto a mesma a observava em frente ao grande espelho.

— Eu gostei, parece ser o certo. — A mais velha assentiu enquanto Olívia voltou até o provador e retirou o belo vestido vermelho que acentuará perfeitamente seu corpo.

Sua preocupação havia diminuído relativamente, tinha uma roupa e a disposição parecia ter surgido repentinamente, aproveitou do tempo livre para vagar pelas ruas de Paris, uma floricultura na esquina da avenida chamou a atenção da morena que suspirou ao sentir o aroma leve, caminhou até o estabelecimento saldando o velho senhor que molhava as plantas, Olívia se policiou para não tocar as pontas das tulipas que tanto adorava, sempre fora suas flores favoritas.

A noite não demorou para aparecer e junto dela uma chuva fina que caia com pesar, trazendo a calmaria para os moradores da bela cidade, Olívia acabará de sair do banho, pegou o secador e posicionou contra os fios rebeldes de seu cabelo, graças a algum bom anjo ela era uma pessoa paciente e vaidosa que adorava os pequenos detalhes por trás de uma boa produção.

Sua maquiagem era sútil, sendo possível ver a beleza natural que a morena exibia, seus olhos verdes eram marcados com um simples delineado preto que realçava sua coloração e entrava em um perfeito contraste com o vestido vermelho que cairá como uma luva no seu corpo acentuando cada curva. Calçou o scarpin e guardou seus documentos na pequena bolsa, verificou o convite pela terceira vez em menos de uma hora e finalmente se pois a chamar um táxi para a levar até o local.

Olívia já havia falado com diversas pessoas ao longo da noite, seu conhecimento abrangeu e seus contatos se tornaram fluidos por Paris, ainda não conseguirá agradecer Alexandra pela oportunidade e nem menos a elogiar pelos excelentes trabalhos expostos, ela era magnífica.

Parada em frente a um grande quadro ela admirava os pequenos pontos de tinta espalhados pela tela branca, esse em específico se encontrava longe do salão principal e fora pouco admirado pelos presentes no evento, o corredor frio e pouco iluminado parecia fazer parte da obra e remetia a perfeita mensagem que ela passará, era escuro, silencioso e até mesmo um pouco assustador.

𝑹𝑬𝑷𝑼𝑻𝑨𝑻𝑰𝑶𝑵 ‒ Arthur LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora