CHELLY E ISADORA - FINAL

1 1 0
                                    

*PARTE 02*

*CHELLY E ISADORA*

-- Chelly, a porta de saída sumiu!

-- Mas o caminho era esse, não tem como uma porta simplesmente sumir! - Respondeu Chelly.

As duas olhavam agora para onde a enorme porta do hospital deveria estar. Porém, em seu lugar, havia uma parede. A recepção, bem organizada e ornamentada, com muitos sofás e poltronas, algumas mesas repletas de revistas e um pequeno bebedouro ao lado da porta do banheiro.

-- Mas que droga! - Gritou Chelly, chutando a parede.

-- Chelly...

Isadora tocou seu ombro e ela se virou.

-- Eu... voltei... - Disse Splinter.

Splinter ficou em pé, novamente sobre as duas patas, mas desta vez ele estava maior. Agora adquirira um aspecto muito mais sombrio. Chegava perto dos dois metros de altura e estava magro, tão magro que as costelas podiam ser contadas. Sua pele estava áspera e as veias do seu corpo estavam todas saltadas. Os olhos estavam vermelhos e agora tinha dentes tão afiados e grandes que saíam pela sua boca. Isadora e Chelly ficaram paralisadas, apenas iluminando-o com a lanterna do celular. Splinter agora parecia um verdadeiro demônio, uma criatura horrenda, sombria e imortal. Chelly sentiu o mesmo sentimento e lembrou-se do que havia dito: ''você não me machucaria, não é, Splinter?'' Na recepção do hospital, dentro daquela enorme escuridão, Isadora e Chelly encaravam Splinter, que as retribuía com um olhar doentio.

-- Vocês acharam mesmo que eu fosse apenas um animal? Um cachorro... Insignificante?

-- Eu te atravessei com uma tesoura, seu filho da puta. Como pode ainda estar vivo? E agora, desse tamanho? - Questionou Isadora.

-- Desgraçado... eu vou te matar e  depois cortar a sua cabeça. - Disse Chelly.

-- Nem se você tivesse quatro braços. A esta altura, no auge da minha evolução, eu já não ligo mais para nada. Depois da castração... eu adquiri consciência e jurei me vingar. Este fato já não me incomoda mais. O sexo é apenas uma futilidade, uma banalidade que vocês humanos, adoram praticar. A única coisa que eu preciso, é carne e sangue, pois a minha fome nunca cessa...

-- O que diabos é você? - Perguntou Isadora.

O celular descarregou e a escuridão as envolveu.

-- Este é o destino de todo ser humano, a mais perfeita e absoluta escuridão. Aqui, vou mastiga-las e estraçalhar cada pedaço, cada osso, cada tendão de seus corpos, enquanto vocês gritam e se contorcem.

Isadora apertou a mão de Chelly. As duas tremiam de tanto medo.

-- Você não passa de um maldito cachorro de estimação. - Disse Chelly.

Splinter rosnou.

-- Posso deixar as duas vivas... Se me trouxerem seus amigos...

Splinter babava, espuma saía de sua boca e seu rosnado apenas aumentava.

-- E se não aceitarmos essa proposta? - Perguntou Isadora.

-- Vocês não sairão daqui... Nunca mais...

Splinter pulou sobre elas, mas as duas se separaram e começaram a correr juntas, na mesma direção. Seus corações batiam forte e agora o medo era palpável. As duas viraram pelo corredor e deram de cara com uma saída de emergência. A porta, no entanto, estava trancada. Elas jogaram o corpo contra a porta, mas ela nem sequer cedeu.

-- Meu Deus, o que a gente faz agora? -- Perguntou Chelly.

Splinter mostrou as garras e depois o rosto. O sorriso doentio deixava sua boca escancarada, mostrando todos os seus terríveis dentes tortos e pontiagudos. Elas estavam agora encurraladas em um corredor sem saída. Isadora pegou o extintor de incêndio e começou a atirar na criatura. Uma neblina de pó químico encheu todo o lugar. As duas correram e Isadora acertou o extintor na cabeça do animal quando elas passaram. Ele caiu, mas segurou a perna de Chelly.

-- Isadora!

-- Não escaparão...

Antes que falasse, Isadora começou a bater em sua cabeça com o extintor, a ponto que uma parte do crânio e do fucinho da criatura, ficaram deformados. No entanto, Splinter se colocou de pé e derrubou Isadora com sua cauda. Ele não permitiu que ela se levantasse, colocando uma das patas sobre seu tórax.

-- Agora, você vai assistir...

Splinter ergueu Chelly pela perna, que inutilmente se debatia, tentando escapar de seu cruel destino.

-- Vou terminar o que comecei...

Splinter arrancou o outro braço de Chelly, que sentia uma dor lancinante irradiar seu corpo, sentindo sua pele e seus músculos rasgarem, cada tendão, cada fibra, sendo despedaçada. Chelly gritou uma última vez, antes que seu sangue enchesse sua garganta, com uma última mordida de Splinter, arrancando metade de seu rosto. Depois de jogar o corpo de Chelly no chão, Splinter voltou-se para Isadora, que chorava e se debatia, tentando escapar, depois de ver aquela cena tão trágica. Com uma pressão cruel, a criatura apertou seu peito. Isadora não conseguia respirar, seus olhos estavam arregalados, ela podia sentir. Deus do céu! Ela sabia, Splinter iria  mata-la. Isadora soltou um último grito antes de perder todo o ar. Um estalo horrível de ossos se partindo ecoou. Os ossos quebrados perfuraram seus órgãos internos. O chão se encheu de sangue e a criatura parecia se deliciar com a violência. Splinter ainda arrancou uma das pernas de Isadora e rasgava sua carne, mastigando-a ruidosamente. Seu rosto era puro horror, seus olhos, agora vermelhos, brilhavam, apresentando sua fome insaciável.

SOMOS 10Onde histórias criam vida. Descubra agora