CAPÍTULO XXIX: Desnudando Ilusões

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❝O choque de lidar com a realidade é como uma tempestade repentina que desfaz as ilusões, deixando-nos despidos diante da crueza dos fatos e obrigando-nos a encarar a verdade nua e crua

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O choque de lidar com a realidade é como uma tempestade repentina que desfaz as ilusões, deixando-nos despidos diante da crueza dos fatos e obrigando-nos a encarar a verdade nua e crua.

Peguei o jornal na banca e paguei juntamente com as minhas compras, mas a confusão estampada no meu rosto era evidente. Enquanto caminhava de volta para casa, a inquietação tomou conta de mim. Comecei a ler a matéria e a notícia sobre a morte de Suzana de Souza era chocante e perturbadora.

Como poderia isso ter acontecido? Cada palavra parecia um soco no estômago. Suzana estava a investigar algo que não devia? Ou, pior ainda, será que Daniel estava de alguma forma envolvido nisso?

Uma parte de mim relutava em aceitar a possibilidade de que Daniel pudesse ser um monstro. Ele tinha sido tão gentil, tão atencioso comigo. Como poderia ele ser responsável por algo tão horrível? Mas a dúvida começou a crescer, e a suspeita começou a pairar sobre ele como uma sombra ameaçadora.

Foi então que o meu telefone tocou, interrompendo meus pensamentos turvos. Era Daniel. Uma onda de nervosismo tomou conta de mim enquanto atendia. A sua voz soava calma e descontraída do outro lado da linha, como se nada estivesse acontecendo, mas eu não conseguia evitar um arrepio que percorreu a minha espinha.

— Estás a tremer, amor? Não fiques tão assustada. — Disse ele, a voz quase suave demais. — Só estou a ligar porque quero jogar algo contigo. Não desperdices o teu tempo a ligar para a Suzana ou a marcar encontros com ela.
A chamada terminou abruptamente e, no momento em que guardei o telemóvel, avistei Daniel a sair de um carro e a caminhar na minha direção. Um frio gelado percorreu a minha espinha ao perceber o que isso significava. Como é que ele sabia da minha tentativa de marcar um encontro com Suzana antes mesmo de eu ter notícia da sua morte? Daniel era um stalker. Ele tinha hackeado o meu telemóvel para obter informações sobre mim.

As perguntas multiplicaram-se na minha mente, cada uma mais aterradora que a anterior. Eu me vi diante de uma verdade angustiante: talvez eu não conhecesse Daniel tão bem quanto pensava.

Daniel aproximou-se de mim com um sorriso que não alcançava os olhos e tentou tocar-me no braço. Eu recuei instintivamente, a sensação de perigo palpável. Ele disse que deveríamos ir juntos a um lugar, mas eu recusei veementemente. Então ele proferiu ameaças contra a minha família, a voz fria e calculista. Eu não tinha escolha. Resignada, segui Daniel até ao seu carro e entrei, o medo esmagando-me a cada passo. Enquanto ele conduzia, o tempo parecia arrastar-se interminavelmente. Levou horas até chegarmos a Belo Horizonte, e quando finalmente chegámos, a escuridão já havia tomado conta do céu, engolindo a cidade em um manto de sombras.

Desci do carro, confusa e temerosa, e questionei por que estávamos ali. Daniel aproximou-se de mim, o rosto sério e determinado, com um olhar que parecia cortar a escuridão.

— O meu terreno tem uma floresta. — Começou ele, a voz carregada de um tom sombrio. — Eu sou o caçador, e tu és a caça. Se conseguires correr pela floresta e encontrares um bunker para te proteger, eu responderei a todas as tuas perguntas e deixarei-te em paz. Mas se eu te encontrar antes de chegares ao bunker, serás minha, somente minha, e nada poderá mudar isso.

— Estás maluco? Não vou fazer isso, quero ir embora. As pessoas não são brinquedos, Daniel. — Contestei a sua proposta, mas o seu olhar não deixava margem para dúvidas; ele estava a brincar com algo muito mais sinistro do que eu poderia imaginar. Com o coração apertado de medo e desespero, comecei a correr pela floresta escura, sem saber para onde ir ou como encontrar o tal bunker. A única certeza que eu tinha era que precisava de sobreviver.

À medida que corria pela floresta, o medo inicial começou a ser substituído por uma estranha sensação de adrenalina. Cada passo parecia ecoar na escuridão, aumentando a minha determinação e vontade de sobreviver. Era como se uma força primal tomasse conta do meu corpo, impulsionando-me a continuar, mesmo quando as minhas pernas imploravam por descanso.

Finalmente, o cansaço dominou-me e parei para recuperar o fôlego. Olhei ao redor, procurando qualquer sinal de Daniel, mas a escuridão da floresta escondia qualquer indício da sua presença. Fechei os olhos por alguns segundos, tentando acalmar a minha respiração acelerada, quando, de repente, senti alguém a agarrar-me firmemente pela cintura.

O meu coração deu um salto no peito e um arrepio percorreu a minha espinha. Abri os olhos e virei-me bruscamente, preparada para enfrentar o meu captor. Era Daniel, com um sorriso sinistro no rosto e os olhos brilhando com uma intensidade perturbadora.

Ele olhava-me como se estivesse prestes a realizar uma conquista, e enquanto me segurava firmemente pela cintura, senti um misto de pavor e excitação percorrer o meu corpo. Não era apenas o medo da sua presença que me dominava, mas a intensa adrenalina que tomava conta de mim. Uma parte de mim desejava desesperadamente ser beijada por ele, mesmo sabendo que ele representava um perigo iminente.

Os seus olhos brilhavam com uma intensidade perturbadora, e o sorriso sinistro em seu rosto só aumentava a minha apreensão. No entanto, havia algo mais profundo dentro de mim, uma sensação de urgência e desejo que eu não conseguia compreender. Era como se uma parte de mim se recusasse a reconhecer o perigo que ele representava, seduzida pela promessa de uma paixão proibida e avassaladora.

Enquanto lutava contra esses sentimentos conflitantes, uma voz dentro de mim gritava para que me afastasse dele, para que fugisse o mais rápido possível. Mas a atração que eu sentia era esmagadora, e eu me vi incapaz de resistir à tentação dos seus braços fortes e acolhedores.

O pavor misturado com uma estranha sensação de excitação tornava a experiência ainda mais confusa. Enquanto ele me segurava com firmeza, o meu coração batia tão alto que parecia que a floresta inteira podia ouvir. Eu tinha dificuldade em controlar a respiração. Uma parte de mim ansiava por mais proximidade, enquanto outra clamava por segurança e proteção.

A presença de Daniel era avassaladora, e eu sentia-me completamente envolvida por ele. Os seus lábios aproximavam-se lentamente dos meus, e eu fechei os olhos, rendendo-me ao desejo que me consumia. Mas, mesmo enquanto me entregava ao momento, uma vozinha dentro de mim sussurrava um alerta, lembrando-me do perigo iminente que ele representava.

Quando finalmente os seus lábios tocaram os meus, um turbilhão de emoções tomou conta de mim. O medo misturou-se com a paixão, e eu me vi presa em um dilema angustiante. Era como se estivesse à beira de um abismo, lutando para decidir se deveria render-me à tentação ou fugir antes que fosse tarde demais.

Insidioso Encanto - Triologia Encanto Sombrio, Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora