𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟐 - 𝐏𝐀𝐑𝐓𝐄 𝟖

776 31 8
                                    


𝕸𝖆𝖋𝖎𝖆🩸🍷☠️

𝕸𝖆𝖝𝖎𝖒𝖊 ..... 🔥💲

𝗗𝗶𝗮𝘀 𝗮𝘁𝘂𝗮𝗶𝘀
𝗗𝗶𝗮 2


Entro no banheiro e bato a porta atrás de mim, não com força, mas o suficiente para cortar o barulho do mundo lá fora. Aquele silêncio abafado me atinge como uma onda. Giro a torneira para o máximo de água quente, quase desejando queimar minha pele para abafar as merdas que fervem na minha cabeça.

O vapor começa a subir, cobrindo o espelho e me escondendo de mim mesmo. Puxo as roupas do corpo com pressa, como se elas carregassem o peso do dia. Cada peça cai no chão de azulejo frio, sem o menor cuidado. Entro no box e deixo a água escaldante bater direto no meu rosto. Quero que ela lave tudo: as palavras presas na garganta, a frustração, a impotência.

O calor começa a morder minha pele, mas é o que eu preciso agora. Pego o sabonete, esfregando com tanta força que minha pele arde. O cheiro amadeirado preenche o espaço, mas não faz diferença. Nada mascara o cheiro do fracasso, da porra da bagunça que é minha vida.

Lavo o cabelo com pressa, sentindo os dedos ficarem trêmulos. O frescor do shampoo de menta contrasta com o fogo da água, e isso só me deixa mais irritado. A verdade é que nada resolve. Nem o banho, nem as palavras, nem os gestos.

Saio do chuveiro e agarro uma toalha, enxugando meu corpo como se quisesse arrancar a camada superficial da pele. O ar quente do banheiro não ajuda; ainda sinto o peso nas costas. Caminho até o closet, enfiando a toalha no cabelo enquanto abro a porta.

Escolho uma calça social preta porque, pra ser honesto, é o que está mais à vista. Coloco uma camiseta justa sem pensar duas vezes. Nada de estilo, nada de se importar. Apenas roupas limpas para fingir que ainda tenho o controle. Pego um par de botas de couro e calço sem o mínimo de cuidado.

Antes de sair, alcanço o frasco de perfume na prateleira. Três borrifadas no pescoço, duas nos pulsos. A fragrância é forte, dominadora: oud, sândalo, algo que grita "não mexa comigo". Esfrego os pulsos, mas nem olho no espelho. Não quero encarar o que está lá.

Desço as escadas com passos firmes. Cada som do meu sapato contra a madeira ecoa na casa, como um lembrete da presença que eu tento sustentar. A sala está movimentada, Mary e as outras estão ocupadas com os afazeres. Quando ela me vê, dá aquele sorriso caloroso que sempre dá.

Mas não adianta. Nada aqui é acolhedor. Nem a casa, nem as pessoas, nem essa sensação sufocante de que estou por um fio de perder tudo.

— Max, já está pronto para o almoço? — a voz de Mary corta o silêncio, suave, quase doce demais para o que está passando na minha cabeça.

— Estou — respondo,enquanto puxo a cadeira da mesa. Não estou com fome, mas ela insiste em manter as aparências. — Precisamos conversar.

Ela para por um momento, segurando o prato que estava prestes a colocar na minha frente. Seus olhos me analisam, atentos como sempre.

— É sobre a Sophie? — ela pergunta, direta, como se já soubesse a resposta.

— Essa garota tá me deixando louco, Mary. Eu não sei mais o que fazer. Ela tá mexendo com tudo que eu sou, e você sabe que eu não posso me dar ao luxo de perder o controle. — Minhas palavras saem rápidas, quase como um desabafo que eu nem planejei fazer.

— Max, não pode continuar se martirizando pelo que aconteceu com seus pais. Seu pai era como você no início: frio, duro... até conhecer Catarine. Ele mudou, e foi a melhor versão dele que eu já vi. Você não precisa ter medo de amar alguém só porque ele... — ela hesita, colocando o prato a minha frente.

Amor em tons de cinza [Dark Romance 🔞] EM REVISÃO!!Onde histórias criam vida. Descubra agora