SEV 1: Família de três.

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Em uma manhã de pura calmaria, onde só era possível ouvir o voar de um pássaro ao lado de fora, Evil e Velzac dormiam juntos. Eram como dois anjinhos aproveitando o tempo que tinham. Mas com seu belo sensor de pai, Velzac abriu seus olhos um segundo antes de ouvir o bebê da casa chorar, e em sequência, mirou seus olhos no rosto de seu companheiro, que estava de frente pra si.

- Evil. - Zac disse calmamente, antes que seu companheiro pudesse negar suas obrigações.

- Não, vai você. - Evil rebateu, se ajeitando na cama e apertando ainda mais Velzac entre seus braços.

- Você vai me matar sufocado, idiota! - Tentou se livrar dos braços enormes de Evil, mas desistiu quando percebeu que não conseguiria. - Se você não levantar nesse exato momento, não vou deixar você sair pra assistir o jogo do flamengo. E de quebra, dou seu manto pro primeiro vascaíno que eu avistar.

Num pulo rápido, Evil soltou o corpo de Velzac, tentando não imaginar um vascaíno fazendo a festa e destruindo seu manto sagrado. Seguiu até um quarto pequeno, onde a porta de entrada era composta por estrelas e tudo relacionado ao sistema solar. Havia um sol e uma lua no centro, enlaçados um no outro, simbolizando tudo que era relacionado ao amor. Evil observou toda a extensão da porta, deixando um sorriso escapar para enfim entrar no quarto e dar de cara com Solar em pé, se apoiando nas grades de madeira que havia em seu berço.

Se aproximou de seu bebê, admirando a beleza que um pequeno ser como ela possuía. Se agachou diante dela, apoiando as mãos em seus joelhos. Olhou nos olhos da pequena, não conseguindo conter um sorriso gigantesco e sincero, demonstrando sua felicidade e satisfação por ter uma família linda e incrível. Levou uma de suas mãos até os cabelos lisos da bebê, chegando a massagear seu couro cabeludo.

- Seu pai é um insuportável, não é? Ele fica me obrigando a fazer as coisas, mas eu sempre faço tudo. - Desabafou, achando que Solar não era capaz de compreender, e quando percebeu, seus fios compridos estavam nas mãos da menor. - SOLAR! - Sua voz alta saiu no automático, seguido por uma dor quando finalmente se livrou das mãos pequenas, mas que eram bem mais pesadas que as suas. - De onde veio essa força, garota? Seu pai que mandou você fazer isso, né? Eu sei. - Colocando um ponto final em sua enrolação, Evil ergueu o corpo pequeno e pegou Solar no colo, indo até a cozinha para ver de onde saía tanto barulho.

Chegando lá, conseguiu visualizar Velzac tentando abrir uma lata de cerejas em calda, fazendo a maior bagunça. Se encaixou atrás do mesmo, abraçando seu corpo com um braço só, enquanto no outro estava Solar com seus olhos gigantes, observando as ações de seus pais. Evil deixou um beijo demorado na bochecha de Velzac e permitiu com que o segundo pai pudesse fazer o mesmo com sua filha.

- O que você tá fazendo? Que zona. - Ficou ao lado de seu corpo, sentindo o cheiro doce que vinha do homem. Mesmo pelas manhãs, Velzac conseguia se manter cheiroso, e Evil adorava isso.

- Você disse que gostava de cerejas, então eu comprei pra você. Pode me ajudar? - Deixou o pote de vidro sobre a pia e se virou pra trás, pegando Solar no colo e deixando com que Evil tentasse abrir o que mais parecia uma jaula enferrujada.

- Claro que eu ajudo, meu amor. Eu nasci pra te servir e você sabe muito bem. - Ditou em um tom debochado, sem medo de levar uma surra por trás. Determinado, observou a estrutura de vidro antes de tentar abrir. - Como você não conseguiu abrir uma coisinha pequena dessas? Tá fraco demais, amor. - Disse olhando nos olhos de Velzac, sentindo seu corpo esquentar a medida em que o menor apresentava sua fúria. Se calou pra enfim se concentrar no que seria uma coisa fácil a se fazer.

Com seus olhos fechados, Evil se sentia em um filme de ação, onde estava encarregado de salvar a vida de uma pessoa. Posicionou uma das mãos na tampa do pote, enquanto a outra ficou por baixo. No primeiro instante em que tentou girar, ouviu um barulho baixo de algo se quebrando, mas não conseguiu associar logo de cara. Na segunda tentativa, Evil pode sentir um líquido escorrendo entre seus dedos, e quando ergueu o que estava em suas mãos, notou um buraco enorme na parte de baixo do pote.

