E mais uma vez estou me sentindo como nada alem de um monte de merda, sentada na rodoviária de Ribeirão Preto a espera do ônibus que me levaria para longe daquele lugar, das lembranças das dores e acusações.
Coloco a mão no rosto sentindo o tapa que levei da minha mãe, se é que posso chama-la de mãe ainda. Como em toda sexta feira Lucio chegou em casa e nem se preocupou em almoçar seu bafo de cerveja e cigarro estavam mas forte do que o habitual, já estava ficando cheia disso, aprendi a simular meus sentimentos já que quando completei quinze anos ele me disse que não queria transar com uma boneca. E sim com uma mulher. Que eu precisava me mexer, se continuasse quieta e impassível seria mais fácil me matar e depois me foder.
Muitas vezes quis contar tudo, quis denunciar, mais algo dentro de mim me dizia que dona Flávia minha mãe jamais iria acreditar em mim. Se um copo quebrasse naquela casa eu era a culpada. Deveria ter percebido mais cedo que minha mãe estava se embriagando também. Quando os dois bebiam eu inventava um trabalho escolar para fazer na casa de alguma colega. Mal sabiam eles que não havia mais amigo nenhum.
Com os anos fui me afastando de tudo e todos, era doloroso ouvir como minhas amigas estavam felizes com o primeiro amor ou primeira paquera, e eu não conseguia me aproximar de ninguém, a única coisa que era capaz de fazer era me afastar.
-Ei, moça a senhora vai neste ônibus? - Um homem de meia idade com um uniforme de motorista me perguntou me fazendo dar um pulo de susto.
-Vou sim, obrigada por me avisar.
Entreguei meu bilhete de embarque e o RG ao motorista e subi no ônibus, avistei o meu lugar no fundo do mesmo e dei graças a Deus por ele estar quase vazio.
Enquanto olhava aquela paisagem rural, as árvores as plantações de cana de açúcar, milho e entre outros senti um aperto no peito. Lembrei de quando viajava com meu pai costumávamos a contar quantos carros vermelhos víamos na estrada para passar o tempo. Mais graças a mim ele não esta aqui para contar comigo.
Pisquei com força para espantar as lágrimas que queimavam meus olhos. E resolvi pensar em outra coisa. Minha mente vagou até a tarde de hoje, quando minha mãe chegou em casa e pegou Lúcio em meu quarto.
Não me deu nem chance de tentar me explicar. Me chamou de vagabunda traíra, pilantra e mau caráter. Me xingou de outras coisas, mais estava ocupada demais tentando me proteger de sua fúria para prestar atenção em sua ofensas. Enquanto ela me batia Lucio gritava dizendo que eu o seduzi, que o desejo foi mais forte do que o bom senso.
Aquilo tudo me enojava, corri para o banheiro e me tranquei lá, Lipinho estava para chegar mais eu não poderia ficar mais naquela casa.Quando notei que a casa estava silenciosa demais sai de fininho e me tranquei no meu quarto, encontrei uma mochila e coloquei minhas poucas roupas que havia comprado nestes quatro anos olhando o Felipe no horário da tarde quando ele chegava da escola. Olhei pela janela para o fundo do quintal e vi a mulher que agora me recuso a chamar de mãe preparar uma fogueira, visivelmente embriagada, gritando que não me queria mais ali, e que iria queimar tudo o que era meu.
Foi ai que tomei coragem. Peguei uma sacolinha escondida de baixo do piso solto no canto do meu quarto com toda econômica que fiz a mochila com minhas poucas roupas. Fiz uma conta rápida e imaginei que teria uns R$ 2.500 reais guardados. Passei na cozinha peguei algumas coisas para comer e soquei na mochila.
Mais ainda faltava alguma coisa, o cheiro de queimado do quintal estava entrando para dentro de casa, fui ao quarto dela e peguei algumas das peças de roupa que mais gostava. Um vestido azul marinho, uma saia jeans algumas blusinhas e uma jaqueta preta que tanto gostava. Soquei tudo em outra mochila e sai pela porta da frente agradecendo por usar o mesmo manequim que aquela mulher.***
Bom amigos leitores. Não aguentei esperar até segunda feira.
Capitulo novo e fresquinho para vcs.
Me digam o que acharam ansiosa para saber.Como alguns já sabem fiz uma votação no facebook para escolhermos a capa ideal para a história, então quem poder ajudar na votação eu agradeço desde já.
Quem quiser pode participar do meu grupo no face Romances de Kah Martins. Lá poderemos trocar idéias e conversar melhor.
❤
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Diários secretos
RomanceOBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - PLÁGIO É CRIME! Beatriz não sabe o que significa amar, ou ser amada. Não sabe o que é uma família, depois de uma grave acusação é expulsa de casa e não sabe para aonde ir. Aos...