Wednesday's Love

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Pov Enid

Wednesday Friday Addams, ou o mais fiel sinônimo de uma sociopata com perfeito senso de narcisismo, era uma evidente amante criteriosa de livros e eu, como uma curiosa por natureza, ao certo sabia sobre todos os títulos que ela possuía em sua ostentosa coleção. Claro, sendo o suspense o gênero predominante entre eles, como investigação, horror, e casos bizarros de crimes reais.

Porquanto, considerando a sua preferencia pelo macabro, a minha mente entrou em colapso no segundo em que os meus intrometidos olhos azuis se fixaram em uma nova capa em sua estante, dessa vez, com mais cor que o usual e possuindo o nome "Kiera Cass" abaixo de uma coroa branca. E eu nunca seria capaz de descrever a incredulidade que eu senti ao encontrar o primeiro volume de minha coleção favorita entre os pertences de Wednesday.

Digo, nem em um milhão de anos eu havia cogitado a possibilidade de Friday ler uma saga extremamente clichê e previsível como esse romance, visto que o enredo não se encaixava em seus conceitos de boa literatura! Mas quão irônica foi a minha surpresa, afinal, a julgar pelos trechos grifados e o marca páginas, a Addams estava realmente lendo "A Seleção"! E detalhe, por vontade própria!

E na verdade, fazia certos dias desde que eu havia notado uma certa contradição em Wednesday, como na noite em que ela negligenciou a sua sagrada hora de escrita, pois preferiu assistir "Barbie" comigo! E não que eu estivesse reclamando, afinal, eu adorava estar consigo, mas essa era uma atitude que não condizia com Wednesday Friday Addams e isso me preocupava, inclusive, fazendo-me cogitar certos transtornos mentais, ou algo pior!

De qualquer modo, sem conseguir obter muitas outras informações sobre o comportamento estranho de Friday e sem saber ao certo por onde iniciar a minha investigação, eu me perguntei "OQWF" (o que a Wednesday faria)? E depois de refletir por horas a fio, entrei em minha conta na Amazon e adquiri um quadro negro e mediano, junto de muitos barbantes. Ou, em outras palavras, eu estava construindo o meu próprio quadro do assassino! Todavia, para o meu alívio, sem fotos de corpos, sangue ou assassinos!

O meu primeiro passo foi prender a lista dos sintomas de Wednesday no canto superior esquerdo e escrever ao lado as doenças em potencial, como ansiedade ou asma, e então, pendurei uma foto do livro de romance em sua estante e o poster do filme que ela havia assistido comigo. E examinei as minhas pistas com extrema cautela, inclusive até chegando a cogitar a possibilidade de Wednesday ter matado recentemente, em decorrência dos seus sorrisos atípicos, mas não fui capaz de concluir qualquer coisa!

Digo, eu não conseguia ver o elo perdido entre eles! Ou melhor, eu nem sequer sabia se as minhas pistas de fato possuíam algo em comum, ou se eram somente fontes de razões variadas. Hm, quem sabe Friday apenas estivesse curiosa a respeito de relacionamentos e, por coincidência, comprou o meu livro favorito para estudar sobre.

-Droga, Wednesday faz isso parecer tão simples! -resmunguei em frustração para mim mesma, antes assoprar no cachimbo que eu havia encontrado no teatro de Nevermore, e no momento seguinte, bolhas de sabão voaram pelo meu quarto- quem sabe se eu usar barbante! Talvez barbante possa ser a chave para desvendar esse caso! Wednesday costma usar barbante! -aleguei em otimismo e animação, deixando o brinquedo de lado e saltitando em busca de minha caixa de costura- hm, eu deveria usar vermelho clássico? Ou preto, por causa de Wednesday? -ponderei, dividindo o meu olhar entre as cores- hm, eu escolho rosa! -dei de ombros sorrindo, optando por minha cor predileta.

E então, eu prendi a ponta do fio sobre o quadro negro e iniciei as conexões entre as minhas pistas, sentindo-me no escuro em certos momentos, mas decidindo seguir o que o meu coração pensava ser certo e o que fazia sentido em minha mente, o que me gerou uma vasta gama de teorias.

- Hm, então eu acho que posso descartar ataque fulminante, mas eu deveria manter esse transtorno do humor, ou personalidade -eu murmurei para mim mesma, antes de soltar o mais desanimado suspiro, sem saber o que sentir ou como agir.