One.

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Dedos gentis penteando seus cabelos e a luz cálida do sol acariciando seu rosto eram, sem dúvida, a forma como Suguru almejava despertar a cada novo amanhecer. Tal serenidade, uma mistura harmoniosa de toques suaves e calor reconfortante, era a indicação de um dia perfeito.

— Bom dia, meu amor — Satoru falou, e meio sonolento, Suguru esboçou um sorriso ao sentir os toques delicados em seus longos cabelos. A suavidade daqueles gestos, aliada ao conforto do momento, despertava nele uma sensação de contentamento sereno, tornando aquele instante especialmente precioso para si. 

Fazia tempo que não conseguia acordar com o amado ao lado, muito menos ter uma conversa decente, já que a rotina de ambos é completamente diferente. 

Satoru trabalhava de manhã como modelo, saía às seis horas da manhã e voltava meio dia e meia. Fora que sempre durante a tarde, o albino sempre dedicava esse tempo pra fazer alguma coisa, dormir, estudar, fazer aqueles buquês de borboleta que tinha visto no Tik Tok.

Já Suguru saia às cinco da tarde e sempre voltava às onze da noite. Trabalhando como estilista e tatuador de famosos, tendo uma hora de descanso e passava mais duas horas no orfanato com as duas meninas que já estava querendo adotar.

— Bom dia — sussurrou, ouvindo uma risada suave acima dele, Geto lentamente abriu os olhos olhando para seu marido, cabelos brancos emoldurando seu rosto sorridente. Erguendo a mão, ele enrolou os dedos em torno dos fios albinos, puxando suavemente seu amor para um selar carinhoso.

— Eu te amo —  Satoru ronronou, os traços de sono indo embora, como uma leve pluma em brisa fresca do verão. Podia apreciar novamente a face do amado. Não era sempre que o tatuador acordava antes dele, muitas vezes lutando para dormir durante a noite, o que o exigia mais do que ele admitia

— Olá, meu docinho — Gojo falou em um tom aveludado, enquanto acariciava suavemente a bochecha do amado. Seus gestos eram repletos de ternura e, com uma delicadeza quase etérea, ele inclinou-se para depositar um beijo suave na testa de Geto, como um selo de carinho profundo — Ainda cansado, meu leão? — questionou, colocando as mãos nas bochechas e inclinando-se suavemente.

— Sim, não desejo levantar — respondeu enfiando o rosto no peito do amado, recebendo uma risada alta em resposta.

— Vamos levantar, meu amor. Ou não vai querer passear no dia dos namorados? — o dono de olhos azuis  perguntou como se não quisesse nada e imediatamente o moreno se afastou, se levantando e olhando descrente.

— Está de folga hoje?

— Hoje, sou todinho seu — o albino falou, levando a mão aos fios negros do marido. — Vamos, se arrume, pois vamos sair.

[...]

Satoru pov.

— Você está pronto, amor? — perguntei pela terceira vez, espiando pela porta do banheiro. A visão de Suguru, penteando seus longos cabelos negros com graça e serenidade, era verdadeiramente encantadora.

Em resposta, meu marido fitou-me com um ódio quase palpável. O olhar que me dirigiu transbordava uma aversão profunda, quase tangível. É evidente que ele detesta quando tento apressá-lo, e naquele momento, sua expressão revelou o âmago dessa repulsa. 

 Sempre termina da mesma maneira! Fizemos uma reserva e ele começou a se vestir meia hora mais cedo. São quase meio dia, já que dormimos até mais tarde, e já deveríamos estar no carro, indo em direção ao restaurante. Pelo menos somos suficientemente conhecidos para que nos perdoem pelo atraso.

O motivo do nosso encontro foi comemorar o dia dos namorados e os nossos vinte e um anos juntos. Dez anos de amizade, seis apaixonados, três fora do armário como casal e dois, finalmente casados.

Nossa saída foi problemática. Principalmente porque a imprensa nos assedia 24 horas por dia, 7 dias por semana e Mei Mei decidiu lançar na internet, e parou por todos os canais de televisão, acusando-me de ser eu quem roubou o homem dela (o que em parte estava certo, mas era irônico que precisamente essa acusação tivesse vindo dela, a garota tava em um relacionamento e queria meu Geto, a vagabunda do caralho).

Quem não ficou surpreso com o anúncio (porque em parte já suspeitavam) foram nossas famílias, amigos e quem ficou mais feliz foram nossos fãs. O fato de SatoSugu ser real os deixou loucos. 

Suguru não gosta de estar aos olhos do público, por mais que namore um modelo e trabalhe com gente famosa, o moreno ainda preza por manter a vida privada, apenas privada.

Na maioria das vezes, continuamos iguais a quando éramos apenas amigos; incomodando-se, encerrando as frases um do outro, comunicando-se através de letras de músicas e buscando um toque mais íntimo quando rodeados de pessoas. Isso quando milagrosamente nossas rotinas se juntavam.

A grande mudança foi que não precisávamos mais inventar desculpas para passar a noite juntos. Poderíamos nos beijar e dar as mãos sem vergonha, sem medo de sermos vistos. Embora pareça perfeito, nenhum relacionamento realmente é.

O único problema entre nós é a atitude ciumenta de Geto, o ciúmes que ele tenta esconder, por mais que ele seja mais lindo que eu. Desde que o conheci, ele era assim, temeroso e inseguro, com o passar dos anos, seus pequenos pontos fracos cresceram, mas quando decidimos iniciar um relacionamento, isso foi ampliado.

Tentamos terapia, por mais que ele odiasse contar o que sentia, principalmente para um estranho, ele, que tantas vezes se via consumido por uma irritação tamanha a ponto de levá-lo às lágrimas.

Eu, que o acompanho de perto, não posso deixar de refletir sobre nossa relação. Embora sua irritabilidade frequentemente atingisse picos que culminaram em choro, não me atrevia a censurá-lo. Mal nos víamos direito, nossa proximidade física, tão desejada e almejada, muitas vezes era dificultada por nossas rotinas diferentes. Não conseguimos nos abraçar direito, e quando acontecia, ele estava dormindo de tão cansado.

E mesmo assim, mesmo sonolento, conseguia reparar em detalhes sutis no corpo do meu marido que não escapam à minha percepção. Consigo notar seus olhos levemente inchados e o nariz ruborizado, sinais de que chorava no banho. 

Mesmo que tentava esconder a vulnerabilidade. A água do chuveiro não conseguiu apagar as marcas da sua dor, que agora sempre se desenham em seu rosto de maneira tão evidente para mim. Ele achava que não percebia, mas era óbvio.

Nanami, Shoko e outros colegas, frequentemente me aconselham a dar mais valor à situação que se desenrola à minha volta. Comentam sobre o ciúme que ele sente, um sentimento que, embora difícil de lidar, reflete a insegurança. 

Além disso, a solidão que nos cerca é inegável. Nossos amigos, por mais próximos que sejam, têm suas próprias vidas para cuidar, seus próprios problemas para resolver. Isso nos deixa, muitas vezes, isolados.

— Satoru, estou pronto!

Notas finais: Fanfic de presente para MartinDAngelo  e espero que goste

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Notas finais: Fanfic de presente para MartinDAngelo  e espero que goste. Combinamos de que cada um faria uma fanfic com o shipp que o outro gostava.

Um amor em Paris - SatoSugu.Onde histórias criam vida. Descubra agora