CAPÍTULO 4 - KILLIAN

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Puta merda.

O que caralhos aconteceu?

Em um momento eu estava ganhando e no outro perdendo.

O que eu sei é que agora sinto raiva, uma fúria colossal. Quem ousou arremessar aquelas pedras no meu carro? Eu vou matar o desgraçado que fez isso. Ele vai desejar nunca ter nascido depois de hoje.

Estaciono meu carro, tiro a chave da ignição e tento respirar. Passo as mãos no cabelo, bato os braços no volante e conto até três, na intenção de me acalmar, mas não funciona. Minha pele está queimando de tanto ódio. É melhor ninguém chegar perto de mim agora, se não vai levar o pior soco que já imaginou receber.

Acho que o carma não está a meu favor. 

Saio do carro e no instante que fecho a porta para analisar o estrago feito, um punho acerta minha mandíbula com uma força impressionante. A dor se alastra por toda minha cabeça, tenho que me segurar no veículo para não cair. 

Assim que meus olhos se dirigem para a pessoa que me bateu, meu mundo para. Ela é linda. A garota mais maravilhosa que já vi em meus vinte anos de existência. A observo de baixo para cima, com seus cabelos castanhos, roupas pretas e um excelente gancho de direita. 

Simplesmente perfeita.

Sou atingido por outro soco ainda mais forte que me desestabiliza.

Na verdade, não sei se é por causa da dor ou por ela. 

- Vai ficar aí me secando ou vou ter que arrebentar sua cara para você me ouvir? – Secando, claro.

- Você tem um belo gancho de direita. Quase quebrou meu queixo – massageei o local machucado.

- Teu queixo que é de vidro.

PUTA QUE PARIU!

NÃO ACREDITO! 

Ela acabou de fazer uma referência a Velozes e Furiosos?

Tô apaixonado.

Com a boca levemente aberta, um sorriso surge em meu rosto. Até ser desmanchado com seus gritos furiosos.

- Qual é a porra do seu problema?

- Meu problema? – Estou em choque ainda. 

- Seu problema. Só sabe ganhar trapaceando! Olha a merda que você fez no meu carro. 

Opa, opa, opa. Espera só um segundo. 

Ela é Racing?

Racing não é um cara?

Eu perdi para uma mulher? Isso nunca aconteceu em toda a minha vida. 

Percebendo a minha confusão, ela parte para cima de mim novamente, dou um passo para trás e faço um sinal de rendição erguendo as mãos. 

- Você achou que eu era um homem? Só pode tá de sacanagem comigo! – Não estou nem um pouco a fim de entrar nessa questão, por isso resolvo mudar de assunto. Quero sair vivo dessa conversa.

- Escuta aqui, eu não tenho culpa tá. Algum idiota atirou duas pedras no meu para-brisa. NÃO UMA PEDRA, MAS DUAS! Porra, eu tentei desviar, mas perdi o controle e bati no seu carro – foi só eu me lembrar disso, que a raiva volta a todo vapor. 

- Não importa, devia ter se jogado no meio do mato então, e não ter batido em mim – que garota esquentadinha. Grita igual uma louca. 

- Nossa, como você tem amor pela vida alheia. 

- Argh, que ódio, eu quase perdi por sua causa.

- Fui eu quem perdi, eu quem deveria ficar puto, não você.  

- Escuta aqui seu idiota, só vou repetir uma vez. Você vai pagar o conserto do meu carro, já que a culpa é sua – minha cara se fecha, de novo. 

- Quem você pensa que é para falar assim comigo? 

- Eu sou a mulher que venceu você e que vai quebrar a tua cara se não pagar o conserto do meu carro – ela diz me olhando com fúria nos olhos.

Caralho, o fogo que essa mulher deve ter na cama... 

- EU. NÃO. VOU. PAGAR. NADA – digo calmamente e pausadamente. Contudo, acho que Rancing não gostou muito da minha resposta já que ela pula para cima de mim, outra vez, entretanto, alguém a segura por trás no mesmo instante em que vejo Alex se aproximando. 

- Cara, o que está rolando aqui? Tá todo mundo olhando pra vocês – quando Alexandro diz isso percebo que ele tem razão, estamos dando um show para a multidão ao nosso redor. Encaro Rancing e reparo que o cara que está com ela tenta acalmá-la. Não sei se está funcionando. Ela me olha como se quisesse me comer vivo. Ou me estraçalhar.

- Essa palhaçada acaba agora! – Grita o cara ao lado dela.

- Não se mete onde você não foi chamado, seu bosta – retruco. 

- Ei, só eu posso ofender o meu amigo, idiota – Racing revida.

- Amizade saudável essa de vocês – Alex fala se referindo aos outros dois.

- Cala sua boca, ninguém te chamou pra conversa – o amigo de Racing responde.

- E muito menos você – Alex devolve.

Onde fui me meter? Por que esse tipo de coisa sempre acontece comigo? Tenho quase certeza que a discussão virou uma competição de quem xinga mais.

- Calem a porra da boca! – berro para os três ouvirem e graças a Deus deu certo. – Vamos resolver essa história de uma vez e acabar logo com isso. Mas primeiro, eu gostaria de saber o nome da barraqueira que pelo jeito gostou bastante de me bater - ela para e pensa se realmente deve me responder. Não posso negar que achei sua atitude meio estranha.

- Ellery. Meu nome é Ellery Racing. 

Ellery. Aprecio a sensação do nome em minha mente. Gostei. 

Combina perfeitamente com ela.

- Sou Garcia. Killian Garcia – olho no fundo de seus olhos enquanto digo meu nome, tenho certeza que vi algo neles, ainda não sei o que, mas independente do que foi mexeu com Ellery.

Adorei.

- Olha, não quero confusão. Você bateu no meu carro, agora deve consertar. Simples assim.

- Admito que não tive intenção de atingir seu carro, só que isso não teria acontecido se não tivessem jogado pedras na minha direção.

- Não posso fazer nada para mudar o que aconteceu, mas posso te ajudar a descobrir quem foi. Apenas se... – Não deixei ela terminar de falar.

- Apenas se eu consertar seu carro. Já entendi. Sorte sua é que eu trabalho em uma oficina.

- Muita sorte mesmo - percebo um tom de sarcasmo em sua voz. Ao mesmo tempo em que ela finge se virar para ir embora, desfere um forte soco em meu rosto. Mais uma vez. Gemo de dor. Filha da puta.

- E esse foi por gritar comigo – ela fala calmamente ao se retirar. Esfrego o local com a mão olhando para suas costas assim que vai embora, enquanto Alex ri da minha cara de surpreso.

Ela me deu três socos.

Não um, três.

Tô fodido. 

Completamente fodido.

Essa garota vai acabar comigo.

Asas da FortalezaOnde histórias criam vida. Descubra agora