Os vagabonds estavam descansando, para variar. Cd era o tipo de garota que dormia toda atirada na cama, e mesmo agora ela estava com um dos travesseiros por cima do braço e metade do edredom estirado pelo chão de madeira. Era uma menina de pele clarinha, cabelos loiros que desciam até o pescoço e franja que descia até os olhos, cujo azul lembrava diamantes.
E por mais que a dorminhoca estivesse em sono profundo, um vento forte se aproximava de seu quartinho aconchegante — e foi ficando mais e mais forte — até alguém puxar a maçaneta e, com um aspirador de pó em mãos, entrar no quarto: um jovem de pele clara mas não tanto quanto a da menina, e cabelos escuros e jogados para cima em um topete estiloso (ou assim ele diria), de nome Cris.
Contornou a cama da menina, limpando o chão, sem calçar nada nos pés, vestindo calças de moletom escuras e uma larga camiseta branca de mangas curtas, pois gostava da mobilidade que as roupas mais largas lhe concediam. Quando limpou um lado, voou por cima da cama e limpou o outro, e limpou por cima do armário de madeira e também por baixo da escrivaninha, mas a menina nem deu sinais de acordar. Cris a encarou, e deu um sorrisinho sacana. Então, passou a aspirar a bochecha dela, que acordou com um berro.
"Aaaaai! O que cê tá fazendo!?", disse, puxando o cano do aspirador.
Cris pôs a mão em frente a boca rindo baixinho e voou de costas para longe como se estivesse sendo puxado pela barriga, passando pela porta e indo embora.
"Seu sacana! Não pode nem mais dormir em paz!", reclamou aborrecida e com os braços cruzados.
A cabecinha de Cris apareceu no canto da porta. "Culpa sua de dormir até as duas da tar—" Levou uma travesseirada na cara. O travesseiro caiu no chão. "Haha", disse ele, ironicamente. "Muito engra—" Levou outra travesseirada na cara.
Cd se sentou e riu enquanto apontava o dedo para ele, e Cris jogou os dois travesseiros de volta em alta velocidade, derrubando ela de volta na cama, e então ele quem riu. E os dois jogaram travesseiros um no outro, se bateram com eles, caíram da cama, e ela o enrolou no cobertor e puxou, até que Nio (considerando que os quartos ficavam no terceiro andar) gritou do segundo:
"Cês vão almoçar ou não?"
Os dois olharam nos olhos um do outro. Ela largou o edredom e ambos se puseram em pé.
"Cara", disse Cris, "o Nio tá fazendo almoço às duas tarde por sua causa. Eu tô morrendo de fome!"
"Problema seu!", disse e virou o rosto, cruzando os braços. "Já falei que podem almoçar sem mim que eu esquento o que eu quero depois."
"É, mas cê sabe como o Nio é."
Ela coçou a cabeça. "Tá, tá, eu já tô descendo. Que saco, pode nem jogar videogame até tarde mais."
"Claro que não. Assim cê vai ficar com seus horários completamente desregulados. E também vai acabar ficando febril sem pegar vitamina C, coisa que cê tá precisando, ô vampira."
"Não enche o meu saco", disse ela, com olheiras enormes e só um pouquinho mais acordada graças ao susto recente. "Enfim; vai, vai", completou, espantando-o com a mão. "Eu desço daqui a pouquinho."
Nio gritou lá de baixo, "vai ficar frio!"
Cris deu um meio sorriso, então, mantendo-se estático como uma estátua, seu corpo subiu ao ar e moveu-se como que arrastado pelo nada e voou para fora do cômodo.
Ao vê-lo sair, Cd vestiu-se de forma mais adequada, se é que podemos chamar um largo blusão velho cinzento e calças jeans justas com rasgos nos joelhos de 'adequado', então pôs chinelos brancos de uma só tira.
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The Vagabonds: Clima Carmesim
HumorQuatro caçadores freelancers, estilosos e sem grana, utilizam de poderes cósmicos para enfrentar criaturas bizarras em uma cidade que nunca dorme. Queriam apenas viver uma vida tranquila, mas um clima sangrento se aproximava daquela cidade, manchand...