Tentação

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Ele sai do banheiro secando o cabelo e eu fico admirando silêncio a forma como o seu corpo se move enquanto ele esfrega a toalha na cabeça, os músculos do seu braço que dobram de tamanho na posição que está, o peito que parece mais largo, a barriga trincada, o seu pau...

Esse homem foi um presente do inferno para tentar todas as almas da terra.

Ele caminha na minha direção, se inclina e me beija, acho estranho a forma como ele age, é como se estivéssemos juntos  há muito tempo, apesar de termos nos conhecido há menos de 24 horas.

— Que bom que você acordou, precisamos ir.

— Para o clube?

— Sim. Quer comer antes?

Eu prendo a respiração por um momento quando a resposta para essa pergunta surge na minha mente, tenho que tomar cuidado perto dele, é muito fácil se deixar levar, se envolver no seu joguinho...

— Adoro esse olhar, queria saber o que você está pensando agora...

Sem esperar por uma resposta ele me beija deitando sobre mim, quando percebe que estou de pau duro se afasta e sorri.

— Do que você gosta, Nanon?

Fico olhando para ele enquanto o meu cérebro leva o seu tempo para reinicializar, penso na sua pergunta e não sei o que responder, não é como se eu fosse o deus do sexo que auto intitula luxúria encarnada.

— Do que você gosta?

Pelo seu sorriso sei que mais uma vez dei a resposta certa, mas quando o seu sorriso se transforma em pura perversão eu me preocupo que essa seja na verdade a resposta errada.

— Vamos começar pelo básico, Nanon.

— Acho que nada com você é básico, Ohm.

Mais uma vez a minha mente entra em pane quando ele chega mais perto e cheira o meu pescoço.

— Tem razão, nada entre nós será básico... Você tem um cheiro maravilhoso!

Quando beija o meu pescoço o seu celular toca, ele levanta pegando o aparelho ao lado da cama, então me beija mais uma vez.

— Fica aqui, eu já volto.

Como se eu tivesse para onde ir, nem sei onde estou. Eu concordo e ele se afasta, assim que a minha mente volta a funcionar percebo que tenho que tomar cuidado, eu não conheço o cara, não posso aceitar tudo o que ele fala assim.

Fecho os olhos e tento reorganizar os meus planos, ficar ao lado dele 24 horas por dia vai dificultar muito as coisas, vai ser difícil até pra manter contato com o Chimon. E tem um problema maior, percebi durante o dia que ele é possessivo e ciumento, quando os funcionários vieram trazer as nossas refeições ele se irritava apenas por olharem para mim, como eu vou me aproximar dos outros membros do clube?

Sento na cama quando a porta abre, algumas pessoas entram trazendo várias sacolas e colocam no chão, são muitas sacolas de tamanhos e formas diferentes, nenhuma delas tem logomarca que possa me dar uma dica do que é. Quando a última mulher coloca várias sacolas ao lado  das outras o Ohm entra, faz um sinal e os sete funcionários saem.

— O que é isso?

— Roupas para você.

Por um momento eu acho que tive uma pane novamente e entendi errado, mas não, ele fez isso, comprou roupas pra mim como se eu fosse uma acompanhante de luxo que ele trouxe pra casa. Na hora eu entendo que é exatamente isso que eu sou pra ele, um brinquedinho que ele vai fazer o que quer durante duas semanas, mas isso não vai acontecer, eu nasci pra domar cavalo bravo, ninguem vai me amansar e colocar um cabresto em mim!

— O que você está fazendo?

— Estou caindo fora!

Ele me olha surpreso enquanto eu me visto, confiro a minha roupa e pego o relógio do Chimon, quando estou indo para a porta ele me segura me impedindo de sair.

— Porque... O que aconteceu?

— Eu não preciso do seu dinheiro ou das suas coisas, isso foi longe demais, só porque eu aceitei ficar com você, não significa que eu... Quer saber, mesmo ter aceitado ficar aqui foi longe demais, devia ter recusado isso também. Você estava certo, eu não estou pronto, nunca vou estar.

— Se você sair não pode mais voltar, Nanon.

Nós ficamos nos encarando por um longo momento, sei que tenho que me manter firme, mas ele tem algo que... Não sei, mas eu perco o controle de mim mesmo por causa dele.

— Fica...

Sei que a resposta para o seu pedido deveria ser fácil, é só dizer não, mas eu não consigo, não enquanto ele me olha assim.

— Eu não queria... Você não foi buscar as suas coisas, está sem roupas... Eu queria te deixar a vontade.

— Você achou mesmo que comprar coisas pra mim, depois de transar comigo, quando acabou de me conhecer, era uma boa ideia?

— Não é assim, Nanon, eu tinha um problema e resolvi, é assim que eu faço as coisas.

— Por isso é melhor parar por aqui, Ohm, como você faz as coisas não funciona pra mim.

— Isso não é sobre as roupas então.

— É sobre tudo!

Consigo ver a confusão nos seus olhos, com certeza não deve ter muita gente cogita a possibilidade de se afastar dele.

— Que se foda tudo, então! Só, por favor,  não vai...

Ele dá um sorriso maravilhoso quando eu concordo e me puxa para os seus na braços, fico tenso por um momento, então começo a relaxar, sei que nada disso está certo, mas... É tentador demais.

— Eu vou ficar, mas se eu quiser ir pra casa ou fazer qualquer outra coisa você não vai me impedir.

— Existem regras, Nanon...

Eu não digo nada e ele suspira, entendo isso como um sim e continuo.

— Eu não vou ficar com as roupas.

— Você precisa de roupas para hoje e os próximos dias.

Penso nisso por um momento, não acho que as calças jeans e chapéus que fazem parte da meu guarda roupas vai combinar com o clube.

— Eu vou pagar por elas.

— Você não precisa.

— Então nada feito.

Ele me solta e dá um passo para trás concordando mais uma vez.

— Ok, eu vou ficar, por enquanto.

Ele segura a minha mão e me empurra para a porta.

— Você está fazendo eu quebrar todas as regras, Nanon.

— Eu posso ir embora se você quiser.

— Você quer ir embora?

Essa pergunta me pega de jeito, porque apesar de todas as concessões está na cara que ele não acredita que eu quero ir embora, então porque ele concordou com tudo?

— O que você quer, Nanon?

Olhando nos seus olhos eu começo a duvidar de mim mesmo e do que estou fazendo aqui, porque só uma resposta me ocorre nesse momento.

— Você!

Sete PecadosOnde histórias criam vida. Descubra agora