Uma nova missão

1 0 0
                                    

Sob o manto escuro da noite, a chuva caía implacável sobre as ruas de Londres, como se o céu chorasse pela angústia que se desenrolava abaixo. Entre as sombras e os prédios em ruínas, os soldados se moviam com a precisão de quem conhece o terreno como a palma da mão, cada um determinado a proteger a capital britânica a todo custo. Entre eles, um homem se destacava: Arthur Smith, conhecido nos campos de batalha como o sniper mais temido da Inglaterra.

Arthur Smith permanecia no topo do prédio destruído, sua figura silenciosa contra o cenário sombrio da cidade. Seus olhos, cansados mas alertas, varriam cada canto, cada possível ameaça que se escondesse nas sombras da noite. Não havia expressão em seu rosto,

Seu companheiro, William, observava-o com preocupação, sua própria inquietação refletia em seus olhos. Ele sabia que Arthur estava exausto, que horas a fio de vigilância tinham tomado seu pedágio, mas também sabia que persuadi-lo a descansar seria uma tarefa árdua.

"Arthur, você precisa descansar", William insistiu, sua voz carregada de preocupação. "Eu posso assumir o turno. Você já está aí há mais de dez horas."

Arthur parecia prestes a ceder, mas sua determinação prevaleceu, interrompendo a conversa com um único disparo certeiro de seu rifle. O som do tiro cortou o ar, ecoando entre os destroços urbanos, enquanto o atirador camuflado em outra torre era neutralizado sem hesitação.

William assentiu em silêncio, compreendendo que as palavras não seriam suficientes para convencer seu amigo a descansar. Com um olhar de preocupação, ele se afastou para iniciar sua própria ronda, deixando Arthur para continuar sua vigilância solitária sobre a cidade adormecida.

E assim, a noite prosseguiu, com Arthur Smith mantendo sua postura inabalável, um guardião solitário entre as sombras, enquanto a guerra rugia ao seu redor.

Enquanto a noite dava lugar aos primeiros raios de sol, Arthur permanecia em silêncio, sua mente imersa no ritmo suave das gotas de chuva que ecoavam ao seu redor. À medida que a luz da aurora começava a iluminar as ruas antes sombrias, ele finalmente decidiu descer do seu posto de vigia.

Com passos firmes, Arthur encontrou William no andar de baixo, que ainda parecia estar se recuperando do sono. Sua voz era calma, mas decidida, enquanto ele informava seu amigo sobre a necessidade de partir.

"William, vamos embora", disse Arthur em tom baixo, indicando sua falta de munição como razão para a partida iminente.

William, ainda sonolento, levantou-se gradualmente, seus olhos piscando para se ajustarem à luz do novo dia. "Que horas são?" ele perguntou, sua voz ainda carregada de sono.

"Cinco da manhã", respondeu Arthur, sua impaciência evidente enquanto esperava por seu amigo. Ele já estava pronto para sair, sua postura alerta indicando que ele estava ansioso para deixar para trás a escuridão da noite.

Sem mais delongas, Arthur saiu pela porta, esperando que William se apressasse para segui-lo. A cidade começava a despertar lentamente sob a luz da manhã, e eles precisavam se mover rapidamente para evitar serem detectados pelos olhos atentos do inimigo.

Arthur e William seguiram adiante, passando por entre os pelotões britânicos que se organizavam no front. O cansaço era visível em seus rostos, apesar de William tentar manter o humor, enquanto Arthur mantinha sua habitual reserva.

"Quando essa guerra vai acabar, hein?" William murmurou, passando a mão pela cabeça enquanto caminhava. Sua expressão, embora marcada pela fadiga, exibia uma certa descontração diante da situação. "Estou com saudade da minha cama e da minha família."

Arthur, com seu habitual tom baixo e calmo, respondeu: "Por mim, tanto faz... Não é como se tivesse alguém me esperando em casa, então não ligo." Seus passos afundavam na lama enquanto avançavam em direção ao acampamento do exército britânico, sua figura solitária entre os soldados que ansiavam pelo fim da guerra.

Os dois chegaram no acampamento e Arthur dirigiu-se diretamente para a barraca. Com precisão cirúrgica, ele desmontou seu rifle sobre a mesa, cada peça sendo limpa e polida com meticulosidade. Seu rosto, habitualmente reservado, escondia uma mente que não descansava um segundo sequer. Enquanto isso, William entrou na barraca segurando duas tigelas de sopa, observando com admiração enquanto Arthur trabalhava em seu rifle como se fosse a coisa mais fácil do mundo.

"Uau... eu sempre demoro um tempo para remontar minha arma quando vou limpar...", William comentou, seus olhos fixos em Arthur. "...É de se esperar do sniper mais letal do Reino Unido."

Arthur não respondeu de imediato, concentrado em sua tarefa. Mas um leve sorriso de gratidão passou por seu rosto enquanto ele continuava a montar sua arma, reconhecendo silenciosamente as palavras de seu amigo. A cena era um retrato da habilidade e da camaradagem entre os dois soldados, mesmo em meio aos rigores da guerra.

"Escuta, Arthur... esta noite vamos colocar outro atirador no seu lugar, certo" William expressou sua preocupação com seu amigo, deixando a tigela de sopa ao lado de Arthur.

"Não é necessário... só preciso de duas horas de sono e consigo voltar ao meu posto. Não se preocupe, William", respondeu Arthur, terminando de arrumar seu rifle.

"Não, Arthur. Hoje queremos que você descanse, ok? Não se preocupe, nós vamos ficar bem", insistiu William, saindo da tenda e deixando Arthur sozinho.

Arthur suspirou, mas pegou a sopa e começou a comer enquanto se perdia em seus pensamentos. Ele tirou uma correntinha com uma cruz dourada do pescoço, beijando-a antes de colocá-la de volta. "Que Deus te proteja, meu amigo...", murmurou em uma prece silenciosa enquanto voltava sua atenção para a refeição.

Arthur se deitava na cama desconfortável de lona dormindo abraçado em seu rifle descansado.

William entrou na barraca e viu seu amigo dormindo tranquilamente. Um sorriso suave se formou em seus lábios ao vê-lo descansando finalmente. Ele virou-se para sair da barraca, mas de repente deu de frente com o carteiro, que segurava uma carta endereçada a Arthur.

"Desculpe", murmurou o carteiro, parecendo um pouco surpreso com o encontro inesperado.

William pegou a carta e guardou cuidadosamente em um bolso, decidido a entregá-la para Arthur assim que ele acordasse. Com um aceno breve ao carteiro, ele saiu da barraca, sua mente já traçando planos para o resto do dia, mas mantendo a carta como uma prioridade para quando seu amigo despertasse.

William não resistiu à tentação e abriu a carta, sentindo um calafrio percorrer sua espinha ao perceber que era do irmão de Arthur. Suas mãos tremiam ligeiramente enquanto ele lia cada palavra, absorvendo o peso da mensagem:

"Arthur,

Quando receber essa carta, provavelmente eu vou estar morto. Como sabe, faz alguns anos desde que tive uma filha, mas minha esposa morreu durante o parto. Sua sobrinha tem cinco anos de idade agora. Ela é linda e neste momento ela precisa de você.

Peço que venha para os Estados Unidos. Eu sei que você a criara muito bem. Confio em você, meu irmão.

Ass. Robert Smith"

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Jun 10 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

PROJETOSWhere stories live. Discover now