Pink Princess

Too Spicy

Han Jisung definitivamente detestava o vestiário masculino da faculdade mais do que odiava animal print, tinha cheiro de desodorante vencido e perfume barato com suor que fazia seu estômago embrulhar. Era sempre muito barulhento, cheio de trogloditas achando engraçado começarem a literalmente qualquer minuto uma luta corporal que terminaria com um deles escorregando no azulejo úmido e caindo no chão, uma bagunça que Jisung não se atreveria a pisar seus preciosos pés nem que valessem um par de brincos Vivara.

O time da faculdade havia ganho o primeiro jogo fora da casa, e todos os atletas estavam mais agitados do que o comum de forma que a gritaria dentro do banheiro pudesse ser ouvida pelos quatro melhores amigos que fofocavam em bancos a menos de cinco metros de distância do vestiário - distância considerada segura pelos mesmos.

— E aí eu perguntei: “Sua mãe é aquela empregada?” — Hyunjin interrompeu o movimento com que lixava as unhas para estender a mão e analisar a simetria. — E ela respondeu: “Ela é garçonete”.

— Eu ri e falei: “Então ela é, tipo, uma empregada com gorjeta”. — Seungmin revirou os olhos e Felix riu soprado, trocando a perna com que cruzava acima do joelho. — E ela teve a capacidade de ficar irritada, quando eu só literalmente disse fatos.

— Não sei por que as pessoas têm problemas em ouvir o óbvio. — O Hwang ergueu o corpo do banco e suspirou. — Tá bem, vadias, eu tô morrendo de fome, quem vem?

— Todas. — Felix bateu palmas ao se levantar. — Não suporto esse cheiro de homem burro, tenho medo do cérebro de vocês atrofiar se ficarem muito tempo aqui, gatas.

O Lee retorceu os lábios em desgosto quando uma manada de jogadores esvaziaram o banheiro de uma só vez, rindo e gritando tão alto pelo corredor que Seungmin franziu as sobrancelhas e levou as mãos aos ouvidos. A sorte estava a favor deles e aquele bando de hormônio se dirigiu a direção contrária.

Na verdade, a sorte estava bem ao lado deles.

O jogo havia sido na faculdade adversária e é claro que quem havia levado o grupo de cheers para torcer com o time havia sido Hyunjin, mas para ser sincero, os melhores amigos acreditavam que estarem vivos depois do Hwang passar por um cruzamento sem respeitar o semáforo era sorte pura. Precisavam retornar para a faculdade para o almoço e terem a última aula do dia, mas antes, precisavam orar mentalmente para terem a mesma sorte.

— Não vou poder ir com vocês, eu…

Jisung começou, a pontinha das orelhas vermelhas e aquele sorrisinho suspeito enquanto apertava a barra da sainha do uniforme de torcida. Seungmin e Hyunjin se entreolharam e Felix riu soprado.

— O que? Tem prova de espanhol? — Hyunjin arqueou uma das sobrancelhas.

— Ou será que estão te chamando na diretoria? — Seungmin cruzou os braços.

Bem, era verdade que Jisung dava algumas desculpas para sumir de cena. Mas, poxa! Não queria ter que dizer que iria encontrar Minho.

— Não precisa esconder o jogo, Honey. — Felix pegou a própria bolsa. Sorriu de canto e apontou o dedo para o Han. — Se cuide, hein? Te esperamos na mesma mesa de sempre.

— Beijinhos. — Acenou para os melhores amigos. — Prometo não demorar.

Claro que aquilo era mentira…

Jisung verificou pelo menos duas vezes se não havia mais ninguém nos corredores antes de entrar completamente no vestiário. O ambiente todo estava úmido pelo vapor dos chuveiros recém usados, tão vazio que o Han conseguia ouvir seus tênis plataforma fazerem barulho no azulejo molhado. Vasculhou por entre a fileira de armários metálicos com bancos bem ao meio, e também em quase todos os boxes completamente vazios.