- Eu não acredito que você quebrou o negócio. Fala sério, Evil. - Em um tom de decepção, Velzac franziu o cenho, jogando seus cabelos pra trás.

- Tá de marola, Velzac? Eu poderia ter rasgado a mão que te faz carinho todos os dias, e é com isso que tu se preocupa? - Se virou de frente para o mesmo, colocando as mãos na própria cintura após limpar as mesmas.

- Tem carioca até no Japão, e mão pra me fazer carinho é o que não falta. - Seguiu até a sala com Solar nos braços, colocou a mesma sentada sobre o tapete limpo e ligou a televisão, deixando em um desenho qualquer.

- Eu quero ver você encontrar um carioca que limpa, passa e troca fralda cagada de bebê como eu. Um carioca que já é mestre em desviar de bala perdida. Um carioca que vai te levar pra conhecer os quatro cantos do RJ. Já pensou nisso? - Cruzou seus braços ao ouvir a risada baixa vindo de Velzac.

- Já, por isso que eu não fui embora até agora. Você é meu amor todinho, meu carioquinha mais lindo. - Foi até Evil e agarrou seu corpo, escondendo o rosto no pescoço exposto enquanto sentia o mesmo se amolecer.

- Sou muito sortudo por ter você, Velzac. Te dedico cada bala do meu fuzil, papo é reto. - Aproveitou o abraço mais gostoso que poderia receber, retirando o rosto quente de seu pescoço para beijar cada canto dele.

- Você tem coisa pra fazer, é melhor ir logo. - Falou em voz quase inaudível, se entregando ao chamego que chegaria ao fim em poucos minutos.

- Sim, nós dois temos. Mas a Sol nem tá chorando e ainda não chegou a hora dela se alimentar. Fica aqui comigo, dengo.

- Larga de ser cuzão, Evil. Por que você é assim? - Se afastou minimamente apenas para segurar na mão do maior e direcioná-lo até o sofá. - Impossível não perder o foco.

- Vem logo, cabeçudo. - Evil se deitou no sofá e se arrastou, até o encosto do sofá ficar cara a cara com suas costas. Ergueu seu corpo até alcançar a mão de Velzac, onde puxou o menor para se deitar com ele.

Esperou o mesmo se arrumar no local e puxou sua perna, fazendo com que seu quadril servisse de apoio para a mesma. Evil apoiou sua mão livre na coxa alheia, acariciando e apertando o local totalmente macio. Aproveitou as posições para distribuir diversos selares sobre o rosto de Velzac, sentindo diversas borboletas dançarem em seu estômago.

Os selares foram cessados para que Evil pudesse admirá-lo ainda mais. Velzac transbordava amor e leveza, fazia o mundo parar de se movimentar apenas com seu lindo sorriso. O sorriso encantador que fez Evil ficar cada vez mais apaixonado. Como num truque de mágica, Velzac se desfez da posição atual e se virou de costas para Evil. O mesmo não perdeu tempo quando levou a mão até a cintura alheia, puxando o corpo mais pra perto e sendo firme no processo. Ainda que o ato fosse simples, Evil queria aproveitar cada momento.

Tudo era único quando se tratava dos dois, e Evil se sentiu mais livre e feliz quando notou que poderia viver um amor a três de forma correta, visto que Solar existia pra trazer mais felicidade ainda.

Falando em Solar, a bebê estava sentada no chão, assistindo os vídeos selecionados pelo pai. Inocentemente, ao notar a presença dos olhares direcionados a si, a cabeluda engatinhou até eles.

Velzac fez o favor de puxar a mesma pra cima do sofá para se juntar a eles, incluindo a bebê na conchinha. Evil que era o último da fila, esticou seu braço para que fosse possível abraçar os dois ao mesmo tempo. Com o ato, fechou seus olhos e deixou um selar demorado na nuca de Zac, aproveitando pra esconder seu rosto no meio de seus cabelos.

Ficaram o tempo necessário agarradinhos naquele sofá, mas ninguém quis sair dali. Nem mesmo Solar, que acabou adormecendo nos braços dos pais. O tempo estava gostoso e frio, mas cada um se aquecia no abraço do outro.

A manhã se passou dessa forma, os três juntinhos.

Um pai atrapalhado, outro esquentadinho e uma bebê observadora, que adorava conversar e puxar cabelo alheio. Era ali que Evil queria estar, e todas as ações e palavras não eram suficientes para demonstrar o que sentia.

fim..

A rotina de papais atrapalhados.Onde histórias criam vida. Descubra agora