Prólogo

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A casa está sendo amontoada de caixas e mais caixas. Desde que me mudei com Kayn, montamos a casa especificamente da nossa maneira para que nós nos sintamos em um lar logo de cara, diferente de nossas origens, queríamos nos sentir bem acolhidos em nossa região. Por contrário, é um apartamento um pouco apertado, com um grande quarto (único cubículo espaçoso da casa), uma sala que compartilha da mesma cozinha e um banheiro bastante espreito. Todos os cômodos têm algo em comum; seu estilo industrial.

Nós vivemos de aluguel, mas isso não nos desmotivou nem um pouco; naquela época, precisávamos de um local para que nós conseguíssemos chamar de nosso. Nem que isso fosse, temporariamente, pagar algo sem poder fazer uma reforma direito. Pelo menos nossa casa é repleta de plantas, um cachorro golden retriever, um sofá bonito e espaços sofisticados até demais.

— Por que diabos está com essa cara?! — Questiono irritado, levando o copo em direção à superfície da mesa. Um estrondo é feito, e Kayn, que saí de seu café matinal, me olha irritado.

— Não está na cara, Max? Acabamos de ficar noivos e, em seguida, nos "divorciamos". Você queria o quê? Que eu sorrie para você? Oh, espere! — Com aquela feição irritante, ele sorriu em contragosto. Esses dentes chegam a brilhar, sinceramente... Levo a caneca novamente para os meus lábios, beberico um pouco enquanto o olho intensamente antes de dizer:

— Pra ser sincero, você até que tá sorrindo largo demais. Vê se diminui esse sorriso, seu cuzão. — Irritado, deixo novamente o recipiente em cima da mesa e cruzo os braços. Kayn, lentamente, me olhando de esgueira, volta a tomar o seu café da manhã e só conseguimos ouvir o ecoar do café da máquina, sem olhar a cara um do outro. De novo e de novo, o silêncio se instaura naquele ambiente, assim como está sendo em nosso dia a dia em que dividimos, por contra vontade, todos os cômodos.

Como contar como nos conhecemos? Dia de trabalho, em uma missão repleta de adrenalina, talvez fora por aqueles sentimentos bobos em que você está quase no fim da vida que te faz se apaixonar por um desprezível como esse. Sinceramente... Que decepção. Agora estamos aqui, em uma casa em que estamos dividindo, tanto por questões de economia quanto de espaço, no mesmo ambiente de trabalho e, infelizmente, na mesma cama. Preciso comprar, urgentemente, uma cama para Kayn, ou um colchão inflável. Eu quem não quero dormir ao seu lado. Os roncos dele têm me deixado estressado mais do que o suficiente.

Às vezes, o destino consegue e pode ser cruel.

One divorce, one houseOnde histórias criam vida. Descubra agora