White wings

2.

 Meu coração batia a mil por hora,eu podia sentir minha respiração engatando na garganta antes de eu surtar.

"É só uma alucinação,é só uma alucinação--mais que merda!".

Eu digo antes de arremessar um vaso naquela coisa.

"Você deveria aprender a controlar suas emoções".

Aquela voz diz,eu tinha certeza que estava prestes a ter um infarto.

"Quem é você?!".

"Eu sou simplesmente o seu anjo da guarda,sabe...você não deveria arremessar coisas no seu protetor".-Ele diz calmamente.

"Meu anjo da guarda?! Eu morri?".

Eu digo,com a voz trêmula,minhas mãos tremiam,aquilo não podia ser real.

"Não,você não morreu...e se você morresse seria o meu fim,eu sei que não é normal o seu "anjo da guarda" aparecer pra você assim...mas não era pra você ter me visto,pelo visto você tem uma visão aberta".-Ele diz se aproximando,eu me afasto.

"Se acalma,suas mãos tremem muito,quando você fica nervosa minha visão embaça,apenas,respire fundo,eu sei o quanto você está nervosa agora".-Ele diz se aproximando mais ainda.

Eu não tinha nada a perder,de qualquer maneira,muitas coisas já tinham acontecido do mesmo jeito,eu apenas fecho meus olhos e respiro fundo,tentando me acalmar.

"Melhor agora?".-Ele pergunta.

"Acho que sim....eu sou esquizofrênica".-Eu digo,tentando não olhar pra aquele anjo.

"Não me faça rir".-Ele diz rindo baixinho.

É isso,eu acho que eu morri,é de fato isso que acontece,você não sente dor,ou eu estou muito maluca,é melhor eu entrar na onda.

"Porque está aqui?!".

"É uma longa história,eu só quero que antes de tudo você se acalme e comece a me ouvir,preciso que me escute e não surte".Ele diz calmamente.

Puta que pariu.

Eu fico quieta enquanto apenas me sento na minha poltrona,toda travada.

"Eu sou seu anjo da guarda,você não acredita nessas coisas,eu sei.Eu sei tudo sobre você,mas eu estou com você desde o seu primeiro suspiro e ficarei até o dia em que você morrer,o problema é que você não foi a única pessoa em que eu já cuidei,já teve outras...muitas,e eu falhei,feio,era pra elas morrerem por causas naturais da vida,mas 38 delas morreram por suicídio ou descuido e você é minha última chance".Ele diz se explicando.

"E o que acontece se eu...sabe?".

"Eu sou expulso do paraíso,já falhei demais,muito,muito,é deprimente.Bem,o ponto é que eu percebi que você não tem jeito e que isso não é só sobre você,você precisa parar de se matar aos poucos e eu estou aqui pra isso,pra cuidar de você,você é minha última chance,eu não posso deixar você morrer...eu já estou morrendo aos poucos".

Porra,acho que isso é mesmo real,eu estou louca.

"Você--Você não-- isso é besteira,eu sou uma Alcoolotra com alucinações profundas e isso passou dos limites,chega! Está dizendo que se eu me matar você é expulso do paraíso mas que merda é essa?!".

Meus olhos já estavam começando a encher de água,minha nuca queimava de nervoso.

Minha respiração fica presa na garganta quando eu vejo ele se aproximando de mim,eu fico imóvel,ele coloca suas mãos na lateral do meu rosto,acho que ele estava tentando me acalmar.Deus,seus olhos eram tão lindos,eu poderia me afogar neles.

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Estávamos sentados na varanda do meu apartamento,já deveria ser de madrugada ainda,naquela altura eu já tinha meio que aceitado tudo aquilo,aceitando que eu estava ficando doida.

"Então eu sou sua última chance? O-o que acontece se eu falhar?".Lindice pergunta.

"Basicamente eu sou expulso do paraíso...acontece que em outras vidas eu falhei,não era pra elas morrerem daquele jeito...não estava no tempo certo".Louis diz,desviando o olhar.

"Você disse que estava morrendo aos poucos".Lindice ia continuar falando mas Louis a corta.

"Estou,porque você também está! Eu tentei,sabe quantas vezes eu te livrei da sua morte? Era pra você estar morta agora".

Aquilo faz Lindice parar por um momento,levando um choque de realidade,por todas as escolhas que ela tomou.

"São momentos difíceis,e--- eu poderia passar a noite inteira te agradecendo mas não tem como,eu nem encontro palavr--".

"É minha função,cuidar de você,mas você poderia cooperar um pouco,não?".

"É....eu sinto muito".

"Está tudo bem lindice,eu já vi coisas piores,a única coisa que você poderia fazer é tentar controlar um pouco".Louis diz,voltando a olhar pra ela.

".......Não tem como--- eu juro,eu juro que se eu pudesse".

"Você pode,pode,só não quer".

"Você nem sabe o que é vício,você nem é real".Lindice diz antes de soltar uma leve risada baixa,Louis lança um olhar sério.

"Um dia você vai começar a acreditar em mim".

"....Quem foram as pessoas? Sabe...de antes".Lindice pergunta.

"Muitas,não posso lhe contar..A última não teve um fim bom".

Aquilo desperta a curiosidade de Lindice,mas ela sabia que ele nunca iria contar nada a ela,então ela permanece quieta.

"Agora eu vou ter que começar a te ajudar,muito mais,de perto".Ele diz olhando no fundo dos olhos de Lindice.Lindice quase se pegou o admirando,mas ela desviou o pensamento,lembrando que era uma viciada e que aquilo era loucura.