2. Pedreiro Insano (1)

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"Cadê esse cara, ein?", disse Cris, com as mãos atrás da cabeça e flutuando pelo ar.

"Não faço ideia", disse Nio. "Segundo o relato, ele foi visto por aqui."

Os quatro vagabonds encontravam-se em um canto estreito e com pouco movimento de Valentine, onde de um lado havia algumas construções antigas, e do outro uma grade que os separava de um rio.

"Vamo dá uma olhada."

"Beleza, só me dá cinco minutinhos." Cris voou para o alto com um salto gracioso e ridículo, então pisou no nada a pelo menos vinte metros do chão. Pôs as mãos nos bolsos, caminhou para frente e para trás, e examinou os cantos de longe, mas não parecia haver nada de estranho. Estava procurando por movimento, qualquer um que fosse.

"De qualquer jeito", disse Nio, "ele não pode ter ido muito longe. Enquanto o Cris procura lá de cima, a gente vai dar uma averiguada na área. Seria bom encontrarmos a anomalia antes de outros caçadores chegarem."

"Aqui em Valentine?", disse Cd, e riu baixinho. "Talvez no fim do dia cheguem."

Nio caminhou para frente, observando os detalhes do cenário. Andou até uma passagem na grade que levava a uma ponte não tão longa (pois o rio em baixo não era tão largo) e um pouco curvada, com guarda-corpo metálico. No meio dela jazia uma mureta cinzenta de pedra, desforme, com buracos e pedaços faltando, e tinha menos de um metro de altura. Havia outras construções tão pequenas quanto essa em volta: outra mureta, algumas pedras caídas, mais ao longe, uma estátua.

E um homem morto. Com o peito contra o chão, em uma pequena poça de sangue. As costas trespassadas por pedras pontiagudas, com manchas de sangue nas partes perfuradas da camisa. Os olhos, abertos, encarando o nada. Nio se aproximou. Abaixou-se ao lado dele e, com uma das mãos, fechou seus olhos.

Aurora e Cd chegaram quando Nio já se levantava, e também viram o corpo. Os olhos de Aurora se arregalaram e ela pôs as mãos em frente à boca, e Cd não esboçou reação exceto por um bocejo. Nio andou até as duas e coçou o queixo.

"É, ele tá por perto."

Cris desceu uma escada imaginária até os três, com as mãos nos bolsos.

"Alguma coisa?", disse Nio.

"Nah", disse Cris, então virou o rosto para o lado. "Ih, tem um corpo ali!"

"Você não tava analisando o perímetro?"

"Tava, eu só não prestei atenção nisso."

Nio pôs a mão no rosto, bufando. "Eu chequei o corpo, mas já tá gelado. É provável que a anomalia já tenha ido embora daqui. Que... droga", disse, cerrando os punhos.

"Como é exatamente a anomalia que a gente tá procurando?", perguntou Aurora.

"É, eu também não prestei muita atenção não", disse Cd.

Nio puxou o celular do bolso, desbloqueou a tela e leu a descrição no aplicativo do Olimpo. "O nome que foi dado é 'pedreiro insano'. É uma criatura humanoide, a pele parece com pedra e o rosto é inexpressivo. Ah, e diz aqui que também é bem alto. E é só o que tem sobre ele. Nenhuma foto."

"Vou subir mais alto", disse Cris, "fazer outra revista. Já volto", e voou para os céus.

Nio trilhou de volta até o meio da ponte. "Pelo jeito a gente vai ter que investigar. Se vocês duas acharem alguma coisa, deem um grito."

"Pode deixar!", disse Aurora.

"Beleza", concordou Cd. "Eu vou dar uma investigada ali do outro lado." Apontou para o início da ponte, de onde tinham vindo. "Se eu ver alguma coisa eu chamo." Ela tirou do bolso do blusão dois fones de ouvido pequenos, os pôs nos ouvidos e, com as mãos nos bolsos, foi até lá.

The Vagabonds: Clima CarmesimOnde histórias criam vida. Descubra agora